O enfrentamento às milícias, ao tráfico de drogas e ao jogo do bicho foi consolidado como prioridade na gestão do procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira. Alinhado a esse objetivo, o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) atuará em uma metodologia específica para investigações financeiras, que promete otimizar o tempo e aumentar a eficiência das apurações. Com essa estratégia, o Ministério Público reforça seu compromisso de desarticular as principais fontes de poder e financiamento das organizações criminosas, reafirmando sua missão de combater o crime e propor ações penais com eficácia.
Recém-nomeada coordenadora do GAECO/MPRJ, a promotora de Justiça Letícia Emile, que atuará ao lado dos subcoordenadores Fabio Corrêa e Gabriela de Aguillar, prevê novas perspectivas e um planejamento estratégico centrado na asfixia financeira das organizações criminosas, em continuidade do trabalho desenvolvido pelo grupo.
Letícia destacou que o GAECO/MPRJ atuará em três frentes essenciais: segregação das lideranças criminosas, asfixia financeira das organizações e combate à corrupção. "Neutralizar apenas as lideranças não é suficiente, pois elas são rapidamente substituídas. É fundamental desarticular o esquema financeiro que sustenta essas atividades e atacar a corrupção que perpetua o funcionamento das estruturas. Essa abordagem é indispensável para enfraquecer e desmantelar o crime organizado", explicou.
O modelo de investigação adotado é tratado em discussões nacionais da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (ENCCLA) e do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC). Nessas ocasiões, foram definidas estratégias e ações integradas. A metodologia abrange diretrizes do código antimáfia italiano, referência internacional no tema.
O Planejamento Estratégico do GAECO/MPRJ para 2025 reforça essa abordagem ao priorizar a asfixia financeira como pilar central no combate ao crime organizado. Entre as principais ações estão o desenvolvimento de metodologias específicas para investigações financeiras, a utilização de ferramentas tecnológicas avançadas para cruzamento e armazenamento de dados e a capacitação contínua de promotores de Justiça. O plano também estabelece critérios de seletividade, priorizando casos de maior impacto econômico e social, com foco na recuperação de ativos ilícitos. Além disso, prevê a integração com outros órgãos e a estruturação interna em núcleos temáticos, fortalecendo a eficiência das apurações e ampliando o alcance das ações estratégicas do Ministério Público.
O desenvolvimento de uma metodologia específica para investigações financeiras é um dos pilares dessa reestruturação, explica a nova coordenadora do GAECO/MPRJ. Segundo Letícia, um método objetivo e parametrizado permite definir etapas precisas, estabelecendo início e fim para as apurações. "Investigações financeiras frequentemente se estendem por anos devido à sua complexidade e à ausência de um direcionamento. Com um método estruturado, evitamos que os dados se percam pelo caminho e conseguimos focar nos resultados", destacou. Promotores especializados na investigação de grupos criminosos aprofundarão as análises desse aspecto financeiro meio dos Procedimentos Investigatórios Criminais (PICs), que já têm gerado resultados positivos. "Com a reestruturação do grupo, trouxemos colegas com diferentes especialidades e visões. Buscamos mais especialização, porque é isso que se espera de um grupo dedicado ao combate ao crime organizado. Também fortalecemos as equipes regionais, cobrindo a Baixada Fluminense, interior e demais áreas críticas, com prioridade para o combate às organizações violentas, como milícias, tráfico de drogas e jogo do bicho, e não violentas, como os crimes contra a administração pública", afirmou Letícia Emile.
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