Na próxima sexta-feira, 14 de junho, às 19h, o Sesc Quitandinha, em Petrópolis (RJ), recebe o espetáculo “Herdei Meu Corpo”, uma potente performance que entrelaça dança, teatro e ancestralidade negra em uma encenação marcada por presença cênica, resistência e emoção. A entrada é gratuita e a classificação etária é de 14 anos.
A montagem é uma criação da Paragogi Cultural, com direção artística de rodrigo de odé e performance de Valéria Monã atriz, coreógrafa e professora com mais de três décadas de trajetória nas artes e na cultura afro-brasileira. A proposta do espetáculo é dar voz e corpo às histórias silenciadas da população negra no Brasil, por meio de uma performance visceral que desloca o texto do centro da cena e coloca o corpo como principal meio de expressão.
Corpo como território de memória e resistência
“Herdei Meu Corpo” parte da ideia de que o corpo negro carrega marcas, cicatrizes e memórias ancestrais. Essas marcas não são apenas simbólicas, mas reais, resultado de séculos de opressão, luta e reinvenção. A performance se constrói em torno da presença de Valéria Monã, que se apresenta como herdeira de uma história coletiva de resistência negra, dialogando diretamente com o público e rompendo com a quarta parede.
Ao misturar elementos autobiográficos, referências culturais africanas e filosofia de matriz africana, o espetáculo propõe uma cena em que realidade e ficção se fundem. A performer não interpreta uma personagem: ela é o próprio discurso, o próprio território, em um corpo que dança, fala e confronta o espectador com suas verdades.
Equipe criativa e abordagem interdisciplinar
Com dramaturgia assinada por rodrigo de odé e Valéria Monã, o espetáculo também conta com direção de movimento de Joana Marinho, que orienta o corpo da performer como instrumento político e poético. A trilha sonora original é de André Sampaio, o figurino é de Arieli Marcondes e o desenho de luz, de Pedro Carneiro.
A encenação foge da narrativa linear e propõe uma estética do corpo em movimento como forma de comunicar histórias que foram historicamente apagadas. O espetáculo integra o projeto “O corpo negro indígena”, do Sesc RJ, que busca ampliar o debate sobre identidade, território e ancestralidade a partir das experiências de artistas negros e indígenas.
Um convite à reflexão coletiva
Mais do que uma apresentação artística, “Herdei Meu Corpo” é um convite à reflexão sobre o que significa herdar um corpo marcado por disputas históricas e sociais. Valéria Monã enfatiza que o primeiro território que habitamos é o corpo e é também por ele que passamos a ser reconhecidos, aceitos ou rejeitados. “Estou falando desse corpo herdado por meio das suas descobertas, dos seus atravessamentos e surpresas consigo mesmo”, afirma a performer.
Além da apresentação ao vivo, o espetáculo também propõe uma extensão digital da experiência, com materiais interativos que o público poderá acessar após o evento. A proposta busca ampliar o alcance da obra e manter o diálogo com o público para além do espaço físico do teatro.
Valéria Monã: trajetória e legado
Valéria Monã é referência nas artes negras no Brasil. Mestre em Dança Afro e consultora corporal, integrou a Companhia dos Comuns e o elenco de “Contos Negreiros do Brasil”. Trabalha com oficinas de cultura afro-brasileira em parceria com nomes como Hilton Cobra e, em 2023, assinou a direção de movimento do musical “Viva o Povo Brasileiro De Naê a Dafé”.
Serviço
Espetáculo: Herdei Meu Corpo
Data: 14 de junho (sexta-feira)
Horário: 19h
Local: Sesc Quitandinha Avenida Joaquim Rolla, 2 Petrópolis, RJ
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Entrada: Gratuita
Veja também: