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sábado, 24 de maio de 2025


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Deputados relatam preocupação com a saúde do município

Yuri Moura e Talíria Petrone vieram a Petrópolis visitar o Cefet/RJ e GAAPE, assim como fiscalizar a execução de recursos enviados ao Hospital Alcides Carneiro

Foto: Divulgação
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Mariana Machado - estagiária

A deputada federal Talíria Petrone, e o deputado estadual Yuri Moura, ambos do PSOL, vieram a Petrópolis fiscalizar a execução de recursos enviados ao Hospital Alcides Carneiro, GAAPE (Grupo Amigos do Autista de Petrópolis), e realizar visita ao Cefet/RJ.

Nessa quinta-feira (22), os deputados visitaram o Cefet/RJ, disponibilizando um espaço de trocas sobre temas como saúde, educação, segurança pública e combate às desigualdades, e na manhã dessa sexta-feira (23), foram até o GAAPE, que recebeu R$400 mil a partir de uma emenda parlamentar da deputada, e pôde ampliar o atendimento para mais 150 famílias atípicas, crianças com autismo, além de criar um setor de psicologia social para as mães e os pais, “uma coisa que é inovadora na cidade foi graças à emenda dela, ao nosso pedido, que já está lá rodando”, afirma Yuri Moura.

“É emocionante, porque a gente sabe o quanto as famílias atípicas batalham para poder garantir o cuidado dessas crianças, então, garantir o atendimento a, pelo menos, 150 famílias, e que essas mães e pais que dedicam sua vida ao cuidado possam também ter a sua saúde mental cuidada”, relata a deputada.

Na visita ao GAAPE, a deputada afirma, no entanto, que três temas foram levantados pelas famílias, e que ela pretende levar para articulação com o Governo Federal. “Além dos recursos que nos comprometemos em renovar, queremos garantir algum avanço nas políticas públicas para autistas adultos; garantir a inclusão dentro da farmácia popular de alguns medicamentos que hoje parecem que não estão previstos; e em relação às filas de espera na saúde. Esse é um problema nacional, inclusive”, afirma.

Comentaram também quanto à desapropriação da Casa da Morte, onde a deputada colocará recursos para transformá-la no Centro de Memória, Verdade e Justiça, trazendo pesquisadores e comprando mobiliário. “Nosso mandato tem priorizado muito direcionar recursos para o interior do Estado, e Petrópolis é um local que a gente sempre investiu muito, e vamos seguir investindo porque entendemos que é um município que tem uma importância muito grande para o desenvolvimento de todo o Estado”, ressaltou a deputada Talíria Petrone.

Os deputados ainda visitaram o Hospital Alcides Carneiro, que recebeu mais de 3 milhões de reais a partir de emendas de Talíria. “Investir no único hospital público do município que garante o fortalecimento da maternidade e no GAAPE pelo cuidado com as famílias atípicas, e em especial com as mães. A gente investiu em Petrópolis um montante de 5 milhões de reais e estamos fiscalizando a execução desse recurso”, garante a deputada.

Eles ressaltam que a principal preocupação deles quanto a Petrópolis é a saúde e a política do cuidado, pautas fortes no mandato de Talíria e Yuri. Ambos afirmam que a principal preocupação é quanto à saúde.

“Preocupação com a fila de espera, que é algo que eu tenho falado há muito tempo. A fila não diminui porque nenhum governo fez uma política de expansão do atendimento. Então tudo isso faz com que as UPAs, o Hospital Alcides Carneiro, o Santa Teresa, que teve o convênio renovado, fiquem muito sobrecarregados. E foi o que eu vi no Hospital Municipal Dr. Nelson de Sá Earp. Mesmo com a vinda de recursos por parte da Talíria e de outros parlamentares, ainda está muito sobrecarregada”, explica Yuri Moura.

“Eu acho que cuidar da saúde é cuidar de uma cidade inteira. Hoje essa questão das filas é um problema de muitos outros municípios, que se potencializou muito durante a pandemia. O Governo Federal anunciou um programa reconhecendo esse diagnóstico de uma demora muito grande do acesso à atenção especializada, e hoje essa é uma prioridade do Governo Federal, então a gente está se somando a ele para incidir nessa diminuição das filas, e sem dúvida a gente vai olhar com muito cuidado para Petrópolis para que esse programa chegue com muita força”, afirma a deputada federal.

Diário de Petrópolis: O que é a Política do Cuidado?

Talíria Petrone: Esse é um tema superimportante. Todo mundo precisa de cuidado em algum momento da vida. O cuidado é uma necessidade para a sobrevivência humana, e também um direito, que precisa ser incorporado no âmbito das políticas públicas. O Estado precisa se responsabilizar, garantir esse cuidado e não responsabilizar apenas as famílias, em especial as mulheres. Então, foi aprovada a Política Nacional de Cuidados em Brasília, no Congresso Nacional, enviada pelo governo Lula, e agora a gente está avançando no Plano Nacional de Cuidados, que é a execução dessas políticas.

Tem uma política que eu considero muito importante, que são as “cuidotecas”, que são espaços de cuidado e acolhimento para as crianças, em especial no contraturno, para que as mães possam estudar ou trabalhar, sabendo que os seus filhos vão estar cuidados. A gente quer trazer uma cuidoteca para a Petrópolis também. A gente inaugurou a primeira cuidoteca do Brasil na Universidade Federal Fluminense, em Niterói.

DP: Saiu um estudo da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil que mostra que 100% dos desastres de Petrópolis, de 1991 até 2024, foram hidrológicos. Os senhores têm projetos de prevenção às tragédias?

Yuri Moura: Aqui em Petrópolis eu sou autor da Lei dos Núcleos de Defesa Civil Comunitárias, lei da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, e que aqui em Petrópolis precisava de uma regulamentação. Então, quando eu era vereador, regulamentei essa lei. E a partir disso a gente tem feito um trabalho de educação ambiental e redução de risco nas comunidades. A Talíria também aprovou uma emenda parlamentar para poder construir planos comunitários de redução de riscos.

A gente vai criar um curso de formação para fazer estudos nas comunidades, não só de Petrópolis, mas da Região Serrana, para construir esses planos de redução de risco local. Os NUDECs já tem essa perspectiva de ter rota de fuga, protocolo, sistema de alerta e alarme alternativo, mas a gente percebe que não são todas as comunidades ainda que são atendidas. Então, a ideia conjunta nossa é, com a formação desses planos, desenvolver mais as comunidades nesse processo de adaptação climática e de redução de risco. Acho que no segundo semestre a gente vai abrir as inscrições e captar agentes comunitários para poder fazer essa formação e elaborar os planos comunitários.

TP: A emergência climática é uma realidade. Cada vez mais os eventos extremos são mais intensos e frequentes. E a consequência disso se dá, em especial, nas cidades que têm essa configuração geológica, e um histórico de descaso com políticas de moradia, de urbanização, como Petrópolis. Então, além de buscar esses investimentos para a cidade, a gente também precisa olhar como mudar estruturalmente essa realidade.

Não dá para esperar o futuro para cuidar dessas cidades para que elas estejam prontas para as mudanças climáticas. Eu coordeno um grupo de trabalho em Brasília, que é o GT Clima, dentro de uma frente parlamentar ambientalista. A gente tem rodado o Brasil entendendo essas realidades para a produção também de políticas públicas para avançar. O cuidado com a natureza, que é o cuidado com as pessoas.

DP: Como o Projeto de Lei (PL) 2.159/2021, que altera as regras do licenciamento ambiental no país, apelidado de “PL da Devastação”, pode afetar Petrópolis?

TP: Esse projeto é muito grave, talvez o maior ataque à legislação ambiental brasileira. Ele já tinha sido aprovado na Câmara na legislatura passada, foi para o Senado, estava parado e infelizmente foi piorado, e volta para a Câmara para ser votado. Ele permite simplesmente que grandes empreendimentos possam obter licença a partir dos seus próprios empreendedores. É a chamada “Licença de adesão e compromisso”. Se aprovado na Câmara, esses empreendimentos passam a poder iniciar a obra a partir de uma auto licença e não a partir da licença depois da consulta aos órgãos ambientais. Esse é o coração do projeto e que, sem dúvida, pode ter impactos aqui, que é uma grande área de proteção.

Tem outro aspecto que piorou no Senado. Povos quilombolas, indígenas, não titulados, deixam de ser considerados para fim de consideração dos impactos ambientais. Quando você olha a realidade do Brasil, a maior parte desses territórios estão lutando para sua regularização.

YM: Trazendo para a região, nós temos, pelo menos, três comunidades quilombolas muito próximas de Petrópolis. O Quilombo de Tapera, no Vale da Boa Esperança em Itaipava; o quilombo Boa Esperança, em Areal, que, inclusive, tem uma terra muito grande e que, vira e mexe, tem uma tentativa de interferência de produção rural; e o Maria Conga, em Magé. Então, esses três, por si só, já estariam vulneráveis.

Petrópolis é a capital estadual das unidades de conservação, com a lei de minha autoria. Aqui temos o Parnaso, o Tinguá, várias reservas particulares do patrimônio natural, unidades de conservação, e essas unidades também estarão vulneráveis com essa política do autolicenciamento, junto das comunidades quilombolas e de muitas áreas de preservação.

Para piorar, Petrópolis está sem plano diretor, que expirou em abril de 2024. Quando faz a liberação do auto licenciamento e deixa vulneráveis cidades como a nossa, é óbvio que isso vai interferir, facilitar o tensionamento para o licenciamento urbano que traz devastação, ocupação irregular, especulação imobiliária, problemas com recursos e contribui para a tragédia, que é o final do problema.

TP: “Eu vou reforçar meu compromisso com Petrópolis e seguir em Brasília representando todo o Estado do Rio de Janeiro, mas também representando as demandas, as vozes da população petropolitana, cuidando do interior do Estado, que é onde muitas vezes o dinheiro chega depois, o político chega depois, mas onde as desigualdades se agravam justamente por essa ausência, que a gente quer seguir enfrentando”, conclui a deputada.

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