Pelo menos 3% dos casos é a Apraxia de Fala na Infância, de acordo com a Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância e Adolescência (ABRAPRAXIA)
Mariana Machado estagiária
Segundo a Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância e Adolescência (ABRAPRAXIA), entre 5% e 10% das crianças em idade pré-escolar têm alguma dificuldade de se comunicar. Desse total, a razão de pelo menos 3% desses casos é a Apraxia de Fala na Infância, tipo de transtorno motor de fala que afeta a habilidade para sequencializar os movimentos necessários para a produção dos sons da fala.
Além disso, uma pesquisa de 2023 do Ministério da Saúde aponta que 12% das crianças brasileiras de até cinco anos têm suspeita de atraso no desenvolvimento e não apresentam os comportamentos e habilidades esperados para essa faixa etária. O documento mostra, ainda, que a incidência de atraso cresce entre as famílias socialmente mais vulneráveis. Os dados foram coletados entre agosto e outubro de 2022, em 13 capitais do país.
De acordo com o fonoaudiólogo especialista em comunicação e oratória, Simon Wajntraub, as crianças têm dificuldade de se comunicar, principalmente, devido a erros na criação da criança, como mimar e reprimir em excesso. “Colocar o filho para dormir no quarto dos pais, dar peito para a criança até 3, 4 anos são erros. Também tem os pais sem paciência, alcoólatras na família, essas coisas causam tensão grande na criação dos filhos”, afirma o especialista.
“Há também os fatores genéticos e hereditários nas famílias que têm doenças, e vai passando. Tem crianças que demoram muito a falar devido à falta de estímulo, como não colocar o teu filho em uma creche, desde novinho. Tudo é como você vai estimular o ambiente que ela vai viver, que ninguém fala, cada um fica no seu quarto, que é o problema atual com a internet, com o celular, cada um se isola então, por falta de estímulo, a criança não vai desenvolver a comunicação, a fala dela vai ficar muito restrita”, completa.
O maior prejuízo para a vida dessas pessoas em se comunicar mal é na vida profissional, principalmente. “A procura aqui na minha clínica é de pessoas adultas com uma formação maravilhosa, mas que não conseguem falar bem, a voz é fraca, são super tímidos. Alguns têm gagueira, voz fina, vários problemas na fala, dicção embolada, e pessoas estão ali empacadas na evolução profissional. Aqui no Brasil não tem essa preparação da fala, como nos colégios americanos, que tem aula de teatro desde a infância até o segundo grau, onde a criança cresce totalmente comunicativa. Tem que criar esse ambiente saudável na tua casa, de comunicação, estimula o filho, conta histórias na hora que ele for dormir, conversa com o filho”, ressalta.
Ao perceber que as crianças estão com problemas de comunicação, o especialista recomenda recorrer a um tratamento, que ele reforça que tem que ser interessante aos jovens, para que de fato se concentrem no atendimento e aceite bem.
“Outro dia eu estava atendendo um paciente lá de Vitória, e o pai fez questão de comparecer presencialmente. Eu falei, ‘olha, vai gastar dinheiro à toa’. Na primeira vez ele trouxe o filho, a mulher e a avó de avião. Já na segunda vez coloquei ele online com jogos com o pai, e o garoto ficou três horas no atendimento, não queria sair. Aí o pai falou, ‘você tem razão, ele está adorando a sua técnica de botar esses games atuais. Enquanto estou jogando com ele, estou falando com ele’. Por isso, é muito importante ficar sempre atualizando a técnica”, explica.
“O ideal é colocar numa creche, em uma escolinha boa. Porque ela vai criar uma defesa, e vai ficar mais esperta. Numa escola a criança é estimulada a falar, os professores, fazer atividades o tempo todo. Então, procura colocar o seu filho desde novinho na escola”, aconselha o especialista.
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