“A conscientização sobre a condição durante a campanha é crucial para aumentar o entendimento sobre essa doença e promover a pesquisa de tratamentos mais eficazes”, diz especialista
Mariana Machado estagiária
No mês de fevereiro, a cor roxa é utilizada para representar algumas doenças, com o objetivo de atentar para a conscientização e combate das mesmas. Uma delas é o Lúpus, uma doença inflamatória crônica de origem autoimune, cujos sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de remissão.
A médica reumatologista Bárbara Santório explica que são reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas e daí o nome lúpus eritematoso), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar; e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos.
Questionada quais são os principais sintomas da doença, a especialista explica que, “Por ser uma doença do sistema imunológico, responsável pela produção de anticorpos e organização dos mecanismos de inflamação em todos os órgãos, quando a pessoa tem LES (Lúpus Eritematoso Sistêmico) ela pode ter diferentes tipos sintomas e vários locais do corpo. Os principais sintomas de lúpus são dor e inchaço em uma ou mais articulações, manchas vermelhas na pele, cansaço excessivo, lesões na pele depois da exposição ao sol, queda de cabelo, maior sensibilidade a luz, e feridas no canto da boca ou dentro do nariz”. Além de destacar também febre, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza e desânimo.
A reumatologista explica que não há cura para a doença, mas os tratamentos médicos podem ajudar a controlar os sintomas, e melhorar a qualidade de vida das pessoas com LES. “O tratamento geralmente envolve medicamentos para reduzir a inflamação, controlar a dor e suprimir o sistema imunológico. Além disso, mudanças no estilo de vida, como manter uma dieta saudável, praticar exercícios físicos regularmente e evitar gatilhos podem ser benéficas. Indivíduos com lúpus precisam trabalhar em estreita colaboração com seus profissionais de saúde para desenvolver um plano de tratamento personalizado”.
A forma mais comum da doença é o Lúpus Sistêmico, que pode ser grave ou leve. Segundo o Ministério da Saúde é a forma mais comum, afetando aproximadamente 70% dos pacientes com Lúpus. “A inflamação ocorre no organismo, comprometendo vários órgãos ou sistemas do corpo, não sendo restrito a pele. Algumas pessoas com lúpus discoide podem evoluir para a forma sistêmica. Os sintomas causados por este tipo da doença dependem do local da inflamação como rins, coração, pulmões e até ao sangue, além das lesões cutâneas e às articulações”, explica a especialista.
Bárbara Santório ainda ressalta que o lúpus pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém as mulheres são muito mais acometidas. Ocorre principalmente entre 20 e 45 anos, sendo um pouco mais frequente em pessoas mestiças e nos afrodescendentes.
O diagnóstico é feito através do reconhecimento pelo médico com história clínica e exame físico, e ao mesmo tempo, como algumas alterações nos exames de sangue e urina são muito características, eles também são habitualmente utilizados para a definição final do diagnóstico. “Exames comuns de sangue e urina são úteis não só para o diagnóstico da doença, mas também são muito importantes para definir se há atividade do LES. Embora não exista um exame que seja exclusivo (100% específico), a presença do exame chamado FAN (fator ou anticorpo antinuclear), principalmente com títulos elevados, em uma pessoa com sinais e sintomas característicos de LES, permite o diagnóstico com muita certeza”, diz a médica.
“Outros testes laboratoriais como os anticorpos anti-Sm e anti-DNA são muito específicos, mas ocorrem em apenas 40% a 50% das pessoas com LES. Ao mesmo tempo, alguns exames de sangue e/ou de urina podem ser solicitados para auxiliar não no diagnóstico do LES, mas para identificar se há ou não sinais de atividade da doença”, completa.
Sobre o Fevereiro Roxo, a reumatologista o considera importante para ampliar a compreensão sobre o LES e promover a solidariedade. “A conscientização sobre a condição durante a campanha é crucial para aumentar o entendimento sobre essa doença e promover a pesquisa de tratamentos mais eficazes. Muitas pessoas com Lúpus enfrentam desafios em suas vidas diárias, e o apoio da sociedade é fundamental para melhorar sua qualidade de vida”, conclui Bárbara Santório.
Em Petrópolis, o atendimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é realizado no Ambulatório do Hospital Alcides Carneiro. O serviço contempla pacientes com diversas doenças reumatológicas, incluindo lúpus, artrite reumatoide e fibromialgia. Os encaminhamentos são recebidos e organizados conforme a demanda, garantindo que os pacientes sejam atendidos dentro da capacidade do serviço. O acompanhamento pelo SUS é realizado exclusivamente na unidade.
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