*Atualização às 13h49 de 02/10
Policiais civis da 106ª DP (Itaipava) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com apoio do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, deflagraram, nesta quinta-feira (02/10), a maior operação contra o tráfico de drogas na Região Serrana. Na segunda fase da "Operação Asfixia", os agentes cumpriram 18 mandados de prisão contra narcotraficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho atuantes, principalmente, em Petrópolis. Até o momento, 12 criminosos foram presos. Ainda segundo a polícia civil, um dos alvos presos exerce cargo de assessor especial da Prefeitura de Petrópolis. "Isso demonstra a infiltração da facção em estruturas institucionais e a utilização de funções públicas para assegurar a manutenção e expansão de suas atividades ilícitas". Questionada, a PMP respondeu: "Diante da gravidade dos fatos, o prefeito determinou a imediata exoneração do assessor".
Além disso, cerca de R$ 700 mil em bens da organização criminosa foram bloqueados, atingindo o patrimônio usado para sustentar as atividades ilícitas. As investigações identificaram 55 envolvidos no esquema, e revelaram que o líder da organização criminosa, seu braço direito e outros comparsas estão escondidos no Parque União, no Complexo da Maré, onde também ocorreram diligências. Eles são responsáveis por coordenar a logística de transporte dos entorpecentes. O material ilícito é transportado da capital para a Região Serrana, sendo redistribuído em diferentes áreas de Itaipava, cada qual sob a responsabilidade de gerentes locais.
De acordo com os agentes, o grupo também exercia o controle territorial e aplicava regras violentas à comunidade, impondo medo e repressão a quem se opunha à facção.
Como funcionava o esquema
A apuração da polícia civil também demonstrou a atuação de um policial militar que recebia pagamentos para repassar informações sigilosas à facção. O assessor da prefeitura comprava GPS que eram repassados para o policial militar, que os colocava nas viaturas da PM de Petrópolis. Desta forma, os traficantes do Parque União tinha total controle sobre onde as viaturas da PM estavam realizando operações em Petrópolis.
O PM também expunha a atuação de outros policiais. As diligências que levaram à captura dele, em sua residência, em Três Rios, contaram com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar:
O Diário de Petrópolis enviou pedido de resposta para a Prefeitura de Petrópolis sobre o mandado direcionado a um assessor. Às 08h09, a PMP respondeu: "A Prefeitura de Petrópolis tomou conhecimento, nesta quarta-feira (01/10), da prisão do assessor da Secretaria de Serviços, em operação realizada pela Polícia Civil (PC). A administração municipal reforça que não tinha conhecimento sobre qualquer atividade ilícita praticada pelo servidor, que atuava na Secretaria há alguns anos, e que segundo a investigação, mantinha uma vida paralela alheia às funções desempenhadas no Executivo. Diante da gravidade dos fatos, o prefeito determinou a imediata exoneração do assessor. A Prefeitura está à disposição das autoridades para colaborar com todas as informações necessárias ao processo".
Mandados
O MPRJ resssaltou que a investigação é um desdobramento do inquérito conduzido pela 106ª DP (Petrópolis). Os mandados, expedidos pela 1ª Vara Criminal de Petrópolis, foram cumpridos nas localidades de Madame Machado, Nogueira (Águas Lindas e Calembe), Secretário e Araras (Santa Luzia, Vista Alegre e Poço dos Peixes), além do Morro da Provisória, em Petrópolis, e na Comunidade da Maré, na capital fluminense.
Nota da Polícia Militar
A polícia militar também se posicionou diante da prisão do PM. Confira a nota na íntegra:
“A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que a 7ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar subordinada à Corregedoria-Geral da Corporação acompanhou o cumprimento de um mandado de prisão contra um policial militar, durante uma ação realizada pela Secretaria de Estado de Polícia Civil. Posteriormente, o referido policial será conduzido à Unidade Prisional da SEPM, localizada na cidade de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O militar responderá a um processo administrativo disciplinar, que avaliará a possibilidade de sua permanência nos quadros da SEPM. O comando da corporação reitera que não compactua com desvios de conduta ou crimes cometidos por seus integrantes, e que atua com rigor na apuração e punição dos envolvidos, sempre que os fatos forem constatados".
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