Casos com destino a países do sudeste asiático aumentaram. Saiba como identificar ofertas suspeitas de trabalho no exterior e se proteger de organizações criminosas. Caso esteja nessa situação, veja como denunciar e pedir ajuda
A internet tem sido a principal ferramenta utilizada para o aliciamento de vítimas brasileiras traficadas para países do sudeste asiático, como Camboja, Mianmar e Laos. São falsas promessas de emprego, com passagens pagas e salários relativamente atraentes, para trabalhar, principalmente, em empresas de tecnologia, de atendimento ao cliente ou de turismo. Isso é o que constatou no Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas de 2024, divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em 4 de julho.
A frustração acontece quando essas pessoas chegam ao destino: muitas vezes, elas são mantidas em cativeiro, têm seus documentos retidos e são obrigadas a aplicar golpes digitais, como fraudes com criptomoedas ou esquemas de romance e investimento. Este é o momento em que a falsa promessa se concretiza em mais um caso de tráfico de pessoas, com finalidade de exploração por meio de crimes cibernéticos.
A situação se agrava quando os próprios brasileiros traficados são obrigados a recrutar outras vítimas, geralmente da mesma nacionalidade, perpetuando o ciclo de aliciamento e de violência.
O Governo Federal mantém canais de denúncia, de apoio consular em diversos países e rede de proteção e acolhimento, por meio de parcerias com outros órgãos e com organizações da sociedade civil. Porém, é preciso ter cuidados individuais para não se tornar uma vítima, visto que esse tipo de crime se inicia com a vontade da própria pessoa aliciada em buscar condições melhores de trabalho e de renda em outros países.
Nesse sentido, o MJSP recomenda atenção redobrada a essas propostas tentadoras de trabalho no exterior. Nos últimos meses, o Governo Federal tem observado o aumento de casos de tráfico de pessoas para o sudeste asiático. Em fevereiro de 2025, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) emitiu um alerta específico sobre o aumento de ocorrências na região.
Verifique a proposta
- Não confie em promessas feitas por redes sociais, aplicativos de mensagens e plataformas de recrutamento pouco conhecidas. Golpistas usam redes sociais e aplicativos de mensagens para enganar suas vítimas
- Desconfie de ofertas que prometem bons salários e condições fáceis, especialmente quando envolvem passagens e hospedagem pagas por terceiros.
- Nunca entregue seus documentos a desconhecidos
- Pesquise a empresa e o país de destino e verifique se é uma localidade com Consulado ou Embaixada do Brasil. Se não houver representação brasileira no local, redobre os cuidados e já identifique o Consulado ou Embaixada mais próximo para ter os contatos a mão
Apoio consular
Você não está sozinho. Caso seja vítima de tráfico de pessoas ou conheça alguém nessa situação, procure imediatamente a Embaixada ou Consulado do Brasil no país. Fora do horário comercial, faça contato com o Plantão Consular do Itamaraty no Brasil pelo telefone +55 (61) 98260-0610.
Seu relato será mantido em sigilo e você receberá orientações e apoio e a vítima pode ter direito ao retorno assistido e a acolhimento no Brasil.
Rede solidária
Pessoas próximas da vítima, como familiares e amigos, devem estar atentos com a mudança de comportamento: mensagens vagas ou ausência de contato são sinais de alerta.
- Fale com a pessoa e incentive-a a procurar ajuda no consulado
- Faça denúncia, mesmo que anônima, pelo Disque 100 ou pelo Ligue 180 (WhatsApp: +55 61 9610-0180)
Rede de proteção
Após o resgate ou retorno voluntário de brasileiras e brasileiros vítimas de tráfico internacional, o MJSP atua para garantir atendimento seguro e digno no País. Existe uma rede de proteção para que essas pessoas sejam acolhidas com segurança e dignidade. Esse apoio pode incluir:
- Encaminhamento para serviços de saúde física e mental
- Atendimento psicossocial
- Assistência jurídica gratuita, de acordo com o perfil socioeconômico da vítima
- Oferta de abrigo temporário, quando for o caso
- Apoio no deslocamento até o destino final
- Acompanhamento por órgãos e serviços especializados, como os Núcleos de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETPs), presentes em diversos estados do País
Essas ações são realizadas em parceria com defensorias públicas, secretarias de assistência social, serviços de saúde e organizações da sociedade civil, de acordo com as necessidades específicas de cada caso.
Veja também: