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Enchentes em Petrópolis

Mauro Peralta é médico e está vereador

Enchentes em Petrópolis Divulgação / CMP

Na última quinta-feira, dia 25 de abril, tive o privilégio de participar de um importante seminário promovido pelo Comitê Piabanha, uma instituição oficialmente reconhecida pelo governo do estado do Rio de Janeiro através do decreto 38.235, em 2005. Sediado em Petrópolis, o comitê desempenha um papel vital no Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, conforme estabelecido pela lei 3239 de 1999. Com atribuições consultivas, deliberativas e normativas em nível regional, é composto por 36 instituições titulares e 36 suplentes, abrangendo todas as bacias hidrográficas dos afluentes do Rio Piabanha. O debate, realizado em um dos auditórios da Unifase, foi uma resposta urgente ao persistente problema das enchentes em nossa ex-cidade das hortênsias.

Há 170 anos, enfrentamos a recorrência do transbordamento de nossos rios, como o Piabanha e seus afluentes, como o Quitandinha, o Palatinato, entre outros. Por exemplo, o Rio Quitandinha, que corta a Rua Coronel Veiga e a Rua Washington Luiz, transborda em média 11 vezes a cada ano, causando danos significativos. Nos últimos 20 anos, durante as gestões dos esquerdistas Bomtempo e Mustrangi, houve 221 ocorrências de enchentes, sem que tenha sido realizada qualquer obra significativa ou mesmo a elaboração de um plano diretor para abordar o caos resultante do transbordamento dos rios. Apesar desse desafio de longa data, ao longo dos últimos quase dois séculos, somente uma medida significativas foi adotada para eliminar ou mesmo mitigar o transtorno causado pelas enchentes. Essa medida foi o Túnel Extravasador do Palatinato, que direciona o fluxo do rio para o Rio Itamarati, contribuindo para a redução das enchentes na Rua do Imperador quando está em funcionamento.

Embora existam inúmeros projetos em discussão, muitos remontam ao século passado, como os túneis extravasores propostos para a Rua 13 de Maio, que direcionariam o fluxo do Palatinato para o Rio Piabanha próximo à Avenida Barão do Rio Branco, e outro que passaria sob a Rua Nelson de Sá Earp, direcionando o Rio Quitandinha para o Palatinato na Praça da Liberdade. No entanto, esses projetos enfrentam desafios consideráveis, incluindo custos elevados e impactos ambientais significativos, além de transtornos para os residentes e o comércio local, tornando sua realização difícil, apesar dos estudos em andamento pelo INEA.

Durante o seminário, foram apresentadas alternativas que, embora não eliminem completamente as enchentes, podem significativamente reduzir seus impactos a um custo muito menor. Isso inclui a implementação de telhados verdes, a captura de água da chuva para uso doméstico, o uso de pisos permeáveis em vez do asfaltamento impermeável em ruas e praças, a manutenção regular de nossos rios e córregos, o levantamento de pontes que restringem o fluxo do Rio Quitandinha, o reflorestamento, a construção de valas de infiltração e parques alagados, entre outras soluções sustentáveis.

Existem alternativas viáveis, como a criação de bacias de retenção semelhantes aos piscinões de São Paulo, utilizando espaços públicos disponíveis, e o rebaixamento do lago do Quitandinha, que poderiam ser implementadas para enfrentar o problema das enchentes. No entanto, enquanto projetos de pesquisa e desenvolvimento são apresentados, incluindo teses de mestrado e doutorado, a verdadeira questão persiste: a necessidade urgente de educação e conscientização da população.

A ausência de educação ambiental em nossas escolas públicas e privadas, bem como a falta de implementação da reciclagem do lixo ao longo de mais de três décadas, é um reflexo do descaso das autoridades. A negligência na limpeza dos bueiros e bocas de lobo, assim como na manutenção da micro e macrodrenagem, é outra falha crítica da administração municipal. É inaceitável que continuemos a tolerar um governo que prefere investir em projetos grandiosos e inadequados, como um pavilhão antiambiental no Parque Natural da Rua Ipiranga, e propostas irresponsáveis, como a construção de casas em áreas alagadiças e sem infraestrutura de mobilidade urbana, como foi sugerido no Caititu. Além disso, a manutenção de uma estrutura burocrática inflada, com mais de 700 cargos em comissão, é um desperdício de recursos públicos que não pode ser ignorado.

O seminário deixou claro que uma mudança fundamental na maneira como o governo é conduzido é urgente e imprescindível. Não precisamos gastar dinheiro com mais secretarias e obras faraônicas. Educação é a chave para uma verdadeira solução, mas isso só será alcançado quando a população entender seu papel e responsabilidade, e quando souber discernir e responsabilizar adequadamente os líderes que elegem.

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