Mauro Peralta - médico e ex-vereador
Em Petrópolis, infelizmente, a cobrança dos eleitores aos eleitos ainda é insuficiente. Em um cenário onde ainda não existe um mecanismo legal que permita a destituição de mandatários que não cumprem suas promessas ou que não fiscalizam o executivo adequadamente, ficamos à mercê da boa vontade dos governantes. O sistema atual tem falhado em garantir que aqueles que não desempenham bem suas funções respondam por isso.
Durante o meu mandato, cobrei de forma constante que a Câmara de Vereadores votasse as contas dos ex-prefeitos Rubens Bomtempo e Bernardo Rossi, as quais foram reprovadas pelo Tribunal de Contas. Cheguei até a recorrer à Justiça com um mandado de segurança, mas infelizmente não obtive sucesso. O que deveria ser uma obrigação da Câmara se tornou um longo processo que ainda não teve desfecho.
Além disso, denunciei o desaparecimento de recursos do fundo de previdência do INPAS, mas até o momento, não obtivemos qualquer esclarecimento sobre quando esse valor, que soma milhões de reais, será restituído. Apresentei à população também o alto custo da COMDEP com a gestão do lixo e com os aluguéis, e a resposta, até agora, ainda está pendente. Vale ressaltar que a dívida da COMDEP e do SEHAC já ultrapassa meio bilhão de reais, uma cifra preocupante que ainda não recebeu a devida atenção.
Outro problema evidente é a ineficiência da CPTrans, que tem falhado na melhoria da mobilidade urbana em nossa cidade. A frota de ônibus é obsoleta, com veículos ultrapassando o limite de idade estabelecido por lei, e até hoje nada foi feito para resolver esse impasse. Enquanto isso, empresas como Enel, Sinal Park e Águas do Imperador continuam prestando serviços de péssima qualidade, com tarifas elevadas e aumentos inesperados, sem a devida fiscalização por parte das autoridades competentes.
Uma questão fundamental que ainda precisa ser resolvida é a auditoria do INPAS. Com o aumento iminente no desconto salarial dos servidores, é urgente que a Prefeitura solicite uma auditoria externa, preferencialmente realizada pelo Governo Federal, para avaliar a saúde financeira do instituto e a aplicação dos recursos. A transparência, além de necessária, é uma exigência legal.
A solução para esses problemas não pode vir apenas dos eleitos. A sociedade civil precisa se mobilizar ativamente. Organizações como o Observatório Civil, Instituto Sivis, ADESG, OAB e outras entidades devem entrar em cena, cobrando ações concretas e garantindo que o Ministério Público atue de forma eficaz. Caso contrário, continuaremos à espera de mais um ciclo eleitoral, torcendo para que, desta vez, os eleitos cumpram suas promessas e façam o que é necessário para o bem da nossa cidade.
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