Com cada vez mais pessoas buscando substituições, especialista alerta para os cuidados na hora de trocar o leite tradicional por versões vegetais
Em 1º de junho é celebrado o Dia Mundial do Leite, uma data que reforça a importância nutricional desse alimento tão presente na rotina dos brasileiros. Mas, diante de mudanças alimentares, questões de saúde e novos hábitos de consumo, aumenta o número de pessoas que buscam alternativas ao leite de vaca. Um reflexo disso é o avanço do mercado de bebidas vegetais, que cresce cerca de 40% ao ano no Brasil.
Segundo a nutricionista e docente da Estácio, Lilian Assis, a principal razão para a substituição ainda é médica.
“O motivo mais comum para buscar alternativas ao leite de vaca é a alergia à proteína do leite”. Ela explica que, nesses casos, é fundamental eliminar completamente qualquer traço do alimento. Já em quadros de intolerância à lactose, o consumo de leite com baixa lactose ou bebidas vegetais pode ser suficiente. Ainda entram nesse grupo os veganos e vegetarianos estritos, que não consomem produtos de origem animal.
“Apenas os alérgicos à proteína do leite realmente precisam evitar o alimento por completo. Para a população em geral, o leite continua sendo uma importante fonte de proteínas, cálcio e vitamina D”, informou Lilian.
Mercado em crescimento
A demanda por substitutos vegetais ao leite tem impulsionado um setor em plena expansão. Segundo estudo publicado na Revista Indústria de Laticínios, o mercado de bebidas vegetais no Brasil cresce cerca de 40% ao ano desde 2018, e já conta com mais de 200 produtos disponíveis, com destaque para as versões à base de soja, arroz, amêndoas, coco, castanha de caju e aveia.
Ainda conforme estudo publicado em 2022 pelo IBOPE, em 2018, cerca de 14% dos brasileiros se declararam vegetarianos. Isso ajuda a explicar o interesse crescente por bebidas vegetais, que agora também incluem versões de iogurtes, queijos e manteigas, embora as bebidas ainda liderem a categoria com folga.
As opções mais populares entre os leites vegetais são produzidas a partir de soja, aveia, amêndoas, castanhas e arroz. Também existem produtos de origem animal, como o leite de cabra e o leite de búfala, que podem ser boas alternativas dependendo do caso.
“É importante observar se essas bebidas têm adição de nutrientes como proteína, vitamina D e cálcio, para que sejam de fato substitutas adequadas ao leite de vaca. Isso porque, do ponto de vista nutricional, a maioria dos leites vegetais não contém naturalmente os mesmos teores desses nutrientes”, explica a nutricionista.
Entre as opções vegetais, o leite de soja ainda é o que mais se assemelha no teor de proteínas, “mas ainda precisa ser fortificado com cálcio, pois originalmente o leite de vaca tem 10 vezes mais cálcio que a soja, por isso, a fortificação é fundamental para que sejam considerados substitutos adequados”, destaca Lilian.
Substituição exige atenção individual
Trocar o leite de vaca por uma versão vegetal requer atenção à alimentação como um todo. “No caso de alergia ou veganismo, os leites vegetais podem ser incluídos, mas é preciso analisar o consumo diário total de proteínas e cálcio, incluindo em todos alimentos ingeridos para garantir a adequação de proteínas e cálcio”, alerta Lilian. Quando isso não é possível apenas com a alimentação, a suplementação pode ser necessária, sempre com orientação profissional.
lém disso, a especialista recomenda atenção aos rótulos dos produtos: “Devemos evitar bebidas com adição de açúcar, amido, conservantes ou corantes. Já a fortificação com cálcio e vitamina D é um ponto positivo”.
A introdução dos leites vegetais em crianças deve ser cuidadosamente avaliada. “No caso de alergia ou veganismo eles podem ser consumidos, mas é preciso analisar as necessidades e adequar a alimentação da criança para que não faltem proteínas, cálcio e vitamina D, importantes para o crescimento e desenvolvimento”, orienta Lilian.
Para os idosos, que frequentemente apresentam intolerância à lactose, os leites vegetais fortificados ou o leite de vaca com baixa lactose são boas alternativas. Já as gestantes devem ter atenção especial à ingestão de cálcio, nutriente importante para prevenir complicações como a pré-eclâmpsia.
As bebidas vegetais podem ser usadas no café, em vitaminas ou receitas diversas, mas nem sempre o resultado será idêntico ao obtido com leite de vaca. “Às vezes é preciso adaptar a consistência ou a quantidade de outros ingredientes, porque o teor de gordura pode ser diferente”, ressalta Lilian Assis.
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