Pessoas que têm familiares com a doença e pessoas com idade superior a 40 anos devem ficar atentas para a realização dos exames de detecção da doença
Mariana Machado - estagiária
É comemorado nesta segunda-feira (26), o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, a segunda causa de cegueira no Brasil, atrás apenas da catarata. Apesar de não ter cura, o glaucoma pode ser tratado de forma que não evolua para cegueira, por isso, o diagnóstico precoce é essencial.
A evolução da doença é silenciosa, logo, as idas ao oftalmologista devem ser regulares. A especialista Patrícia Pachá, professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis, responsável pelo Serviço de Oftalmologia, explica que a doença afeta o nervo óptico e leva à perda progressiva da visão. De maneira indolor e silenciosa, as lesões passam despercebidas, porém, uma vez estabelecidas, são irreversíveis.
Por isso, a oftalmologista reforça que é fundamental passar por avaliações clínicas regularmente, ao menos uma vez por ano. “Isso permite a verificação de fatores de risco, realização de exames e triagem de casos suspeitos”, completa, sendo esta a melhor forma de prevenção da cegueira causada pelo glaucoma. “A realização regular de exames oftalmológicos e a observação atenta de fatores de risco são fundamentais para a detecção precoce de alterações no nervo óptico e o devido tratamento, evitando, assim, a progressão das lesões”, explica.
A oftalmologista Lana Sayuri ressalta também que, “se há histórico familiar de glaucoma ou de cegueira na família de causa desconhecida, a ida ao oftalmologista se torna ainda mais importante. Exames de rotina devem ser realizados periodicamente, como a medida da pressão ocular, a retinografia, o campo visual e a tomografia de coerência óptica (OCT), juntamente com o seu médico”. Patrícia Pachá acrescenta ainda que “é importante que as pessoas não confundam estes exames com testes de visão oferecidos por óticas, que são feitos por profissionais não médicos e não são relevantes para detectar doenças que potencialmente podem causar a cegueira”.
Com isso, pessoas que têm familiares com glaucoma e pessoas com idade superior a 40 anos devem ficar atentas para a realização dos exames de detecção da doença.”Sabemos que pessoas negras também têm mais chance de ter o glaucoma crônico, assim como aquelas que têm miopia. Além disso, há algumas condições que demandam maior atenção, como pacientes hipertensos e diabéticos, ainda que não exista relação direta entre essas condições e a doença”, aponta Patrícia.
O diagnóstico precoce permite que o paciente tenha acesso ao tratamento adequado, o que vai conter a progressão da doença. “O glaucoma é controlável. Defendemos a implantação de centros de referência, como o que temos no Ambulatório Escola da UNIFASE/FMP, para acompanhar esses pacientes que têm glaucoma. O tratamento existe! O paciente precisa de acompanhamento clínico, como o que fazemos no Ambulatório Escola da UNIFASE/FMP”, explica Patrícia.
A Dra. Lana Sayuri explica que o tratamento do glaucoma ocorre com a redução da pressão intraocular, “ou seja, a pressão que existe dentro dos nossos olhos. Ele pode ser realizado através do uso de colírios, laser ou cirurgia”.
“Esse tratamento é oferecido pelo SUS no Centro de Referência em Glaucoma do Ambulatório Escola da UNIFASE/FMP, que é habilitado pelo Ministério da Saúde. Lá, fazemos todo o atendimento consultas, exames, tratamento e acompanhamento. Os pacientes são encaminhados por meio da Central de Regulação do Município e atendidos por nossas equipes, com professores preceptores e alunos do curso de Medicina, que estão em aprendizado para a melhor formação. Cabe lembrar que, na falência do tratamento clínico, há, ainda, a possibilidade de indicação cirúrgica”, ressalta Patrícia, que é também a coordenadora do Centro de Referência em Glaucoma do Ambulatório Escola da UNIFASE/FMP.
É ressaltado por Patrícia que “a estimativa é que cerca de 61 milhões de pessoas sejam afetadas por glaucoma no mundo, e 30% delas desconhecem que têm a doença. Projeções da Associação Internacional de Prevenção à Cegueira indicam que, até 2040, teremos aproximadamente 111,8 milhões de pessoas com glaucoma em todo o mundo. Por isso é relevante fazer programas visando a identificação da doença e a propagação de informação”.
“O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma é uma data importante para a conscientização de todas as pessoas de que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da doença podem preservar a visão por toda a vida”, conclui Lana.