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Empobrecimento econômico

Mauro Peralta - médico e ex-vereador

Foto: Reprodução
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Na última semana tivemos o desprazer de testemunhar o fechamento do restaurante da Bohemia e da Petiscaria Imperial, ambos no Centro Histórico. Há 25 anos o então prefeito Leandro viabilizou junto à Ambev a reabertura da Cervejaria e, com o Ministério da Educação, a instalação de um Hotel Escola na praça do 14 Bis. Foi um investimento de futuro que acabou se perdendo nas gestões seguintes que não souberam preservá-lo.

Petrópolis sofre há décadas com a falta de mandatários que pensem estrategicamente no amanhã. Nossa população diminuiu, não apenas em razão das tragédias que marcaram a cidade, mas sobretudo pela falta de oportunidades. Os jovens, mesmo após se formarem em nossas inúmeras faculdades, não encontram empregos e são forçados a buscar horizontes em outros lugares.

Nossa pujante indústria têxtil praticamente desapareceu com o fechamento da Dona Isabel, São Pedro de Alcântara, Fagam, Shane, Santa Helena, Aurora, Primatex e tantas outras. O mesmo ocorreu com a indústria de confecção. Basta caminhar pela Rua Teresa e lamentar a morte de malharias tradicionais como Vitória, Águia, PeWeCe, Lima e muitas outras. Também a indústria moveleira e a metalúrgica definharam com o fechamento da Gelli, Dearte, Ferraria Petrópolis, Fundição Petrópolis, Dentsply e diversas outras empresas.

O comércio local, atingido pelo empobrecimento da população e pela queda dos salários, agoniza ainda mais diante da expansão de grandes redes de fora que aqui faturam mas não reinvestem seus lucros. Só no Shopping Bauhaus, no primeiro andar, há nove lojas fechadas. Na Rua do Imperador inúmeros estabelecimentos encerraram suas atividades. O mesmo se repete na Washington Luiz, na Coronel Veiga e no abandono da outrora vibrante Rua Teresa.

O turismo de alta renda, que poderia sustentar parte da economia, também se perdeu. A cidade carece de investimentos em mobilidade, rede hoteleira de qualidade e resorts de alto padrão. É urgente a construção de um centro de convenções moderno, via parceria público-privada, que possa substituir o papel outrora exercido pelo Quitandinha.

A nova subida da Serra é outro retrato do descaso. Prevista para 2006, tudo indica que só será concluída em 2031. O atraso já causou mais de quatro bilhões de reais em prejuízos. Diariamente cerca de dez mil petropolitanos enfrentam a descida para trabalhar, submetidos ao caos e ao descuido da Concer. Os acidentes na via geram um custo social e econômico de mais de quinhentos milhões de reais ao ano, além de danos irreparáveis às vítimas.

A ameaça de perdermos nosso supercomputador sem reposição de outro equipamento aumenta ainda mais a insegurança. Petrópolis deveria apostar na indústria da informática e no turismo como pilares do futuro. Três Rios conseguiu em dez anos aumentar seu PIB em 248% com crescimento industrial expressivo, enquanto nossa cidade ficou estagnada no setor de serviços que além de limitado oferece baixa remuneração.

Outro entrave é a precariedade dos serviços da Enel que precisa ser pressionada a ampliar a carga energética disponível e garantir a viabilidade de novos empreendimentos. Já o prefeito deve dar o exemplo de austeridade, reduzir despesas, cortar secretarias inúteis, demitir secretários ineficientes e principalmente não gastar mais do que arrecada.

É indispensável que, em conjunto com a Firjan, a CDL e demais entidades, se planeje o futuro com políticas públicas de médio e longo prazo voltadas para o desenvolvimento econômico sustentável, o turismo qualificado e parcerias público-privadas eficazes. Petrópolis não pode se conformar com 33% de sua população vivendo de bolsas e auxílios. É preciso devolver a dignidade ao cidadão com oportunidades reais de trabalho e crescimento. Manter as contas públicas equilibradas, cortar desperdícios e permitir a redução de impostos é o único caminho para que a cidade volte a ser grande.

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