Palácio Quitandinha já foi considerado o maior hotel-cassino da América Latina
Larissa Martins especial para o Diário
A Comissão de Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou na última quarta-feira (19), por 14 votos a 12, o projeto de lei que autoriza o funcionamento de cassinos e bingos no Brasil. A proposta também visa legalizar o jogo do bicho e permitir apostas em corridas de cavalos. Agora, o texto segue agora para votação no Plenário do Senado.
O projeto está em análise no Senado desde 2022 através da PL 2.234/2022, já tendo sido apresentado em 1991. De acordo com o documento, será autorizada a instalação de cassinos em regiões turísticas ou em complexos integrados de lazer, ou seja, resorts e hotéis de alto padrão com no mínimo 100 quartos, além de restaurantes, bares e locais para reuniões e eventos culturais. Também poderão ser instalados em barcos. Já o jogo do bingo poderá ganhar casas em diferentes municípios.
Críticas
O senador Irajá (PSD-TO), relator da PL, afirmou que a iniciativa pode gerar 1,5 milhão de empregos no país. Além disso, a arrecadação potencial seria de R$ 22 bilhões por ano, de acordo com ele. O valor seria distribuído entre municípios, união e estados.
Entretanto, a proposta tem sido alvo de críticas de outros senadores que são contra a aprovação. Essa atividade de fato abre um espaço muito largo para a lavagem de dinheiro e para a ocupação e legitimação de organizações criminosas. O bandido não deixa de ser bandido porque sua atividade foi legalizada, afirmou o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).
Entre a população, a novidade também não agradou. Para a atendente, Evelin Fernandes, o retorno só irá provocar perda de dinheiro. Acho que a decisão é uma péssima ideia. O trabalhador já não tem muito dinheiro estando tudo caro. Se as pessoas voltarem a ter o hábito de jogar, só vai começar a perder quantias e se endividar ainda mais, diz.
O mecânico, Diogo Oliveira, pensa da mesma forma. Acredito que dessa forma mais dinheiro será tirado da população, pontua.
Para o inspetor de qualidade, Douglas Barbosa, a decisão traz incertezas. Eu não tenho uma opinião formada sobre isso, porque durante muito tempo foi comum em Petrópolis. Nas também abre portas para o tráfico e lavagem de dinheiro, analisa.
A auxiliar de necropsia, Eduarda Chaves, frisa que é um desserviço á população. Por conta de jogos de azar, muitas pessoas acabam entrando em dívidas, viciando e dão fim à própria vida, em alguns casos. Acredito que seja um retrocesso, alega.
Hotel-cassino de Petrópolis
Petrópolis já sediou o maior hotel-cassino da América Latina, onde se encontra o Palácio Quitandinha - que abriga apartamentos e o Centro Cultural do Sesc - atualmente. Ele foi inaugurado em 1944, com aproximadamente 60 mil metros quadrados de área, incluindo o lago na parte da frente. O prédio faz referência ao estilo normando, tendência dos grandes cassinos europeus. Decorado com inspiração nos cenários hollywoodianos, pela cenógrafa e decoradora Dorothy Draper.
Segundo informações disponibilizadas pelo Sesc Rio, tudo começou no século XVIII, época do Ciclo do Ouro, quando Petrópolis era dividida em quatro fazendas: Fazenda do Córrego Seco, Fazenda Itamarati, Fazenda do Padre Correia e a Fazenda Quitandinha. A terra foi comprada em 1939 pelo mineiro Joaquim Rolla empresário e proprietário de vários cassinos.
Proibição
Ao longo de dois anos, a casa recebeu inúmeros artistas renomados por oferecer boates, cinemas, quadras de esportes, pista de patinação no gelo, piscinas térmicas, saunas, pista de hipismo e, claro, o salão de jogo. Foi em 1946 que as atividades encerraram após ser proibido o funcionamento de cassino no país, valendo até os dias atuais. A determinação veio através do decreto feito pelo presidente da época, Eurico Gaspar Dutra. O Sesc Rio assumiu a administração do espaço em 2007, passando a chamar Sesc Quitandinha até então.
O Centro Cultural Sesc Quitandinha se dedica a promover manifestações artísticas de todas as linguagens, atraindo a Petrópolis visitantes e investimentos que geram qualidade de vida à população. O tema "cassino" está circunscrito apenas ao resgate histórico da edificação, construída nos anos 1940 para esse fim. Desde que o Sesc RJ adquiriu o espaço monumental do Quitandinha, em 2007, trabalhamos para preservar a sua memória e a levar cultura e entretenimento aos petropolitanos e turistas. As áreas de atuação do Sesc RJ são assistência, cultura, educação, lazer e saúde.
*Com informações da Agência Senado
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