Lucas Klin especial para o Diário
Dois casos no futebol nos últimos dias chamaram a atenção do público, principalmente a morte do jogador Juan Izquierdo. O uruguaio faleceu devido a uma arritmia durante o jogo entre São Paulo e Nacional no estádio do Morumbis.
Izquierdo já havia sido diagnosticado com uma arritmia há dez anos, quando fazia parte do elenco do Cerro, do Uruguai. A informação foi divulgada pelo secretário nacional de Esporte do Uruguai, Sebastián Bauzá, que revelou que, na época, Izquierdo passou por um eletrocardiograma aos 17 anos, onde foi detectada uma pequena arritmia.
No último domingo, os médicos informaram que novos exames indicaram uma progressão do comprometimento cerebral e aumento da pressão intracraniana. O jogador permaneceu sob cuidados intensivos neurológicos e dependendo de ventilação mecânica. Nesta terça-feira foi anunciado o falecimento do jogador.
Outro caso foi o do treinador do Flamengo, Tite, que após a partida do Flamengo contra o Bolívar, em La Paz, pela Copa Libertadores, o técnico Tite sofreu um quadro de arritmia cardíaca. A altitude elevada da cidade boliviana, que está a 3.600 metros acima do nível do mar, foi um fator contribuinte para o problema de saúde do treinador.
Tite sentiu-se mal logo após o jogo e foi atendido pela equipe médica do Flamengo. Exames detectaram elevações na frequência cardíaca e arritmia, especificamente uma fibrilação atrial. Apesar do susto, Tite está bem e pode voltar aos trabalhos. Os médicos descartaram a necessidade de intervenção cirúrgica, optando por tratar a arritmia com medicamentos.
Falando sobre arritmia
Segundo o Dr. Aloísio Barbosa, cardiologista, arritmia é uma irregularidade do ritmo dos batimentos cardíacos. A gravidade da arritmia não está relacionada à intensidade dos sintomas, vai depender do tipo de arritmia, algumas representam risco à vida e são assintomáticas, concluiu Aloísio
Já no caso do jogador uruguaio, após a parada cardiorrespiratória, ele sofreu com comprometimento cerebral e aumento da pressão intracraniana. Devido à parada cardiorrespiratória pode faltar sangue no cérebro provocando lesão irreversível, por isso o atendimento de uma parada cardíaca deve ser prioridade, explicou o Dr. Aloísio.
O técnico Tite, do Flamengo, estava no estádio com 3.600 metros acima da altitude do mar. Está altitude pode causar falta de ar, por conta da menor quantidade de oxigênio disponível, tontura, dor de cabeça e outros sintomas, mas o caso do treinador foi mais grave, com o diagnóstico de arritmia. Grandes altitudes influenciam na capacidade cardiovascular. Nesses ambientes a concentração de oxigênio no ar é baixa, o corpo recebe uma menor quantidade, com isso, o cérebro entende que o coração precisa bater mais rápido para buscar esse oxigênio, exigindo mais do corpo e podendo levar à arritmia cardíaca, acrescentou o Doutor.
Em conclusão, o Dr. Aloísio Barbosa acrescentou que arritmia tem pode ter conexão com vários motivos, por exemplo, o estresse. Existem arritmias que são hereditárias, quando descobertas devem ser tratadas com ablação cardíaca, mas arritmia tem relação com o estresse, ansiedade, estilo de vida, cardiopatias, problemas na tireoide, apneia do sono, tabagismo, consumo de bebidas energéticas, entre outras causas. Procure o seu cardiologista para fazer uma avaliação e caso necessário ele irá encaminhar para um arritmologista, concluiu Aloísio.
Esses casos mostram como a arritmia pode ser um problema gravíssimo, podendo levar a óbito. São vários casos de esportistas, principalmente no futebol, que sofrem do problema. Há 20 anos atrás o ex-jogador do São Caetano, Serginho, faleceu por conta de uma arritmia enquanto o jogo acontecia, no mesmo estádio onde Juan Izquierdo veio a falecer duas décadas depois. Outros casos conhecidos como o jogador dinamarques, Christian Eriksen, sofreu uma parada cardiorrespiratória em um jogo da Eurocopa em 2021, felizmente Eriksen sobreviveu e voltou aos campos algum tempo depois com um cardiodesfibrilador implantável (CDI) para poder jogar.
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