Regina Castro (Agência Fiocruz de Notícias)
O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (14/8), mostra aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba e Amazonas. O crescimento ocorre essencialmente nas crianças e adolescentes de até 14 anos, causados pelo vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus, na população infantil de até 2 anos, e pelo rinovírus na faixa de 2 a 14 anos. Em relação à Covid-19, a notificação dos casos de SRAG pelo vírus segue em baixa. Contudo, Ceará, Paraíba e Rio de Janeiro têm mostrado sinais de aumento nas notificações de casos graves pelo vírus nas últimas semanas.
O InfoGripe é uma estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) voltada ao monitoramento dos casos de SRAG no Brasil, oferecendo suporte às vigilâncias em saúde na identificação de locais prioritários para ações de preparação e resposta a eventos de saúde pública. A atualização é referente ao período de 3 a 9 de agosto.
Diante deste contexto, a pesquisadora Taiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe, faz um alerta. Ela lembra da importância de que a população esteja em dia com a vacina contra a Covid-19 - a principal forma de proteção contra os casos graves e óbitos da doença.
No agregado nacional observa-se uma manutenção da queda dos casos de SRAG nas tendências de curto e de longo prazo, refletindo a queda das hospitalizações por influenza A e VSR na maior parte do país. Na presente atualização, observa-se que 4 das 27 unidades federativas apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas) com sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a semana 32. São os estados do Amazonas, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas a prevalência entre os casos positivos foi de 11% de influenza A, 1,5% de influenza B, 42,2% de vírus sincicial respiratório, 37% de rinovírus e 7,2% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos e no mesmo recorte temporal foi de 40,7% de influenza A, 2,8% de influenza B, 20,1% de vírus sincicial respiratório, 23,5% de rinovírus e 10,6% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
Estados
Além disso, 15 unidades da Federação também apresentam incidência de SRAG em níveis de alerta, risco ou alto risco, porém sem sinal de crescimento na tendência de longo prazo. São Acre, Alagoas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe.
O aumento do número de casos de SRAG em alguns estados do Nordeste (BA, PB e RN) ocorre especialmente na faixa etária de 2 a 14 anos. Na Bahia e na Paraíba o crescimento está associado ao rinovírus. Além disso, observa-se um leve aumento de SRAG nas crianças de até 2 anos no Amazonas, Bahia e Paraíba relacionados ao VSR e rinovírus. Na Paraíba também há um sinal de aumento dos casos de SRAG entre os idosos, associado à Covid-19.
Mesmo com a tendência de queda na maior parte do país, os casos de SRAG entre as crianças pequenas, associados ao VSR, permanecem em níveis elevados em muitos estados, com exceção do Acre, Amapá, Ceará, Espírito Santos, Goiás, Piauí, Tocantins. Entre os idosos, os casos de SRAG seguem em níveis de moderado a alto em diversos estados do Centro-Sul, além de alguns estados do Norte e do Nordeste.
Capitais
Sete das 27 capitais apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas) com sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a semana 32: Cuiabá (MT), Joao Pessoa (PB), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Salvador (BA) e São Luís (MA).
Situação nacional
A nível nacional, o cenário atual sinal de queda nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Referente ao ano epidemiológico 2025, já foram notificados 155.412 casos de SRAG, sendo 83.042 (53,4%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 53.238 (34,3%) negativos e ao menos 8.942 (5,8%) aguardando resultado laboratorial.
Dentre os casos positivos do ano corrente, observou-se que 25,3% são de influenza A, 1,1% de influenza B, 45,8% de vírus sincicial respiratório, 24,1% de rinovírus e 6,9% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 11% de influenza A, 1,5% de influenza B, 42,2% de vírus sincicial respiratório, 37% de rinovírus e 7,2% de Sars-CoV-2 (Covid-19).