Brasil alcança a marca de 70 mil jovens contratados no primeiro semestre de 2025
Larissa Martins
O Centro de Integração Empresa- Escola (CIEE), que há 61 anos atua na inclusão de jovens na economia produtiva, registrou a contratação de 619 aprendizes até agosto de 2025, em Petrópolis. No mesmo período do ano passado foram 516.
A efetivação ao término do contrato está sujeita a fatores como a disponibilidade de vagas CLT nas empresas e desempenho dos aprendizes durante o período do contrato.
“Os nossos jovens aprendizes estão entendendo muito bem esta necessidade de conhecimento, até porque a maioria deles vêm de famílias que não tiveram nenhum acesso à educação. Muitos são os primeiros a terem uma formação e capacitação na família, para o mundo do trabalho. E o Programa Jovem Aprendiz proporciona renda para o jovem e formação, com uma possibilidade bastante grande de ocorrer uma efetivação. Estamos atentos a este novo momento de um mundo globalizado e capacitando nossos jovens com a melhor metodologia para o mundo do trabalho”, diz Luiz Gustavo Coppola, superintendente do CIEE Rio.
Vagas
Neste momento, o CIEE oferece 59 oportunidades de estágio e aprendizagem em Petrópolis, tanto para estudantes de nível médio quanto superior.
Para quem está cursando o ensino médio, há oito vagas disponíveis. Já no nível superior, os cursos mais comtemplados são Pedagogia (36), Administração (5) e Contabilidade (5). Também há oportunidades para Engenharia Civil (2), Psicologia (2) e Turismo e Hotelaria (1). Para o programa de aprendizagem há seis vagas.
Setenta mil contratados
O primeiro semestre de 2025 fechou com saldo positivo de 69.878 jovens contratados por meio da aprendizagem profissional em todo o Brasil. O número representa um crescimento de 18,6% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registradas 58.919 admissões.
Com esse resultado, o país alcançou, em junho, um estoque total de 668.777 aprendizes ativos, estabelecendo um novo recorde histórico. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), responsável pelo monitoramento da Lei da Aprendizagem (nº 10.097/00).
No acumulado do semestre, o setor industrial liderou as contratações, com 31.217 novos contratos, seguido pelos setores de serviços (19.097), comércio (12.680), construção civil (6.247) e agropecuária (637). Já a área de serviços administrativos concentrou a maior parte das vagas, com 39.479 novas admissões.
Para o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, é incorreta a percepção de que os jovens não querem estudar ou trabalhar. Ele destaca que, entre janeiro e junho de 2025, a maioria das vagas formais foi ocupada por pessoas com menos de 24 anos, segundo dados do Caged.
“Quem disse que o jovem não quer trabalhar com carteira assinada? O que eles realmente rejeitam são chefes autoritários, jornadas exaustivas e salários precários. E isso ninguém quer”, afirma o ministro.
Lei 10.097/2000
A Lei da Aprendizagem (Lei 10.097/2000) determina que toda empresa de grande ou médio porte deve contratar um número de aprendizes, equivalente a, no mínimo, 5% e, no máximo, 15% do seu quadro de funcionários cujas funções requerem formação profissional.
Ela representa uma importante porta de entrada para o mercado de trabalho formal, ao oferecer aos jovens a primeira experiência profissional com carteira assinada. Além disso, contribui para o desenvolvimento de habilidades técnicas e sociais, ampliando suas chances de empregabilidade no futuro.
Relatos
Aprendiz há quase dois anos, Francisco Borges dos Santos, de 18 anos, atua na área administrativa do metrô do Distrito Federal. A oportunidade surgiu ainda durante o ensino médio, concluído em dezembro do ano passado.
Como aprendiz, ele conta que desenvolveu habilidades importantes para o ambiente corporativo, como organização e comunicação. Atualmente, concilia o trabalho com os estudos para o Enem, com o objetivo de ingressar no curso de Psicologia.
“A aprendizagem é um incentivo para continuar os meus estudos. Com o salário que recebo, tenho a oportunidade de comprar cursos que fortalecem o meu conhecimento. Sem esse dinheiro, eu não conseguiria”, contou.
Na mesma empresa, Stefane Santiago Leal, de 22 anos, também participa do programa de aprendizagem e destaca a importância da iniciativa para a inclusão dos jovens no mundo do trabalho.
“Para entrar no mercado de trabalho é exigido experiência, algo difícil de conseguir sem uma primeira chance”, explica. Ela também pretende prestar o Enem, com o sonho de seguir carreira como ilustradora.
Aprendizagem em números
Entre janeiro e junho de 2025, foram firmados 356.739 novos contratos de aprendizagem em todo o país. No mesmo período, 286.861 contratos foram encerrados, resultando em um saldo positivo de 69.878 vínculos ativos.
Do total de jovens contratados, 52,88% eram do gênero feminino e 52,77% tinham até 17 anos. Quanto à escolaridade, 5,24% não haviam concluído o ensino fundamental, 3,16% haviam concluído essa etapa e a maioria, 43,51%, cursava o ensino médio de forma incompleta.
Quem pode ser aprendiz
Podem ser contratados como aprendizes jovens entre 14 e 24 anos, desde que estejam matriculados em instituições de qualificação profissional credenciadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
O programa oferece remuneração proporcional ao salário mínimo por hora trabalhada, com jornada reduzida de até seis horas diárias, o que facilita a conciliação entre trabalho e estudo. A formação técnica é gratuita e combina aulas teóricas com a prática profissional nas empresas.
Além disso, o jovem aprendiz tem direito a FGTS com alíquota de 2%, 13º salário, vale-transporte e férias, que devem, preferencialmente, coincidir com o recesso escolar.
Quem deve contratar
A contratação de aprendizes é obrigatória para empresas de médio e grande porte que possuam pelo menos sete empregados em funções que exijam formação profissional.
Entidades habilitadas
Em Petrópolis há cinco entidades qualificadoras habilitadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. São elas: Senac Petrópolis;
Associação Jovens em Ação;
Centro de Integração Empresa-Escola do Estado do Rio de Janeiro;
Comissão Municipal de Atuação Comunitária de Petropolis;
Senai - Serviço Nacional De Aprendizagem Industrial.
Pé-de-Meia
Em conjunto com a aprendizagem, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, reforça a importancia do Pé-de-Meia, programa do Governo Federal, para evitar a evasão no Ensino Médio.
“O Ensino Médio, talvez, seja o nosso principal calcanhar de Aquiles. Esse é um processo importante para observar que os jovens vêm fazendo esforço para estar no mercado, mas eventualmente ele tem essa dificuldade de estudar e trabalhar. Precisamos ajudar a criar as condições e o Pé-de-Meia foi criado para isso”, frisou.
O programa já alcançou 4,28 mil estudantes em Petrópolis no primeiro semestre de 2025. Ao todo, o município recebeu o investimento de R$ 2,77 milhões no ano.
*Com informações do Governo Federal
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