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segunda-feira, 06 de maio de 2024


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Incêndio da garagem da Petro Ita/Cascatinha completa um ano

Apesar das suspeitas do Setranspetro e de laudos apontando possível ação intencional, responsáveis não foram identificados

F0to: Arquivo
F0to: Arquivo

Rômulo Barroso - especial para o Diário

Na próxima quinta-feira (09/05) será completado um ano do grande incêndio que atingiu a garagem das empresas de ônibus de Petro Ita e Cascatinha, que fica na Rua Cel. Veiga. Desde o primeiro momento, o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis (Setranspetro) levantou suspeitas de que a situação teria sido provocada de forma intencional. Perícias realizadas pelos Bombeiros e por uma empresa contratada de forma independente pela Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) corroboraram com essas suspeitas e encontraram indícios de possível "ação pessoal direta e indireta" e sinais de "ação intencional de atear fogo", respectivamente. No entanto, o caso ainda segue em aberto até o momento. Ninguém foi indiciado ou apontado como responsável pelo incêndio. A Polícia Civil disse apenas que "as investigações prosseguem".

O incêndio aconteceu na madrugada do dia nove de maio de 2023.

Os Bombeiros foram acionados para combater as chamas por volta de 01h30 e o fogo foi controlado cerca de duas horas depois. As chamas altas podiam ser vistas de outros locais mais distantes. Não houve vítimas - apenas um funcionário ficou ferido ao pular um muro para escapar do fogo.

A primeira informação era de que 90 ônibus haviam sido destruídos, mas depois o número foi corrigido. Foram 74 veículos queimados - desses, 48 estavam em uso para a operação diária de linhas, outros 20 em desuso e mais seis eram considerados sucata na época. A atuação das duas empresas foi bastante comprometida, caiu para cerca de 800 viagens somadas. A empresa que teve a operação mais afetada foi a Petro Ita: dos 48 ônibus que faziam linha diariamente, 40 eram dessa empresa.

Inicialmente, as duas viações contaram com veículos emprestados de outras empresas do mesmo grupo - como a Master (São João de Meriti) e a São José (Nova Iguaçu) - para implementar operações emergenciais, e depois outros ônibus da própria Petro Ita que estavam em manutenção foram recolocados em circulação. Com isso, a oferta de viagens 10 dias após o incêndio aumentou quase 40%.

O prejuízo financeiro foi calculado em quase R$ 16 milhões (R$ 11,6 milhões da Petro Ita e R$ 4,2 milhões da Cascatinha).

Laudos

O Corpo de Bombeiros realizou uma perícia no local em que constata uma possível "ação pessoal direta e indireta" no incêndio. Dois peritos da corporação fizeram a análise e ressaltam no laudo que "não se pode ser descartada a hipótese de múltiplos focos de origem", "não se pode ser descartada a hipótese de causa pessoal" e "não podem ser descartadas as hipóteses de ação pessoal direta e ação pessoal indireta".

A CPTrans também contratou uma perícia independente, que foi realizada 10 dias após o incêndio. O laudo, assinado pelo perito Alexandre Luís Belchior dos Santos, afirma que há sinais de "ação intencional de atear fogo" e apontou três fatores que contribuíram para as proporções que as chamas ganharam: a elevada carga de incêndio, a proximidade entre os veículos e a obstrução da rampa de acesso ao setor superior. A vistoria não identificou sinais de curto circuito na rede elétrica da garagem nem vestígios de explosão e observou que o fogo não teve origem natural (e sim, que o incêndio ocorreu em direção à vegetação próxima).

Essas conclusões estão alinhadas à suspeita levantada pelo Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis (Setranspetro) ainda na madrugada do dia nove de maio: "As empresas esperam a apuração rigorosa das causas, porque há indícios de que o incêndio tenha sido provocado", dizia nota emitida pela entidade, momentos após o incêndio.

"Investigações prosseguem"

Dois dias depois do incêndio, a delegada da 105ª DP, Cristiana Bento, disse, ao jornal O Globo, que já havia identificado "exatamente por qual ônibus começou" o incêndio, informação que ela classificava como "muito importante para as investigações". Ela também não descartava a hipótese de uma ação criminosa. A própria Polícia Civil fez perícias no local, assim como os Bombeiros e a empresa contratada pela CPTrans.

Apesar disso, até o momento o inquérito não foi concluído. Procurada pelo Diário na última semana, a Polícia Civil informou apenas que "De acordo com a 105ª DP (Petrópolis), as investigações prosseguem, a fim de identificar os responsáveis pelo incêndio".

O Diário também procurou o Ministério Público do Rio de Janeiro para saber como anda a apuração do caso, mas não tivemos resposta até o fechamento desta edição.
A prefeitura afirmou que "vem cobrando das autoridades policiais que os responsáveis pelo incêndio sejam identificados e responsabilizados".

Retomada da frota

A última informação prestada pela CPTrans nos dias seguintes ao incêndio foi divulgada no dia 19 de maio, quando noticiou que Petro Ita e Cascatinha haviam reposto 25 ônibus dos 48 destruídos que ainda estavam em operação. O Diário solicitou informações atualizadas e questionou que medidas foram adotadas para que a circulação fosse normalizada no município, mas a CPTrans respondeu apenas que "cobra das empresas de ônibus a regularidade no serviço, garantindo a segurança dos passageiros e rodoviários". Também pediu os mesmos dados ao Setranspetro, mas não tivemos resposta até o fechamento desta reportagem.

Na última sexta-feira (03/05), a prefeitura divulgou que "estuda medidas para punir as empresas Petro Ita e Cascatinha pela má prestação de serviços e restabelecer a qualidade do transporte e a segurança dos passageiros nas regiões atendidas pelas duas viações". Entre essas medidas, segundo a prefeitura, está a aplicação de mais de R$ 1,6 milhão em multas contra as duas empresas por causa de quase cinco mil infrações constatadas pela CPTrans entre 2022 e este ano.

O Diário pediu um posicionamento sobre o assunto ao Setranspetro, que disse em nota: As empresas Petro Ita e Cascatinha seguem aguardando o resultado das investigações para descobrir os culpados pelo incêndio criminoso que destruiu por completo grande parte da frota das empresas. Desde então, as operadoras continuam se esforçando para manter a reestruturação que estava em andamento desde 2022, e cumprir com todas as adequações apontadas pela CPTrans.

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