Rômulo Barroso - especial para o Diário
Petrópolis melhorou e alcançou as mais altas notas no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em 2023 nos anos iniciais e finais do ensino fundamental. Por outro lado, piorou e teve a pior nota no ensino médio. Os resultados foram divulgados pelo Ministério da Educação e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O Ideb é calculado a partir do número de alunos aprovados (informação que consta no Censo Escolar) e o resultado do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e varia de 0 a 10. Quanto mais aprovados e melhor desempenho na prova do Saeb, maior é o Ideb. O Índice foi criado em 2007 e, desde 2017, é calculado também no ensino médio. O cálculo é feito a cada dois anos.
Ensino fundamental
A rede pública em Petrópolis alcançou 5,7 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental (que compreende do 1º ao 5º ano). É a nota mais alta desde o a implantação da Ideb e representa uma retomada no avanço do desempenho da educação na cidade - o resultado melhorava a cada edição entre 2007 e 2017, mas sofreu uma pior em 2019 e 2021, quando foi 5,2. Para o ano passado, a nota cresceu meio ponto.
Por outro lado, é apenas a 32ª maior do estado, ao lado dos municípios de Angra dos Reis, Bom Jardim, Maricá, Natividade e Paracambi.
Essa trajetória foi parecida para os anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). A nota foi crescendo de 2007 e 2017 e teve uma variação negativa em 2019. Mas diferente, dos anos iniciais, já houve uma recuperação em 2021, quando a nota foi de 4,6. Em 2023, novo aumento, para 4,8.
A cidade ficou em 25º no estado, empatando a nota com Arraial do Cabo, Barra Mansa, Bom Jesus do Itabapoana, Casimiro de Abreu, Miguel Pereira, Natividade, Quatis, Quissamã e Rio Claro.
Ensino médio cai
Já no caso do ensino médio, o resultado em Petrópolis foi o pior dos quatro levantamentos. A nota, que começou em 3,7 em 2017 e havia melhorado em 2019 (4,2) e 2021 (4,5), caiu para 3,6.
No estado, o município foi apenas o 60º, junto com Areal, Iguaba Grande e Quissamã.
Sem metas estabelecidas
Quando o Ideb foi implementado, também foram estabelecidas metas de notas a serem alcançadas a cada edição até 2021. No caso de Petrópolis, nos anos iniciais e nos anos finais do ensino média, a cidade atingiu ou superou a meta nas três primeiras edições (2007, 2009 e 2011), mas ficou abaixo em todas as demais. Para o ensino médio, foram estabelecidas metas para as duas últimas edições, e a cidade ficou acima em ambas.
Para 2023, nem o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro nem do atual, Luiz Inácio Lula da Silva, revisaram os índices. Por isso, o MEC utilizou como parâmetros os valores previstos para a edição de 2021. Nesse caso, Petrópolis não atingiu em nenhum dos três níveis educacionais.
Prefeitura
O ensino fundamental é de responsabilidade do governo municipal. Procurada pelo Diário, a Secretaria de Educação de Petrópolis ressaltou o aumento da nota, que deixou a cidade como a segunda melhor na Região Metropolitana do Rio nos anos iniciais e em terceiro nos anos finais (subindo seis posições em relação a 2021).
Destacou ainda que, nos anos iniciais, 27 escolas da rede municipal tiveram nota acima de 6,0; e nos anos finais, 15 unidades ultrapassaram nota 5,0. Cabe ressaltar, no entanto, que o parâmetro utilizado pelo Ministério da Educação foi uma nota mais alta e, nesse caso, 18 atingiram a meta nos anos iniciais (meta de 6,2) e apenas quatro nos anos finais (meta de 5,5).
"Os índices positivos refletem os investimentos feitos pela Prefeitura desde que o atual governo assumiu a administração, em dezembro de 2021. Apesar das catástrofes climáticas em fevereiro e março de 2022, que atrasaram o início das aulas presenciais nas unidades escolares da rede municipal, não houve decréscimo no Ideb ficando inclusive superior ao período anterior a pandemia", analisou a Secretaria.
A nota enviada ao Diário acrescenta que "Nesses dois anos e seis meses de governo, a Educação recebeu investimentos significativos tanto na questão da infraestrutura (reformas, criação de novas unidades e merenda de qualidade), na parte profissional (capacitações, formações e realização do concurso público) quanto na parte pedagógica (projetos que estimulam a alfabetização na idade certa, a inclusão e a equidade na rede municipal)".
Por fim, o município informa que "A meta da atual administração é a alfabetização na idade, que todas as crianças saibam ler, escrever e interpretar um texto de forma correta e na idade correta. A atual administração vê de forma positiva os dados do Ideb divulgados nesta quarta-feira, afirmando todo o trabalho, esforço e união da rede municipal para que não houvesse redução, como aconteceu nos anos de 2019 e 2021. A atual administração reconhece que ainda há muito o que avançar, mas que a cidade está no caminho certo, trabalhando em rede, potencializando as escolas e cuidando dos alunos e alunas".
Estado
O ensino médio é de responsabilidade do governo estadual, mas a cidade também tem uma escola sob responsabilidade do município. Procurada pelo Diário, a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc-RJ) analisou que "o resultado do Ideb 2023 é um problema nacional, agravado pela pandemia de covid-19. O Rio de Janeiro, por exemplo, foi o último estado a retomar as aulas presenciais. Além disso, o Governo do Rio herdou um déficit histórico de aprendizagem, e também recebe alunos do Ensino Fundamental com defasagem de ensino, impactado pela aprovação automática dos estudantes, conforme determinado pelo MEC em 2021 e 2022".
A pasta afirmou que "já vem adotando uma série de medidas que vão refletir positivamente no Ideb, como a recomposição de aprendizagem para todas as 1.233 unidades da rede e a ampliação da oferta do ensino integral, com 80 mil vagas em 400 escolas". Também informou que "Para reduzir o déficit de professores, o Governo do Estado nomeou 2,5 mil docentes dos concursos de 2013 e 2014, está contratando 4 mil temporários e realizou a migração de mais de 1 mil professores com carga horária de 18 para 30 horas semanais, totalizando 5 mil profissionais até o final deste ano".
Vale ressaltar que, em Petrópolis, nenhuma escola estadual atingiu a meta de 2021 para o ensino médio (4,1), nota superada apenas pelo Liceu Municipal Prefeito Cordolino Ambrósio (5,1).
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