Edição anterior (3589):
segunda-feira, 02 de setembro de 2024


Capa 3589

"Imprensa é o impresso", afirma diretor do Diário sobre a importância do jornal físico para Petrópolis

Em entrevista, Paulo Antônio e Douglas Prado ressaltam o jornal impresso como símbolo de identidade de uma cidade

Reprodução
Reprodução

Roberto Jones - especial para o Diário

Quem nunca passou em frente a uma banca e parou para ver as notícias do dia na primeira página de um jornal? Esse hábito é comum, tanto entre os mais velhos, quanto entre os mais novos. E o que possibilita essa cultura é o jornal impresso. Mesmo com o avanço das redes, o impresso continua sendo um importante meio de comunicação e divulgação das notícias. Em entrevista, o diretor do Diário de Petrópolis, Paulo Antonio, e o antigo editor do jornal, Douglas Prado, comentam sobre a importância do impresso para a cidade de Petrópolis.

Qual você acredita ser a importância de um jornal impresso para a cidade e porque, mesmo com o advento da internet e das mídias sociais, o Diário permanece com edições físicas?

D.P: O jornal impresso raramente funciona sem jornalismo profissional. Tem coisas muito boas nas redes e na internet, claro, mas o impresso ainda é visto com maior credibilidade. Então, tendo o impresso, a gente fortalece o digital. Defendemos ideias muito importantes e criticamos muito o poder público. Se não tivéssemos o impresso, talvez não teríamos autoridade para isso. Esse tom de jornalismo profissional é o impresso que dá. E esse exercício de ler o jornal durante o café da manhã é insubstituível. Eu acho que a cidade perde um pouco a identidade se não tem um jornal local. Mas para isso é preciso ter participação de todos, que a população e os empresários comprem a ideia e cobrem de nós a cobertura dos assuntos necessários.

P.A: O mais nobre papel de um jornal é o de ser um condutor cultural da comunidade em que ele está inserido. No jornal impresso você cria esses debates culturais. Fomos atingidos duramente pela pandemia, já que não se podia ir às ruas, mas ainda assim muitos assinantes mantiveram a tradição de receber nossas edições diariamente, mesmo borrifadas de álcool. Então é uma prática que se mantém. Temos nosso site e redes bem fortes, mas é importante ressaltar que as mídias não são excludentes, cada um tem seu papel. Acima dos 45 anos os leitores preferem o jornal impresso. Eles encontram melhor a informação no jornal impresso. Sem falar do famoso leitor de banca, que todos os dias leem a primeira página. Isso desperta nele um interesse e uma energia de "minha cidade tem um jornal". Isso dá uma autoestima maior para a cidade. Saber que ela tem um equipamento cultural que transcende o seu conhecimento. Ele não sabe como aquilo funciona, como faz para se manter hoje em dia, quanto custa essa máquina que mantém o jornal, então desperta um interesse.

Qual era a importância do Diário de Petrópolis no começo e qual a importância dele atualmente?

D.P : O Diário foi muito importante naquela época, como é até hoje. A cidade tinha quatro impressos e já nos destacávamos. Mas ele hoje é ainda mais importante, pois é um dos dois únicos jornais impressos locais, tratando dos assuntos da cidade de Petrópolis todos os dias. O outro é mais novinho, mais recente, mas também tem papel importante. Falamos de Petrópolis a partir da cidade, sobre as nossas questões, os nossos
problemas e as nossas belezas. E é fundamental termos isso como sociedade. Da cidade se ver, se conhecer, se identificar e questionar. Definiria que o trabalho do Paulo Antonio é feito por paixão de manter o jornal. E esse sentimento é igual ao início.

P.A: Quando eu comprei o jornal estávamos sob um regime ditatorial de censura prévia. E, desde então, lutamos pela democracia. Hoje, todos têm seu espaço no Diário, direita, esquerda, centro, todas as religiões e movimentos, representamos a cidade, nosso jornal abrange a comunidade e todos têm voz aqui, dentro do que é democrático e fora de um discurso de ódio.

Como você se sente com o seu jornal resistindo durante todos esses anos? Quais são as principais dificuldades de mantê-lo?

P.A: Hoje eu sou o mais antigo diretor de um jornal no estado e talvez um dos que esteja há mais tempo à frente de um jornal, dentre os que continuam em funcionamento. Nos últimos anos, pude ver que a imprensa sofreu muito com os governos, no Brasil e aqui na cidade. E sem imprensa livre não existe democracia. A imprensa é o impresso. A imprensa é o jornalista escrevendo, podendo conversar com personalidades, debater, pensar, questionar. O jornalista tem que ser chato, tem que obter as respostas para oferecer um conteúdo sério, para que o leitor tenha o material que precisa. Jornalismo é cultura e é importante que a sociedade e o poder público tenham essa noção. Seja um jornal como o Diário ou um que atinja algumas centenas de pessoas, que seja, ele está informando alguém, e é isso o que importa.

Foto: Robson Albergaria
Foto: Robson Albergaria

Edição anterior (3589):
segunda-feira, 02 de setembro de 2024


Capa 3589

Veja também:




• Home
• Expediente
• Contato
 (24) 99993-1390
redacao@diariodepetropolis.com.br
Rua Joaquim Moreira, 106
Centro - Petrópolis
Cep: 25600-000

 Telefones:
(24) 98864-0574 - Administração
(24) 98865-1296 - Comercial
(24) 98864-0573 - Financeiro
(24) 99993-1390 - Redação
(24) 2235-7165 - Geral