Bruna Nazareth - especial para o Diário
Dores e inchaço nas articulações são sintomas frequentes das doenças reumáticas, um conjunto de mais de 120 enfermidades que podem resultar em limitações físicas significativas. Estima-se que apenas no Brasil, essas condições afetem mais de 15 milhões de pessoas, conforme dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
As doenças reumáticas afetam o sistema locomotor, incluindo ossos, articulações, cartilagens, músculos, tendões e ligamentos, podendo atingir indivíduos de todas as faixas etárias, desde crianças até idosos, independentemente do gênero. Além disso, algumas delas podem ter impacto em órgãos como rins, coração, pulmões e sistema circulatório.
Nesse contexto, Ingrid Moss, reumatologista da UFRJ, ressalta a importância de reconhecer os sintomas comuns das doenças reumáticas e saber quando é necessário procurar assistência médica.
Nós dividimos em doenças reumáticas, o que a gente caracteriza como mecânicas e doenças inflamatórias. Como exemplo, das doenças mecânicas, temos a osteoartrite, as tendinites e bursites, elas são doenças reumáticas tipicamente mecânicas. Como exemplo das doenças reumáticas inflamatórias, temos a artrite reumatóide, lúpus e doenças do colágeno. O que elas têm em comum são os sintomas relacionados às articulações, a maior parte dessas doenças elas cursam com dor articular e a inflamação quando existe um potencial inflamatório da doença, às vezes a junta fica inchada, avermelhada e a impotência funcional, afirma.
Moss destaca que nem todas as dores estão ligadas a uma patologia específica, muitas vezes, uma dor na coxa, por exemplo, pode surgir após a prática de um exercício físico mais intenso. Os sinais de alerta para buscar ajuda profissional em relação aos sintomas articulares são dores persistentes ou recorrentes, que limitam as atividades habituais da pessoa.
Importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce é crucial, e os métodos de tratamento para pacientes com doenças reumáticas podem significativamente melhorar sua qualidade de vida.
Pensando nas doenças mecânicas e inflamatórias, uma coisa em comum e importante é a abordagem precoce, que pode influenciar os prognósticos em todos os sentidos. Por exemplo, quando a gente pensa numa artrose de joelho, que é uma doença essencialmente mecânica, quanto mais cedo a gente estabelece um tratamento, melhor é o desfecho daquele paciente, destaca Moss. Ela enfatiza a Artrite Reumatoide como um exemplo, onde iniciar tratamentos específicos o mais cedo possível resulta em prognósticos muito melhores a longo prazo do que se o diagnóstico fosse feito mais tarde.
A reumatologista acrescenta que existem diversos métodos de tratamento, cada um dependendo da patologia em questão.
As patologias mecânicas, por exemplo, são patologias em que a gente tem que tratar de forma global o paciente, no sentido de reduzir a carga daquela articulação, melhorar a dor e promover o fortalecimento muscular da junta. As inflamatórias tem outra abordagem, além de fortalecer a articulação e promover força articular, nas doenças inflamatórias nós precisamos lançar mão de drogas, medicamentos, que mexem no mecanismo fisiopatológico da doença, frisa.
Portanto, é essencial buscar a orientação de um profissional qualificado para assegurar um diagnóstico e tratamento mais eficazes.
Medidas preventivas
A especialista oferece algumas medidas preventivas que as pessoas podem adotar para diminuir o risco de desenvolver doenças reumáticas. Nas doenças mecânicas, investir em fortalecimento muscular e evitar sobrecarregar excessivamente as articulações dos músculos e nervos é fundamental para otimizar o funcionamento das articulações.
No caso das doenças mecânicas, precisamos melhorar o funcionamento da articulação, toda vez que a gente força a articulação a gente está literalmente gastando a junta. Então, se é uma pessoa obesa, ela desenvolve artrose de joelho e de membros inferiores como um todo, muito mais cedo do que uma pessoa que não passa a vida com excesso de peso, a mesma coisa funciona para atividades que sobrecarregam as articulações
Ela destaca que algumas doenças, como Lúpus e Artrite Reumatoide, tendem a responder pior ao tratamento quando os pacientes continuam fumando. Portanto, o tabagismo representa um fator de risco significativo para o desenvolvimento dessas doenças inflamatórias, e é algo que pode ser prevenido.
As doenças inflamatórias têm uma predisposição genética. Então, a maior parte das pessoas que têm Lúpus, por exemplo, tem alguma alteração genética que favorece que ela se desenvolva em algum momento da vida. Algumas coisas na nossa vida, funcionam como gatilho das doenças inflamatórias, despertam aquela alteração genética. Um desses gatilhos, muito importante, é o tabagismo. Pessoas que fumam, têm chances muito maiores de desenvolver doenças reumáticas inflamatórias, se forem geneticamente predispostas, conclui.
*Com informações da Agência Brasil e Sociedade Brasileira de Reumatologia
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