Mauro Peralta - médico e ex-vereador
Na última semana, participei em Brasília da posse do meu dileto amigo Dr. Geraldo Ferreira, reeleito presidente da Federação Nacional dos Médicos (FENAM). Estiveram presentes diversas autoridades, entre elas o senador e também médico Dr. Hiran Gonçalves, presidente da Frente Parlamentar da Medicina, e o vice-presidente da República, Dr. Geraldo Alckmin, médico anestesista.
A categoria médica vive um dos momentos mais críticos de sua história. A criação desenfreada de escolas médicas, sem qualidade, sem hospitais próprios e sem professores capacitados, compromete gravemente a formação dos futuros profissionais e ameaça transformar o pleno emprego de hoje na uberização da medicina de amanhã.
Um médico do Ministério da Saúde, hoje, ganha menos que um enfermeiro. E fomos a única categoria deixada de fora do reajuste de 9% concedido pelo desgoverno Lula aos servidores públicos federais.
A falta de estrutura, a carência de medicamentos e as intermináveis filas por exames contribuem para a sobrecarga dos profissionais. A depressão já afeta 11% dos que atuam na atenção primária e 15,5% dos médicos ao longo da vida. Em 2024, 472 mil trabalhadores foram afastados por doenças mentais.
Se no passado o Código de Hamurabi dizia que o médico que, ao operar com a lanceta de bronze a catarata de um paciente, causasse a cegueira, teria a mão cortada, hoje o jovem médico mal formado, saído de residências sem estrutura, ao cometer um erro, não terá a mão decepada, mas perderá a honra, a carreira e, frequentemente, a estabilidade financeira.
Como católico, lembro que a encíclica Rerum Novarum, escrita pelo Papa Leão XIII em 1891, já clamava por salários justos e condições dignas de trabalho. Em 1981, na encíclica Laborem Exercens, o Papa João Paulo II reafirmou que o trabalho deve ser fonte de dignidade.
Lutaremos contra a destruição da medicina, contra a contratualização sem mérito e a favor do concurso público como forma justa e transparente de ingresso no serviço público. A presença, na cerimônia, do vice-presidente da República, da Controladoria-Geral da União, do Tribunal de Contas e da Procuradoria do Trabalho nos traz alguma esperança.
Assim, a Federação Nacional dos Médicos convida todos os profissionais a se unirem nessa luta, inspirados nas palavras de São João Paulo II: “Nunca, nunca desista da esperança, nunca duvide, nunca se canse e nunca desanime. Não tenha medo.” A dignidade do médico voltará. Estaremos juntos. Lutaremos juntos. Venceremos juntos.
Veja também: