“Continuaremos lutando para garantir que os direitos de todos sejam respeitados e que cada pessoa, independentemente de sua condição, tenha a chance de brilhar e viver plenamente”, diz a fundadora do Instituto Alliance
Mariana Machado estagiária
Nesta quarta-feira (02), foi celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. O transtorno do espectro autista (TEA) se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva.
O TEA começa na infância e tende a persistir na adolescência e na idade adulta. Na maioria dos casos, as condições são aparentes durante os primeiros cinco anos de vida. Embora algumas pessoas com transtorno do espectro autista possam viver de forma independente, outras têm graves incapacidades e necessitam de cuidados e apoio ao longo da vida.
Segundo Vânia Cristina, fundadora do Instituto Alliance, uma associação de assistência para pessoas com deficiências e em vulnerabilidade social, “Para muitas famílias, o diagnóstico do autismo é um ponto de virada. É um momento de angústia, de questionamentos e, muitas vezes, de uma longa jornada em busca de respostas e soluções. Porém, apesar das dificuldades, essas famílias se tornam verdadeiros exemplos de resiliência, amor incondicional e dedicação. Elas lutam para garantir os direitos e o bem-estar de seus filhos, para promover a inclusão nas escolas, no mercado de trabalho e na sociedade como um todo”.
Segundo a psicóloga Cerinéa Gonçalves, “os pais frequentemente são os primeiros a identificar os sinais de alerta do autismo, pois conhecem seus filhos melhor do que ninguém. A chave é se educar para compreender o que é normal no desenvolvimento e o que não é. É fundamental monitorar o desenvolvimento do seu filho, prestando atenção aos marcos sociais, emocionais e cognitivos. Isso ajuda a identificar problemas de forma precoce, o que pode ser essencial para um diagnóstico e intervenção adequados. É importante lembrar que cada criança se desenvolve a seu próprio ritmo, e por isso não é necessário se preocupar se seu filho está um pouco atrasado para falar ou andar”.
Os principais sinais do espectro autista são: Dificuldade na fala e na linguagem, como dificuldade em comunicar necessidades ou desejos; Dificuldade de comunicação não verbal, evitar o contato visual, por exemplo; Posturas anormais e movimentos, como movimentos desajeitados ou formas incomuns de se mover, como caminhar apenas na ponta dos pés; e Dificuldades sociais, desinteressado ou inconsciente em relação às outras pessoas ou ao que está acontecendo ao seu redor.
“É importante que os pais, cuidadores e profissionais de saúde estejam atentos a esses sinais, e ao menor sinal de preocupação, buscar orientação especializada. O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são essenciais para garantir que a criança tenha o suporte necessário para desenvolver todo o seu potencial”, reforça Cerinéa Gonçalves.
Em 2012, a Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012) passou a garantir a inclusão de pessoas com transtorno do espectro autista no rol de pessoas com deficiência. Essa lei assegura uma série de direitos, como o acesso à educação, à saúde e ao atendimento especializado, e reconhece a necessidade de tratamentos e terapias multidisciplinares.
Além disso, em 2018, a Lei de Acessibilidade (Lei nº 13.146/2015) garante que pessoas com autismo tenham acesso a todos os espaços e serviços públicos e privados, reforçando a inclusão social. Porém, a implantação dessas leis ainda enfrenta desafios.
“A falta de conhecimento sobre o espectro autista por parte de profissionais da educação, saúde e da sociedade em geral continua sendo um obstáculo significativo. A inclusão escolar, por exemplo, muitas vezes esbarra na falta de capacitação de educadores e na ausência de estruturas adaptadas para receber as necessidades de crianças com autismo”, diz a fundadora.
“Além disso, muitas famílias ainda enfrentam a exclusão social e o preconceito, o que pode gerar situações de isolamento. A falta de recursos financeiros e de apoio psicológico adequado também é uma realidade para muitas dessas famílias, que muitas vezes precisam lutar para garantir tratamentos que são essenciais para o desenvolvimento das pessoas com autismo”, completa.
Entretanto, Vânia Cristina ressalta que, apesar das adversidades, cada conquista é uma grande vitória. “Famílias têm sido protagonistas de mudanças e têm mostrado ao mundo que, com apoio, compreensão e respeito, todos têm potencial para alcançar seus sonhos”.
“Hoje, mais do que nunca, é essencial que a sociedade se una em torno da causa do autismo. Para as famílias que estão enfrentando dificuldades, para os profissionais que lutam para fornecer um atendimento de qualidade e para as pessoas com autismo, nossa mensagem é de esperança, força e amor. Continuaremos lutando para garantir que os direitos de todos sejam respeitados e que cada pessoa, independentemente de sua condição, tenha a chance de brilhar e viver plenamente”, conclui a fundadora do Instituto Alliance.
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