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Instituto Burle Marx será transferido para Petrópolis em 2028

150 mil itens de um dos mais importantes paisagistas do mundo serão levados para a Casa Cavanelas, que fica em Pedro do Rio

Foto: Acervo Instituto Burle Marx
Foto: Acervo Instituto Burle Marx

Rômulo Barroso - especial para o Diário

Um paraíso construído em Pedro do Rio vai se tornar a sede do Instituto Burle Marx em 2028. É a Casa Cavanelas, construída em 1954, projetada por Oscar Niemeyer e que contou com o trabalho de Roberto Burle Marx nos jardins. Todo material que conta a obra do paisagista, e que hoje fica preservado em Laranjeiras, será transferido para o local.

Trata-se de um acervo com 150 mil itens, que inclui dois mil projetos paisagísticos, 10 mil desenhos técnicos, 10 mil croquis e estudos, 80 plantas de projeto em tinta guache, 20 plantas de projeto em tinta automotiva, 50 maquetes, 100 obras de arte, dois mil livros, 30 mil documentos e cartas, mil revistas e jornais históricos e 75 mil fotografias (cromo e papel). São materiais que narram mais de sete décadas daquele que é um dos mais importantes nomes do paisagismo no mundo no século XX.
Roberto Burle Marx mudou a concepção dos jardins brasileiros. Antes, a inspiração era o trabalho feito pelos franceses; com ele, a flora nacional ganhou destaque.

"Roberto foi um dos primeiros a usar plantas nativas em projetos paisagísticos nos anos 30. Ele reconheceu a diversidade e riqueza da flora brasileira, sua beleza e importância", descreve o Instituto que leva o nome dele.
Mais do que isso, ele foi um precursor na defesa do meio ambiente e da sustentabilidade, quando essas sequer eram questões debatidas amplamente pela sociedade. "Ele fez muitas excursões e expedições com botânicos e outros profissionais interessados na questão, para estudar a relação entre diferentes grupos de plantas e conhecer mais sobre a nossa flora tropical. Nesses passeios ele descobriu várias novas espécies e pelo menos 30 plantas descobertas por ele têm seu nome", relembra o Instituto.

Instituto criado há cinco anos

Um dos grandes parceiros de Burle Marx, o arquiteto Haruyoshi Ono, teve como um dos grandes objetivos cuidar e preservar do acervo do paisagista, esforço que teve início na década de 1960. Em 2017, com a morte de Ono, esse trabalho continuou pelas mãos de Isabela Ono (diretora executiva), Julio Ono e Gustavo Leivas, sócios do Escritório Burle Marx. Dois anos, essa rica história ganhou um trabalho ainda mais especial de preservação com a criação do Instituto que leva o nome dele. Agora, quando se completam 30 anos de sua morte, o Instituto se prepara para ocupar um novo espaço.

Casa Cavanelas

A Casa Cavanelas foi projetada por Niemeyer antes de grandes obras do icônico arquiteto - os projetos do Palácio da Alvorada, do Palácio do Planalto, do Palácio do Congresso Nacional, da Catedral de Brasília, que marcaram a carreira dele, são de 1957. Essa Casa, que tem 150 m², foi pensada para o engenheiro Edmundo Cavanelas, e tem basicamente dois ambientes: um deles é um grande salão integrado ao ambiente exterior e o outro, o local onde ficam três dormitórios, um banheiro e a cozinha.

Mas a nova sede do Instituto Burle Marx não vai ocupar esses espaços. No terreno de 215 mil m², serão construídas três novas edificações: uma vai servir para recepcionar o público que visitar o espaço, outra será um café e a terceira, um pavilhão onde serão expostos os itens do acervo do paisagista que nasceu em 1909 e que morreu em 1994. Parte do projeto foi apresentado em um programa especial da Globo News nessa semana. O objetivo foi preservar a casa como ela foi concebida.

"O projeto é do arquiteto Thiago Bernardes e equipe, com paisagismo do Escritório Burle Marx, e contempla o respeito à natureza do entorno e o DNA modernista da Casa, compondo com o traçado original, o jardim e a mata do entorno", destaca o Instituto.

"Previsto para ser aberto ao público a partir de 2028, o futuro espaço prevê a criação de uma reserva técnica adequada para salvaguarda e consulta ao acervo, um auditório, um espaço expositivo, além de áreas de convivência e atividades propiciando a experiência e o encontro. A proposta é ser um grande espaço de troca de conhecimento, laboratório de ideias e debates a partir da obra e legado do paisagista e de sua equipe, com atividades programáticas de arte, cultura, meio ambiente e educação e exposições, em torno de temas que dialoguem com questões contemporâneas, principalmente relacionadas à ODS 11, Cidades e Comunidades Sustentáveis", acrescenta a entidade.

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