Ester Monteiro, jornalista e servidora pública, Chefe do Serviço Senado Verifica, projeto do Senado Federal de combate à desinformação fala de sua passagem pelo Diário
O Diário de Petrópolis completa 70 anos de existência. É uma data para ser celebrada não apenas como marco histórico, mas pelo que o jornal representa para a cidade e para o jornalismo, sobretudo diante de um cenário de transformações.
Quando ainda adolescente passava em frente ao Diário na saída das aulas no Cenip o atual Colégio D.Pedro II sequer podia imaginar que trabalharia anos depois no prédio vizinho, na redação do Diário de Petrópolis; que ali teria importantes lições para a consolidação da minha carreira como jornalista; e que dali sairia para ser assessora de imprensa em Brasília e ocupar cargos de chefia na comunicação do Congresso Nacional, primeiro na Câmara dos Deputados e depois no Senado Federal. Passados quase 40 anos, ao atender o convite do Paulo Antonio para escrever este artigo comemorativo, sinto-me instigada a refletir sobre tantos acontecimentos registrados e sobre as mudanças que ocorreram.
Quem atua no ramo sabe que manter empresas jornalísticas de boa qualidade e economicamente viáveis em cidades do interior é um grande desafio. Crise financeira é só uma das situações possíveis quando as histórias desses veículos são contadas. Crises políticas, concorrência, desinteresse em geral também são elencadas, além de má gestão e falta de visão empresarial. Jornais periódicos impressos são guerreiros desde sempre. A cada avanço tecnológico, um susto; em seguida, aprimoramentos, formas mais eficientes de transmitir as mensagens, transformações que mudam drasticamente a forma de produzir e consumir conteúdos informativos.
Contrariando as expectativas daqueles que apostaram no fim dos impressos após a chegada da internet como aconteceu antes quando rádio e televisão surgiram o Diário de Petrópolis é exemplo de persistência e sucesso. Chega hoje a todo lugar, sabendo compreender que não poderia ficar confinado às páginas impressas que, por muitos anos, os petropolitanos acostumaram a ver estendidas nas bancas de jornal já tão raras nas nossas ruas.
Diariamente, recebo na palma da minha mão notícias sobre Petrópolis pelas redes sociais ou acessando o site. Daqui do Planalto Central fico sabendo de tudo que acontece na cidade. O Diário, portanto, prossegue cumprindo a missão de bem informar, contribui para que a população tenha acesso a informações de seu interesse e a partir delas se posicione e exerça seu direito à liberdade de expressão.
Ao falar desses 70 anos, não posso deixar de destacar a importância do Diário para minha formação, na prática diária e pelo exemplo de profissionais que me ensinaram muito mais do que técnicas para reportar e escrever bem, mas abriram janelas para que eu pudesse compreender melhor os processos político-sociais e, assim, contribuir para a melhoria da sociedade a partir da atuação como jornalista.
Nas matérias do Diário assinadas por Mano Diniz, por exemplo, tomei consciência da ocupação desornada do solo urbano e dos efeitos negativos para o desenvolvimento de Petrópolis, para a preservação do meio ambiente e para a segurança de quem vive nas áreas de risco e entendi o quanto era necessário denunciar e cobrar soluções dos setores públicos. Também conheci, no momento em que o país atravessava a ponte entre a ditadura e a democracia, personagens políticas importantes para a mudança de rumo que se concretizou. Mas, principalmente, reportando o dia-a-dia, as conquistas e os problemas da população, aprendi a reconhecer e respeitar o motor que nos leva à dedicação ao jornalismo: aquele a quem se destina a mensagem, o leitor, o cidadão.
Quero, dessa forma, prestar homenagem aos companheiros de redação e oficina com quem aprendi tanto, em particular ao amigo para a vida toda, mas sempre chefe, Paulo Antonio. E ao velho Carneirão, nunca esquecido.
Vida longa ao Diário!
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