Cesar Manuel Granda e Ana Luíza Fernandes / Divulgação
Um dentista e uma dona de casa, uma auxiliar de serviços gerais, um juiz federal e uma advogada. Pessoas com histórias distintas, mas que se unem por um aspecto: todos eles fazem parte do "Família Acolhedora" em Petrópolis. Esse serviço visa oferecer acolhimento temporário para crianças e adolescentes que precisam ficar afastados da família natural em função de algum risco (provocado por situações de negligência, violência ou abandono, por exemplo). Este sábado (31/05) é o Dia Mundial do Acolhimento Familiar, uma data para ressaltar a importância desse ato.
"O que o Família Acolhedora faz é um dos pilares da nossa atuação: cuidar de quem mais precisa. As crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade precisam de toda atenção para o seu desenvolvimento, e esse serviço vem para permitir que eles encontrem o melhor ambiente para que isso seja efetivado, que é ambiente familiar", destaca o prefeito Hingo Hammes.
"O Família Acolhedora é uma política pública de assistência social e é responsável por organizar e acompanhar o acolhimento temporário de crianças e adolescentes em residências de famílias acolhedoras. Quando uma criança ou adolescente precisa ser afastado da sua família de origem, por alguma questão de negligência ou violência, ao invés de ser encaminhado para um abrigo ou para uma instituição, ele deve preferencialmente ser encaminhado para um acolhimento familiar", explica a coordenadora do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora, Paula Melo.
A chegada de cada família para o serviço de acolhimento se deu de uma forma diferente. Um dos primeiros casais a integrar o Família Acolhedora é formado pela dona de casa Suzana Antunes e o dentista Henrique Antunes.
Suzana conheceu o serviço pelas redes sociais. Um tempo depois, ela e o marido estavam em um evento da igreja que frequentam e o Família Acolhedora foi apresentado. Henrique foi impactado de imediato e perguntou para a esposa se ela já tinha ouvido falar. Quando soube que sim, sobraram poucas dúvidas: logo eles procuraram saber como poderiam fazer parte da iniciativa. Eles foram responsável pelo primeiro acolhimento feito na cidade e, recentemente, acolheram um bebê.
"Nos encantamos com a proposta de amar o próximo sem buscar nada em troca. A realidade é essa, no programa você vai demonstrar amor, praticar amor sem querer nada em troca daquela pessoa que você está acolhendo. Isso é o mais importante do programa: simplesmente amar por amar. E foi assim que começamos a participar", afirma Henrique.
"No acolhimento, nós recebemos um filho, e ele é amado e cuidado como nossos outros filhos, mesmo sabendo que ele vai embora. E o mais interessante disso tudo é você desenvolver esse amor sem restrições, mesmo ele sendo temporário", diz Suzana.
Auxiliar de serviços gerais, Graziele Maria da Rocha foi contratada para trabalhar em um abrigo depois da chuva de 2022 e, em seguida, na Casa da Acolhida. Foi lá que ela conheceu uma adolescente e quis saber o que poderia fazer por ela. Uma assistente social falou sobre o Família Acolhedora, e foi assim que ela entrou para o serviço. Depois de todo processo de capacitação e entrevistas preparatórias, ela e o marido tiveram a oportunidade de acolher aquela adolescente que despertou o interesse. Agora, depois que o tempo do acolhimento já passou, Graziele diz que "meu coração está aberto para novo acolhimento" e conta como foi a experiência.
"Desafiador, mas foi apaixonante, muito natural, uma experiência muito boa tanto para mim quanto para a adolescente. Mas eu digo isso: foi muito natural. Onde tem amor, tudo acontece de forma natural", conta.
O juiz federal Cesar Manuel Granda e a advogada Ana Luiza Fernandes conheceram o Família Acolhedora quando ainda namoravam e cursavam Direito. Anos depois, se mudaram para Petrópolis e descobriram que a cidade tinha o serviço, e o sonho de se disponibilizar para promover acolhimento foi retomado. Eles já acolheram dois bebês.
"Esse acolhimento já era algo que a gente tinha pensado desde que a gente era jovem, e a gente conseguiu concretizar. Foi muito bom. O acolhimento familiar é uma possibilidade real de a gente sair de si, amadurecer e fazer algo de bom, é uma oportunidade de fazer algo de positivo para a sociedade", conta Ana Luiza.
"A família precisa entender, e a gente tinha isso muito claro, que a gente vai cuidar daquela criança ou adolescente durante um período específico de tempo, e é sempre desejável que esse tempo seja rápido, porque é uma situação provisória, e que essa criança vai ter o melhor encaminhamento depois, seja o retorno para a família natural ou seja para adoção", comenta Cesar.
"O acolhimento dentro do serviço Família Acolhedora acontece de modo temporário por até 18 meses. Não é uma adoção, essa criança ou adolescente será acolhido até que se defina um caminho para ela. Nesse tempo, todo cuidado é igual ao que outras crianças e adolescentes daquela familia recebem, como saúde, educação, alimentação e todas as demais necessidades. Para se tornar uma Família Acolhedora, quem estiver interessado pode se cadastrar no site da Prefeitura ( www.petropolis.rj.gov.br ) e a equipe responsável fará contato para iniciar todo processo de triagem e capacitação", explica a secretária de Assistência Social, Adriana Kreischer.
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