Setembro Azul é dedicado à luta dos surdos
É comemorado nessa quinta-feira (26) o Dia Nacional do Surdo, que tem por objetivo lembrar a sociedade sobre a importância de incluir deficientes auditivos na vida em sociedade. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), 5% da população brasileira em 2021 era composta por pessoas surdas, o que corresponde a mais de 10 milhões de brasileiros, dos quais 2,7 milhões possuíam surdez profunda, ou seja, não escutam absolutamente nada. Já segundo informações do World Report on Hearing, documento da OMS sobre perda Auditiva em todo o mundo, uma em cada 5 pessoas tem perda auditiva. Se a estimativa for feita em Petrópolis, há cerca de 56 mil pessoas com algum grau de perda.
Para o médico otorrinolaringologista, Denis Rangel, A perda auditiva em longo prazo está associada a isolamento social, demência e até depressão, Justificando a necessidade de reabilitação, independente do grau da perda Auditiva, mas principalmente, naquelas que são muito limitantes na qualidade de vida, Entretanto, para aqueles que dependem do SUS (Sistema Único de Saúde) para obter aparelhos auditivos, Denis conta que Não temos uma política pública na Região Serrana ou na cidade de Petrópolis, que permita que tenha uma reabilitação adequada dos pacientes que não tem condição de pagar.
A Língua Brasileira de Sinais (Libras), utilizada pelos surdos para se comunicar, ainda é uma das grandes dificuldades enfrentadas por essas pessoas. Quando a gente pensa em comunicação é ainda mais difícil [...] o surdo não oralizado tem uma dificuldade muito grande de se comunicar no dia a dia, e fazer coisas simples como ir ao mercado ou até numa consulta médica, muitos dos médicos não conseguem se comunicar por Libras.
Em relação a empregos [...] conseguimos colocar algumas pessoas surdas como PCD (Pessoa com Deficiência), e isso favorece a colocação dessa porcentagem da população no mercado de trabalho, mas ainda é pouco, precisamos principalmente de um estímulo maior, e de estimulo para a reabilitação auditiva para colocar essas pessoas no mercado de trabalho, conta o médico.
Com bebês e crianças, que desenvolvam com o tempo dificuldades auditivas, a atenção por parte dos pais é de suma importância. O médico reforça que crianças com déficits de aprendizado, linguagem ou qualquer dúvida que os pais tenham se seu filho ouve bem, é fundamental ser avaliado por um Otorrino e realizar uma avaliação auditiva adequada. Ou seja, hoje, se a criança passa pela avaliação adequada, esse diagnóstico pode ser feito de forma segura e precisa, independente da idade, disse Denis Rangel.
O médico conta que tem por objetivo conseguir diagnosticar a surdez de forma precoce para que nossos pacientes possam ter a oportunidade de serem tratados e reabilitados da forma mais breve e adequada possível. Quando reabilitamos a perda auditiva de forma precoce em uma criança com perda severa a profunda, ela conseguirá atingir a comunicação oral adequada, especialmente, com acompanhamento fonoaudiólogo e Otorrinolaringológico adequado. E temos vários exemplos de que isso é uma realidade.
Em festivais de música, alguns grandes eventos como o Rock the Mountain e o Rock in Rio, colocam intérpretes no telão ao lado do palco, para que surdos e deficientes auditivos consigam compreender as músicas que estão sendo tocadas. Além disso, como forma de inclusão nas eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) traz intérpretes de Libras na tela da urna eletrônica, usado pela primeira vez nas Eleições de 2022. O objetivo da Justiça Eleitoral é garantir a essa parcela do eleitorado o exercício do direito ao voto e a obtenção de informações. Além disso, o atendimento é prioritário às pessoas com deficiência.
Quando há a perda auditiva congênita (quando a criança nasce com ela) a maior forma de prevenção, segundo o médico, é com os cuidados do pré-natal. Ainda de acordo com o especialista, outro passo é a vacinação: sarampo, caxumba e meningite são alguns exemplos de infecções que podem gerar perda auditiva e podem ser prevenidas com a vacinação. Na perda associada à idade, tratar doenças como hipertensão, diabetes, colesterol alto e evitar o sedentarismo também têm impacto na audição.
O médico conta também que quanto à perda induzida pelo ruído, atentar para os equipamentos de proteção individual. Na nossa cidade e região serrana, temos muitos casos de perda Auditiva induzida pelo ruído associada à indústria de tecelagem/indústria têxtil.
Veja também: