Doenças como raiva, leishmaniose e toxoplasmose podem ser transmitidas de animais para humanos; o acompanhamento veterinário é fundamental para evitar riscos à saúde pública
Emanuelle Loli - estagiária
Neste domingo, 6 de julho, é celebrado o Dia Mundial das Zoonoses. A data tem como objetivo conscientizar sobre as doenças que podem ser transmitidas entre animais e seres humanos. A professora em medicina veterinária da Estácio de Sá e doutora em saúde pública e meio ambiente pela ENSP/FIOCRUZ, Cassia Regina Alves Pereira destaca a importância de conhecer as principais zoonoses , suas transmissões, sintomas e prevenção.
“Os animais domésticos de companhia (cães e gatos) podem ser importantes transmissores de zoonoses para o homem. A Zoonose é definida como uma enfermidade que pode ser transmitida do animal para o homem por diferentes vias de transmissão (água e alimentos contaminados, por mosquitos, carrapatos, pelo contato com as excretas desses animais, dentre outras)”, explica Cassia.
Segundo ela, as principais doenças com potencial zoonótico para os seres humanos incluem a raiva, esporotricose, leishmaniose, toxoplasmose, leptospirose e sarna. Abaixo, ela explica como se dão essas doenças além de formas de prevenção e combate.
Raiva
A raiva é uma doença transmitida por meio de ferimentos provocados pela mordida de animais infectados, como cães, gatos ou morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue), os quais introduzem o vírus presente em sua saliva no organismo da vítima. O vírus se propaga até o sistema nervoso central causando transtornos como: excitação, agressividade, excesso de salivação, paralisia e evolui para o óbito, tanto em humanos como animais.
Sua principal medida preventiva é a vacinação de animais domésticos e o controle da presença do morcego hematófago através da vedação de forros, sótãos, podas de árvores, além de evitar a formação de colônias em locais abandonados.
Esporotricose
A esporotricose é uma doença causada por um fungo que vive no ambiente, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição, por isso, também é conhecida por “doença dos jardineiros”. Na esporotricose felina, os gatos podem carregar o fungo nas unhas, e o transmitem em brigas ou ao arranharem. As lesões aparecem principalmente na face e membros, com úlceras e infecções secundárias. Os humanos se infectam pelos arranhões de gatos infectados ou ao manipular esses animais sem luvas. O tratamento é longo devido à resistência do fungo. A prevenção inclui evitar o contato dos gatos com madeira contaminada, castrar para reduzir a circulação e usar luvas ao cuidar de gatos com lesões suspeitas.
Leishmaniose
A leishmaniose é uma doença causada por um protozoário presente em zonas tropicais, transmitida pela picada de mosquitos que se infectam ao sugar sangue de animais que são hospedeiros. A doença pode aparecer na pele, com úlceras indolores, ou podendo ser mais grave e atingindo alguns órgãos e apresentando febre, aumento do baço e fígado, anemia e escurecimento da pele. Sem tratamento, há grande risco de morte. A prevenção inclui evitar áreas endêmicas, usar repelentes, proteger cães com coleiras repelentes e preservar as reservas naturais.
Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma doença causada por um protozoário, com felinos como hospedeiros definitivos, neles a doença é assintomática. No ser humano ela pode se apresentar de três formas: adquirida, ocular e congênita da doença.
A forma adquirida geralmente é leve, com febre e cansaço, mas pode ser grave em imunodeprimidos, causando sintomas neurológicos.
A forma ocular provoca perda progressiva da visão.
A forma congênita pode causar sérios danos ao feto, principalmente se a infecção ocorrer no primeiro trimestre.
A prevenção envolve evitar que os gatos comam carne crua e cuidados ao manipular fezes de felinos, especialmente para gestantes e imunodeprimidos, usando luvas para descarte seguro dos dejetos.
Leptrospirose
A leptospirose é uma enfermidade causada pela bactéria Leptospira as quais são eliminadas do organismo do animal contaminado pela urina. Diversos animais domésticos, incluindo cães e gatos, quando contaminados, eliminam a bactéria, porém os ratos possuem papel mais importante na contaminação ambiental já que são assintomáticos. Se manifesta em humanos e animais com sintomas de febre, mialgia, náuseas, vômitos que
podem evoluir para complicações mais graves com icterícia, disfunção renal, neurológica, miocardite e hemorragias que levam ao óbito.
A prevenção inclui o combate aos roedores, a vacinação de cães e gatos, além de medidas de higiene e saneamento, evitando locais úmidos que venham a conter urina de roedores.
Sarna
A sarna zoonótica é causada por ácaros dos gêneros Sarcoptes e Notoedres. Em humanos, os sintomas da sarna variam conforme a origem do ácaro: a variedade humana (sarna homóloga) ou as variedades de origem animal (sarna zoonótica).
Geralmente, a sarna zoonótica se manifesta por vesículas com coceira intensa, sem formação de galerias, afetando áreas expostas como membros, cotovelos e rosto. A doença costuma evoluir para cura espontânea, mas pode se tornar oportunista em pessoas imunocomprometidas ou com outras doenças.
Conclusão
Cássia explica que “em todos os casos mencionados acima é fundamental que cães e gatos estejam sendo acompanhados periodicamente por um Médico Veterinário para que sejam efetuadas as medidas profiláticas e os tratamentos clínicos o mais precoce possível quando do aparecimento de sintomas”, conclui.
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