Grupo de alunos e docentes da Estácio Petrópolis celebra a data com uma visita ao importante Museu da Loucura em Barbacena, em Minas Gerais
Maio é um mês de suma importância no que diz respeito à saúde mental no Brasil, reivindicando práticas mais humanizadas, inclusivas e libertadoras. Desde a década de 70, movimentos sociais, trabalhadores da saúde, militantes, usuários e familiares vêm se organizando em torno da Luta Antimanicomial, um movimento que denuncia as violências históricas cometidas pelo estado e pela psiquiatria em nome de uma suposta “razão”. O marco principal dessa luta é o 18 de Maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, instituído em memória do Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, realizado em 1987, na cidade de Bauru (SP).
Em 2001 o Brasil trilhou seu caminho com a aprovação da Lei nº 10.216, que redirecionou a assistência psiquiátrica para uma lógica territorial e comunitária, promovendo a substituição dos antigos manicômios por serviços dentro da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS/ SUS). Este movimento foi inspirado no trabalho de Franco Basaglia e Franca Basaglia, com foco na Psiquiatria Democrática, que culminou na Lei 180/78, na Itália, responsável pelo fechamento progressivo dos manicômios no país.
“Compreender essa luta passa por revisitar a memória das instituições que materializaram o manicômio como espaço de exclusão e violência. Nesse sentido, a cidade de Barbacena, em Minas Gerais, é um símbolo trágico e necessário”, explicou o coordenador do curso de Psicologia da Estácio Petrópolis, Lucas Rocha.
No chamado Hospital Colônia de Barbacena, mais de 60 mil pessoas foram mortas entre as décadas de 1930 e 1980, vítimas de maus-tratos, negligência e abandono. Pessoas pobres, negras, mulheres, homossexuais, órfãos e indesejados pela sociedade eram sistematicamente internados, muitas vezes sem diagnóstico, num verdadeiro genocídio silencioso, como denuncia Daniela Arbex em seu livro-reportagem "Holocausto Brasileiro".
Para conhecer de perto esta história, um grupo de estudantes e docentes do curso de Psicologia da Estácio Petrópolis esteve na cidade mineira para uma visita ao Museu da Loucura, instalado no próprio complexo do antigo hospital.
“Foi mais que uma visita técnica e uma atividade acadêmica, na verdade, um gesto ético e político, que possui um peso formativo muito importante. O museu, inaugurado em 1996, busca preservar a memória dessas vidas silenciadas, expondo prontuários, objetos pessoais e fotografias, e oferecendo aos visitantes uma experiência de reflexão profunda sobre o passado e o futuro da saúde mental no país”, contou Lucas.
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