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Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos ressalta perigos da automedicação

“A principal mensagem é: sempre procure a orientação de um profissional da saúde”, diz especialista

Foto: Divulgação
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Mariana Machado - estagiária

Será comemorado, nesta segunda-feira (05), o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, data criada para alertar sobre a importância do uso correto desses produtos, e os perigos à saúde causados pela automedicação, ou seja, consumir medicamentos por conta própria sem prescrição, uma vez que tal ação pode causar dependência, intoxicação e até mesmo a morte.

O Dr. Camilo Carvalho, especialista em farmácia clínica e presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro, explica que a automedicação ocorre quando a pessoa compra um medicamento sem prescrição, utiliza medicamentos que sobraram de tratamentos anteriores, segue indicações de familiares, vizinhos ou amigos, ou, no caso de pessoas em situação de vulnerabilidade social, consomem medicamentos encontrados no lixo ou descartados de forma inadequada.

“Os riscos são diversos. O medicamento escolhido pode não ser adequado para o problema de saúde, mascarar os sintomas e dificultar o diagnóstico correto, agravando a doença. Além disso, pode atrasar o início de um tratamento correto. Podem causar intoxicações e reações adversas. É uma prática que, muitas vezes, compromete a saúde ao invés de ajudar”, alerta.

Segundo o especialista, o impacto do uso incorreto de medicamentos depende do tipo de medicamento, da doença e condição de saúde da pessoa. “Em geral, pode causar intoxicações e sobrecarregar órgãos como o fígado e os rins, responsáveis por metabolizar essas substâncias. Pode também provocar interações medicamentosas indesejadas, aumentando ou reduzindo o efeito de outros tratamentos em andamento”, explica.

“O uso de medicamentos para dormir sem orientação, por exemplo, pode causar dependência. Até mesmo relaxantes musculares podem induzir sonolência, o que representa risco para quem dirige ou opera máquinas. Outro exemplo comum é o uso inadequado de antibióticos para tratar viroses, o que não só é ineficaz, como também contribui para o desenvolvimento da resistência bacteriana, um problema grave global de saúde pública”, completa Dr. Camilo.

De acordo com o farmacêutico, essa resistência bacteriana se dá quando antibióticos são usados de forma inadequada ou desnecessária. “As bactérias podem desenvolver resistência e deixar de responder a tratamentos que antes eram eficazes. Isso é um problema porque infecções comuns podem se tornar difíceis ou até impossíveis de tratar. Temos visto, a cada dia, mais casos de pacientes com infecções bacterianas resistentes a diversos antibióticos, incluindo pessoas que passam meses internadas devido a infecções que não respondem a nenhum tratamento disponível”, explica.

“No Brasil, os medicamentos estão entre as principais causas de intoxicação desde a década de 1990, superando produtos de limpeza e acidentes com animais peçonhentos”, ressalta o especialista. Através de uma pesquisa descritiva e quantitativa, de base populacional, conduzida por farmacêuticos do Conselho Federal de Farmácia, pelo menos 1.255.435 casos de intoxicação foram registrados no Brasil, entre 2012 e 2021. Destes, 596.086 casos de intoxicações foram provocados por medicamentos.

Entre os medicamentos mais consumidos de forma incorreta no país, estão os analgésicos como dipirona e paracetamol, antigripais, anti-inflamatórios e descongestionantes nasais. Os efeitos negativos desses medicamentos, são:

  • Paracetamol, pode causar danos graves ao fígado quando usado em altas doses, podendo levar até à falência hepática. Em casos de dengue, seu uso pode aumentar o risco de hemorragias.
  • Dipirona, se usada repetidamente por quem tem dor crônica, como enxaqueca, pode causar efeito rebote, agravando a dor.
  • Descongestionantes nasais podem causar dependência e aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca, sendo perigosos para pessoas com hipertensão ou doenças cardiovasculares.
  • Anti-inflamatórios, quando usados em excesso, podem provocar problemas gástricos como úlceras e sangramentos, além de afetar a função renal e hepática e aumentar a pressão arterial.

“Esses riscos reforçam a importância da orientação profissional, uso consciente e responsável dos medicamentos” reforça Dr. Camilo.

Com isso, o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos tem um papel essencial de conscientização, diz o especialista, pois alerta a sociedade, as autoridades e os profissionais da saúde para os riscos da prática, e a necessidade de políticas públicas que promovam a educação em saúde e o acesso à informação de qualidade.

“O Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos alerta que nenhum medicamento é totalmente inofensivo. Mesmo os considerados "simples" podem trazer sérias consequências à saúde se usados de forma inadequada. A principal mensagem é: sempre procure a orientação de um profissional da saúde. E o farmacêutico, que é um especialista em medicamentos, está disponível nas farmácias e unidades de saúde para orientar a população de forma segura e confiável”, conclui.

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