O lançamento ocorreu em Cachoeiras de Macacu e percorrerá dezenas de municípios fluminenses
A campanha itinerante, promovida pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, também conta com a capacitação de técnicos dos municípios e adolescentes nestas temáticas. A proposta é trabalhar com as secretarias municipais de Cultura, Educação, Saúde e Assistência Social para que estejam preparadas para atuarem com casos que apareçam durante o atendimento ao público. A ideia é envolver principalmente os jovens das escolas do ensino médio, onde crescem os casos de bullying e de intolerância. E ainda alertar para o aumento de casos de tráfico de pessoas por meio das redes sociais.
“Trajetórias vem trazer visibilidade e voz. Visibilidade a pauta e voz às pessoas que já sofreram violações de direitos humanos, seja xenofobia, tráfico de pessoas ou trabalho escravo. Estamos trabalhando arduamente para dar visibilidade a essas temáticas. Nós temos feito um trabalho muito marcante no estado do Rio de Janeiro e estamos muito felizes em poder levar essas exposições e capacitações para os municípios”, celebrou a subsecretária Estadual de Promoção, Defesa e Garantia dos Direitos Humanos, Aline Forasteiro.
O lançamento oficial da campanha ocorreu no dia 23 de junho, na Casa da Arte Wellington Lyra, e contou com a participação de profissionais da SEDSODH, secretarias municipais de Cultura, Assistência Social, Educação e Saúde.
O estudante Emanuel Rodrigues, de 18 anos, explicou que se inscreveu para ir a exposição por um convite dos professores e que se interessa por assuntos estigmatizados socialmente: “depois da palestra, ao vermos as frases, as imagens e as marcas, vemos com um olhar diferente e entendemos a profundidade e o impacto que as artes têm”.
O trabalho acontece por meio de uma parceria entre as Coordenadorias de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo e de Políticas de Migração e Refúgio, da Subsecretaria de Promoção, Defesa e Garantia dos Direitos Humanos; do Programa Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil, da Subsecretaria de Gestão do SUAS; do Projeto Ação Integrada e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
“O Projeto Trajetórias reforça que a Política de Assistência Social é proteção, é defesa de direitos. Estamos atuando no enfrentamento da xenofobia, do tráfico de pessoas e do trabalho escravo, fortalecendo a rede socioassistencial para acolher, proteger e garantir dignidade às pessoas em situação de vulnerabilidade. É o SUAS na prática, combatendo violações e promovendo direitos”, reforçou o subsecretário de Gestão do SUAS, Felippe Souza.
A campanha está aberta para visitação em Cachoeiras de Macacu até o dia 03 de julho, das 10h às 17h. Na sequência, no dia 02 de agosto, o município de Areal receberá a exposição Nós por Nós no Quilombo Boa Esperança, junto com uma feira cultural dos moradores da região. Após, a exposição Ressignificar estará disponível no Ciafete de Areal e Nós por Nós no Cine Areal do dia 05 até o dia 15. Paralelamente, a partir do dia 08 de julho, será a vez da capital do estado, que abrigará o trabalho no Cefet, no Maracanã, zona norte do Rio, até setembro.
Campanha desenvolvida envolve duas exposições distintas
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Walk Free estimam que há mais de 27,6 milhões de pessoas em situação de trabalho forçado globalmente, sendo os migrantes até três vezes mais propensos a esse tipo de exploração. Por essas razões, a mostra propõe uma reflexão crítica sobre racismo, xenofobia, escravidão contemporânea e as múltiplas vulnerabilidades enfrentadas por migrantes e refugiados no Brasil, ancorada no compromisso com a promoção dos direitos humanos e na construção de políticas que valorizem a escuta, a presença e o protagonismo das pessoas em mobilidade. E ainda, o entendimento que muitos fluminenses estão sendo também vítimas de tráfico de pessoas. Casos recentes mostram a necessidade de se continuar investindo no combate e na prevenção. Só no Estado do Rio, a média de resgatados por ano, de 1995 a 2024, é de 60 pessoas, 1.803 vítimas. Os dados são do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas.
A mostra “Trajetórias” engloba duas exposições distintas, “Ressignificar” e “Nós por Nós”. A primeira resultante do trabalho realizado no Projeto Desenhando Novas Histórias, da Sedsodh e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que apresenta as histórias de vítimas do tráfico de pessoas e trabalho análogo à escravidão, relatadas por meio artes visuais e falas, após um profundo trabalho de escuta grupal com direção psicanalítica, oferecido as vítimas acolhidas no projeto, com forma de superar traumas e dar novos significados para os crimes sofridos.
Já a exposição Nós por Nós, desenvolvida em parceria com o Projeto Ação Integrada, relembra o caso do jovem congolês, Moïse Kabagambe, brutalmente assassinado no Rio de Janeiro, e reúne fotografias da infância, juventude e vida cotidiana de Moïse, além da exibição de um mini documentário com depoimentos de amigos e familiares. Nesse conjunto, o que se oferece não é apenas uma homenagem póstuma, mas um gesto de reconstrução de uma história que chocou a sociedade na busca que a conscientização evite a reprodução destes casos.
Juntas, as ações propõem uma jornada de escuta, memória e mobilização coletiva, estimulando o debate crítico e o fortalecimento do combate às violações de direitos que ainda marcam nossa sociedade.
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