“A gente que é ativista defende o meio ambiente por amor à natureza”, afirma o vice-presidente do Instituto, Claudiomar Batista
Mariana Machado estagiária
O Instituto Larissa Saruê, que tem 23 anos de atuação em diversos municípios do estado, realiza resgates a animais silvestres feridos ou fora do seu habitat, combate maus-tratos e também atua apagando incêndios florestais.
Isso é o que conta o vice-presidente do Instituto, Claudiomar Batista, de 55 anos, que se arrisca em combates ao fogo, e realiza diversos resgates de animais. Ele conta que, só no ano passado, trabalhou no enfrentamento de cerca de 80 incêndios, principalmente durante o período de estiagem, que compreende os meses de junho a setembro. Ao todo, este período registrou 237 eventos de fogo em vegetação no município no ano passado.
Ele conta que focam no combate aos incêndios em floresta. “A gente que é ativista defende o meio ambiente por amor à natureza. O incêndio é a maior agressão ao meio ambiente, que queima tudo, mata as aves, os bichinhos, bicho-preguiça, formigas, passarinhos, tudo”, alerta.
A partir do aviso da população, o Instituto se dirige ao local e resgata o animal, leva ao veterinário, e depois realiza a soltura. Claudiomar explica que a veterinária Clinipet ajuda bastante no trabalho deles, mas, por vezes é necessário o pagamento do atendimento ou de operações, e quem paga são os próprios voluntários, pois o Instituto não recebe doações.
“O dinheiro sai do nosso bolso. Eu trabalho como segurança, pintura de prédios, corte de árvores, faço vários serviços para ganhar dinheiro, pois ganho de um lado, e gasto do outro. É um custo bem alto, porque é Petrópolis e Região dos Lagos. Hoje atendemos em Búzios, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Arraial do Cabo”, diz ele.
Claudiomar explica que há a intenção de parceria com órgãos públicos, o que com certeza traria resultados muito mais positivos para a fauna e a flora. “A gente faz por amor, somos ativistas. O nosso protocolo é apagar o fogo. Não importa se morrer, eu já falei, se eu morrer lá, vou morrer feliz, melhor do que morrer sem fazer nada. Eu vou morrer de qualquer jeito, então eu vou estar ali apagando fogo para salvar uma árvore, um formigueiro”, afirma.
Questionado sobre como é, para ele, fazer parte do Instituto e atuar nesses resgates, Claudiomar afirma que “isso é tudo para a gente, é a nossa vida. É o meio ambiente, temos que defender a fauna e a flora, não tem jeito”.
Em Petrópolis, ele conta que resgata, principalmente, gambás, ouriços, micos, jacus, capivaras, cobras, abelhas e marimbondos. “Inclusive, tem gente que mata marimbondo, isso é crime. Eu resgato e boto de volta na natureza. Queimar qualquer animal silvestre é crime”, ressalta. O ativista reforça que o Instituto retira ninhos de abelhas e marimbondos gratuitamente como uma ação social às comunidades.
Já o combate a incêndios são realizados com bombas costais, abafadores e equipamentos como foice e facão. “Muita gente pensa que o combate a incêndio é só jogar água, mas não. Precisa conhecer a geografia da região, a flora que existe ali, para assim montar uma logística de combate”, reforça. “Eu falo para os bombeiros, ‘eu não sou bombeiro, eu sou ativista, e o ativista luta até morrer’”, completa. No município, ele conta que de 10 a 15 voluntários ajudam o Instituto. Por vezes, para enfrentar incêndios, contratam bombeiros que estão em seus dias de folga, mas, segundo ele, depende de quanto ele pode pagar no dia.
Durante a tragédia de Petrópolis em 2022, Cláudiomar conta que o Instituto também estava em exercício, e realizou diversos resgates de pessoas, cães e capivaras.
Alguns animais que não podem retornar à natureza, por conta de problemas, como uma coruja que está sem uma das asas, fica na sede do Instituto em espaços com árvores e tratamento. O Instituto tem permissão para cuidar dos animais silvestres.
Outros animais resgatados no município, que ainda precisam de cuidados antes de retornar à natureza, são levados aos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). O Cetas Seropédica, entretanto, recebeu recentemente denúncias de maus-tratos aos animais, que estavam morrendo no local, e chegou a ser interditado, mas reabriu e já recebe novos animais em suas instalações. A responsabilidade é do Ibama, que deve fiscalizar o serviço feito no local.
Questionado, o Ibama afirma que todas as atividades realizadas no Cetas seguem rigorosos protocolos de manejo, bem-estar e saúde animal. “O INEA e o Ibama realizam fiscalizações regulares para assegurar que os animais sob cuidados em centros de triagem ou manutenção estejam recebendo o tratamento adequado, observando padrões técnicos e legais vigentes”.
O Inea ressalta que atua no resgate de animais silvestres nas unidades de conservação estaduais que administra. A fauna silvestre resgatada pelo instituto é levada, ou para o Cetas, em Seropédica, ou para um dos Centros de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) cadastrados no Inea. Eles ainda podem ser levados para instituições veterinárias parceiras.
Como denunciar ou pedir resgate de animais?
O contato com o Instituto pode ocorrer por meio das redes sociais, no Facebook do Claudiomar Batista II (Instituto São Francisco de Assis), e Instagram @_claudiomar_batista, ou pelo WhatsApp (24)99203-0080.
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