Diretores do CRF/RJ cobram o reajuste do piso ao Governo do Estado
Larissa Martins
O Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF/RJ) está mobilizando a categoria a pressionar os deputados e o Governador Cláudio Castro a reajustar o piso salarial dos farmacêuticos, que está congelado desde 2019. Recentemente, os diretores enviaram um ofício ao Governo do Estado solicitando a demanda da categoria, pontuando a preocupação com a defasagem salarial.
De acordo com Dr. Camilo Carvalho, Presidente do CRF/RJ, atualmente, cerca de 400 farmacêuticos em Petrópolis, que atuam em sua maioria em farmácias comerciais, estão enfrentando a desvalorização salarial, além dos profissionais em todo o Estado.
“Rotineiramente, recebemos relatos de profissionais que ainda estão recebendo o mesmo salário há seis anos. O último reajuste aconteceu em março de 2019, quando foi publicada a Lei Estadual 8315/2019, que definiu o piso salarial para os farmacêuticos no Estado. Desde então, o piso sofreu uma desvalorização de 39,43% (IPCA acumulado no período). Não houve mais publicação de uma lei ou celebração de uma Convenção Coletiva de Trabalho entre o Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Rio de Janeiro (SINFAERJ) e os sindicatos patronais. A exceção foram os farmacêuticos do varejo da cidade do Rio de Janeiro, que, após um pedido do CRF/RJ, tiveram o piso reajustado em 2023 por meio de um acordo mediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). No entanto, desde então, não houve mais alteração. O reajuste ideal seria a reposição pelo índice de inflação acumulado (INPC) no período, que foi de 39,43%”, explica a situação.
Encontro com deputados
Ainda de acordo com ele, representantes do CRF estiveram na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para debater o tema.
“Os deputados se mostraram sensíveis à demanda da categoria. No entanto, estabelecer a nível estadual um piso salarial para uma categoria é uma prerrogativa do governador. Encaminhamos um ofício esta semana e ainda estamos aguardando uma resposta do governador”, acrescenta.
Mudança de profissão
Enquanto aguardam por uma resposta, muitos profissionais decepcionados com o mercado de trabalho, migram para outros setores em busca de uma renda extra.
“Os farmacêuticos são profissionais que passam mais de 5 anos na graduação em um curso considerado bastante exigente. Mais de 60% dos nossos profissionais possuem pelo menos uma pós-graduação. Contudo, ao ingressarem no mercado de trabalho, deparam-se com salários muito abaixo da sua qualificação e da complexidade do trabalho que desempenham. Isso tem levado muitos colegas a deixar a profissão ou a acumular outras funções para complementar a renda. Outras profissões têm conseguido conquistas importantes em relação à valorização salarial, como os enfermeiros, que estabeleceram um piso nacional. Além disso, várias categorias têm obtido reajustes por meio de negociações entre os sindicatos. Um ponto que nos chama atenção é que, em 2019, o farmacêutico recebia um piso equivalente a 3 salários-mínimos. Hoje, esse valor equivale a 2 salários-mínimos, demonstrando o quanto o salário dos farmacêuticos no estado não acompanhou a evolução salarial no país”, ressalta Dr. Camilo.
Com a desvalorização, a qualidade dos serviços prestados à população pode ser afetada.
“Periodicamente, novas resoluções e normas são publicadas, e os profissionais precisam se atualizar constantemente. Um exemplo disso é a resolução da Anvisa, publicada em 2023, que autorizou a oferta de diversos exames de análises clínicas em farmácias, o que exige que os profissionais se atualizem e se capacitem. Com a baixa remuneração, os profissionais podem se sentir desmotivados a continuar se atualizando e, até mesmo pela sobrecarga de trabalho, não conseguem encontrar tempo para a capacitação,” lamenta o diretor.
Nota
O Diário solicitou um posicionamento do Governo do Estado, mas não foi respondido até o fechamento dessa edição.
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