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Espécie de borboleta rara, natural de Petrópolis e Nova Friburgo, e ameaçada de extinção é registrada pela primeira vez no Espírito Santo

A espécie Petrocerus catiena era conhecida apenas para algumas localidades na Serra do Mar, no Rio de Janeiro

Foto: Gustavo Rodrigues Magnago
Foto: Gustavo Rodrigues Magnago


Cientista cidadão registou uma espécie rara de borboleta, ameaçada de extinção, pela primeira vez no Espírito Santo. A borboleta Petrocerus catiena pertence à família Riodinidae e ocorre na Mata Atlântica, em floresta de altitude - entre 1000 e 1500m. Pouco se sabe sobre sua história natural e sua ocorrência era conhecida apenas para o estado do Rio de Janeiro, nos municípios de Petrópolis e Nova Friburgo.

A espécie foi categorizada como “Em Perigo” na lista nacional de espécies ameaçadas de extinção, elaborada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), devido à área de ocupação conhecida ser menor do que 10km2 e suas populações estarem isoladas e sob forte pressão antrópica.

O registro foi feito por Gustavo Rodrigues Magnago, em dezembro de 2022, a 1100 metros de altitude, na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Reserva Kaetés, da qual ele é gerente, no município de Castelo. Gustavo, então, compartilhou a fotografia na plataforma colaborativa iNaturalist. Os pesquisadores Laura Braga, do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Augusto H. B. Rosa e André V. L. Freitas, ambos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) receberam o registro, identificaram a espécie e constataram que se tratava do primeiro registro fora do estado do Rio de Janeiro. Augusto Rosa entrou em contato com o cientista cidadão para verificar com precisão as coordenadas geográficas e, assim, os pesquisadores iniciaram um estudo mais aprofundado sobre a espécie.

O registro aumenta a extensão estimada de ocorrência da espécie, de 252km2 para 5.963Km2, e área de ocupação da espécie, de 10Km2 para 16km2 - área ocupada pela espécie no interior da sua extensão de ocorrência. Os pesquisadores indicam que, com esse resultado, a categoria de ameaça de Petrocerus catiena deve passar para “Vulnerável”, de acordo com os critérios da IUCN.

Os projetos de Ciência Cidadã “Borboletas Capixabas”, do Instituto Nacional da Mata Atlântica, e “As borboletas ameaçadas de extinção do Brasil”, da Unicamp, pesquisam a distribuição geográfica das espécies de borboletas por meio dos registros fotográficos feitos por cientistas cidadãos, que são compartilhados nas redes sociais. Os dois projetos revisam a identificação das espécies, buscam as coordenadas geográficas e organizam esses dados de ocorrência, ampliando o conhecimento científico sobre as borboletas no estado do Espírito Santo e das espécies ameaçadas de extinção no Brasil.

Para o estudo foram verificados os dados de ocorrência das espécies em seis coleções científicas, privadas e públicas, onde estão depositados os 19 espécimes dessa espécie, e também seis registros fotográficos feitos por cientistas cidadãos. Confirmou-se que o registro feito por Gustavo era realmente o primeiro da espécie no estado do Espírito Santo. Além disso, foi feita a descrição da fêmea dessa espécie pelo pesquisador Ricardo R. Siewert, da Unicamp, pois apenas o macho havia sido descrito por Petrocerus Callaghan, em 1979.

Possivelmente, a espécie de borboleta ocorra em outras áreas montanhosas com vegetação semelhante entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

“Os resultados encontrados ressaltam a importância da ciência cidadã na ampliação do conhecimento científico, especialmente para as espécies ameaçadas de extinção. É como se o pesquisador tivesse olhos espalhados por todo o país e o tempo todo. A possibilidade de encontrar algo novo e raro é muito maior!”, destaca a pesquisadora Laura Braga.

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