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Idosos sofrem com etarismo no mercado de trabalho

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Jaqueline Gomes

Com a população envelhecendo cada vez mais, a necessidade das pessoas com 60 anos ou mais de se manterem ativos no mercado de trabalho aumenta. O Brasil conta atualmente com 3,04 milhões de trabalhadores formais nessa faixa etária, quase o dobro do registrado na última década, o que representa 5,8% do total de empregados. No entanto, o preconceito com esses profissionais torna mais difícil esta inclusão. O etarismo impacta negativamente a autoestima e a saúde mental dos idosos.

Embora os sexagenários sejam a maioria, mais de 330 mil brasileiros com mais de 70 anos ainda estão ativos no mercado de trabalho. Manter a mente ativa é crucial para a saúde cognitiva, ajudando a prevenir doenças e melhorando a qualidade de vida. Além disso, a continuidade na vida profissional proporciona um senso de propósito e independência financeira, além de promover a socialização. Portanto, o mês do idoso serve como um importante convite à reflexão sobre a necessidade de combater o etarismo e valorizar a contribuição inestimável dos mais velhos para a sociedade.

A especialista em Liderança e Gestão de Pessoas e CEO da Alba Consultoria, Rosa Bernhoeft, avalia que o primeiro desafio das pessoas com 60 anos ou mais está dentro dela própria. “Essas pessoas não se prepararam para o envelhecimento e acreditam que perderam a capacidade, a energia, e essa não aceitação, essa não validação do que aprenderam se torna uma barreira para se posicionarem. Existe sim um preconceito com essa faixa etária no mercado de trabalho, nos processos seletivos, nos mais jovens, essa é uma realidade. Mas, há a necessidade de um acordo que possa juntar essas múltiplas gerações para que trabalhem juntas”, analisa.

Ainda segundo ela, o idoso, às vezes, se sabota. “Quando ele se retrai, se nega a aprender coisas novas, não quer interagir com os mais jovens, ele fecha portas, não se dá a oportunidade de se encaixar nas organizações”, explica Rosa. “Ele precisa fazer uma análise e identificar suas habilidades, acreditar que pode dar conta do trabalho e apresentar bons resultados. Depois, criar coragem e se apresentar ao mercado de trabalho que tenha interesse pelo que ele carrega na mochila”, orienta.

A especialista ressalta a importância da experiência dos mais velhos para as empresas. “Desqualificar os idosos por conta do etarismo é não saber aproveitar a experiência e sabedoria que eles adquiriam com o tempo. As empresas devem saber aproveitar o benefício das várias gerações, unindo a competitividade e atualidade dos jovens com a densidade de conhecimento dos mais velhos”, conclui.

A mesma opinião tem Ylana Miller, também especialista em Liderança e Gestão de Pessoas e CEO da Yluminarh. Ela também considera que a discriminação é um entrave para profissionais desta faixa etária, que podem contribuir muito com as organizações. “Profissionais muito experientes podem contribuir com grande diferencial, mas, são vistos como ultrapassados, com pouca flexibilidade ou até mesmo como não estão atualizados no mercado. No entanto, em função da experiência podem ser mentores de jovens, de futuros líderes. Organizações com mentes abertas certamente sabem que um mix de gerações fortalece o ambiente de trabalho, aumenta a produtividade e alcança resultados”, considera.

Ylana aponta para o mal que o etarismo faz para a autoestima e saúde mental dos idosos. “Eles querem produzir, contribuir com as organizações, com a sociedade, mas, são deixados de lado, sua bagagem não é aproveitada e passam a se sentir inúteis no auge da carreira, se sentem incapazes e à margem da sociedade”, lamenta.

A especialista dá dicas para um currículo atrativo para quem tem 60 anos ou mais. “Se dedique a escrever sua experiência e colaboração nos locais onde trabalhou e os resultados alcançados. Os mais velhos têm muita história, muita vivência, podem contar suas experiências, competências, habilidades e atitudes que podem contribuir no futuro trabalho. O ideal é também escolher uma atividade onde se sinta feliz e produtivo, como na prestação de serviços, consultorias, docência, enfim, carreiras onde possa promover aprendizado com sua vivência”, conclui Ylana.

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