Após a Cúpula dos Líderes do G20, o presidente e a ministra Nísia Trindade se juntaram ao diretor-geral da Organização Mundial da Saúde para anunciar os resultados da Rodada de Investimento
Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta terça-feira (19), do anúncio dos resultados da Rodada de Investimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) mecanismo que permite que os países troquem o pagamento de dívida por investimentos em saúde. A divulgação foi feita em conjunto com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, no Rio de Janeiro, após o encerramento da Cúpula dos Líderes do G20, que conta com um Grupo de Trabalho de Saúde.
“Enquanto a OMS recebe 2 bilhões de dólares por ano para tentar ajudar problemas de saúde no mundo inteiro, a gente tem, só para guerra, um orçamento de 2,4 trilhões de dólares. Vocês imaginam que para destruir vidas e a infraestrutura que levou anos para ser construída por pessoas, os países ricos investem muito mais do que para salvar vidas. Essa é a contradição do mundo que nós vivemos hoje. E é por isso que nós trouxemos o tema da desigualdade, do combate à fome e à pobreza no G20”, ressaltou o presidente.
Lula classificou o debate sobre saúde no G20 como um caminho importante para garantir aos responsáveis por cuidados de saúde o investimento necessário para evitar doenças que, segundo ele, não deveriam mais existir. “Para a gente não ver mais o sofrimento das pessoas que morreram com Covid, muitas vezes por falta de uma máquina para ajudá-los a respirar e por falta de vacina”, afirmou.
“A gente precisa garantir que a OMS possa investir em pesquisa de vacina para que a gente não tenha mais que ver as pessoas morrerem, muitas vezes precocemente, porque não tiveram o tratamento adequado. Eu sou um soldado nessa luta para que a gente possa arrecadar dinheiro suficiente para que a Organização Mundial da Saúde possa cumprir com a sua função”, completou Lula.
A ministra Nísia Trindade destacou que os investimentos são destinados a dar sustentabilidade ao sistema multilateral de saúde. “Com essa rodada de investimentos, reafirmamos a visão do Brasil e agora, também, de todos os líderes dos G20 expressas na sua declaração final de que nós devemos fortalecer os organismos multilaterais e, na saúde, trabalhar junto à OMS para que possamos ter esse fortalecimento e de fato ter uma equidade e o fortalecimento da saúde global. Então, ao falarmos de rodada de investimentos, falamos de equidade e acesso à saúde como aspectos importantes”, declarou Nísia.
“O combate à fome, à pobreza e à desigualdade são prioridades do Brasil, bem como a mudança na governança global, de modo a promover equidade entre os países. E o enfrentamento às mudanças climáticas, para que os países elevem o nível de suas ambições e adotem o princípio das responsabilidades comuns, ainda que diferenciadas imperativo da justiça climática. Essas prioridades estiveram expressas nas propostas do Grupo de Trabalho da Saúde no G20”, acrescentou Nísia.
No final de outubro, a Cúpula de Ministros da Saúde do G20 encerrou com acordo unânime sobre mudanças climáticas, equidade em saúde e Uma Só Saúde. Os ministros reconheceram a urgência de enfrentar as crises de saúde causadas pela mudança climática, enfatizando a necessidade de recursos financeiros sustentáveis e uma abordagem integrada e intersetorial. Nesse contexto, a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram destacados como essenciais para promover a saúde e o bem-estar para todos.
Também foi consenso a criação da Coalizão Global para Produção Local e Regional, que visa promover o acesso a vacinas, terapias e novas tecnologias de saúde, com foco em doenças negligenciadas e populações vulneráveis, evitando a duplicação de esforços com iniciativas existentes. As declarações enfatizam a necessidade de fortalecer as capacidades de saúde digital e de abordar a escassez de profissionais de saúde, especialmente em contextos de emergência.
“A OMS requer hoje, mais do que nunca, um orçamento adequado, previsível e flexível. Não direcionado a projetos específicos, mas de modo a oferecer à Organização a possibilidade de atender de fato às demandas dos Estados-membros que sejam aprovadas nas suas instâncias decisórias. A OMS não terá sentido se não for uma agência efetivamente multilateral. Um exemplo de um multilateralismo ao mesmo tempo eficaz, responsável, ambicioso e equilibrado”, concluiu a ministra Nísia Trindade.
Tedros Adhanom frisou que os aportes são essenciais para fortalecer a saúde nos 194 Estados-membros da OMS. “Por meio de vários eventos regionais e agora, na Cúpula de Líderes do G20, recebemos 70 promessas que valem 1,7 bilhão de dólares. Dessas promessas, mais da metade são de contribuidores inéditos à OMS, como também de 21 países de renda média no mundo inteiro. Com essa rodada de investimento e outros acordos de financiamento, a gente pode agora receber 3,7 bilhões de dólares, que é a contribuição que precisamos para realizar a estratégia durante quatro anos”, disse o diretor-geral.
A Declaração Final do G20, publicada em consenso dos líderes na noite de segunda-feira (18), reitera o papel central e coordenador da Organização Mundial de Saúde (OMS) na arquitetura global de saúde, apoiado por um financiamento adequado, previsível, transparente, flexível e sustentável. Os chefes de Estado do grupo reafirmaram o compromisso de construir sistemas de saúde mais resilientes, equitativos, sustentáveis e inclusivos, capazes de fornecer serviços de saúde integrados e centrados nas pessoas, incluindo saúde mental, e de alcançar a Cobertura Universal de Saúde, focando em aprimorar os serviços essenciais de saúde e os sistemas de saúde para níveis acimas dos pré-pandêmicos nos próximos anos.
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