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Milagre econômico na Argentina

Pedro Peralta - bacharel em economia

Foto: Marcelo Casal Jr / Agência Brasil
Foto: Marcelo Casal Jr / Agência Brasil


No dia 10 de dezembro de 2023, o economista Javier Milei assumiu a presidência da Argentina com a difícil missão de reverter a maior crise da história do país. Ao assumir, a taxa de inflação anunciada pelo governo estava em 25,5% ao mês e quase metade da população vivia na pobreza. Em 2023, a inflação anunciada foi de 211,4%.

Em pouco mais de meio ano de governo, a inflação anunciada pelos órgãos governamentais argentinos foi de 5,2% em junho, um patamar quase cinco vezes menor do que seis meses antes. No entanto, o que passou quase despercebido é que Milei zerou a inflação real. A inflação anunciada pelo governo não é a inflação verdadeira. Os governos tentam nos vender a ideia errada de que a inflação é o aumento generalizado dos preços, mas isso é na verdade a consequência da inflação, que consiste no aumento da base monetária pelo Banco Central, o que gera a perda do poder de compra da moeda.

Inflação é, na verdade, o ato de inflar a base monetária, ou seja, imprimir dinheiro. O índice que mostra a inflação real é o M2 (money supply), que indica a quantidade total de moeda em circulação. No Brasil, o governo anuncia o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como se fosse a inflação. Na Argentina, o governo utiliza o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC).

Quando o Banco Central de um país imprime mais dinheiro do que o aumento real da economia, a perda do poder de compra da moeda resulta em preços mais altos no supermercado. É por isso que os preços aumentam acima do IPCA, pois esse índice não revela a inflação verdadeira. A economia argentina está estagnada desde 2011, sem crescimento real. Entretanto, cada vez mais dinheiro foi entrando em circulação sem demanda correspondente, fazendo com que o peso argentino perdesse valor rapidamente.

Javier Milei assumiu com a importante missão de desligar a máquina de imprimir dinheiro e conseguiu. Adotou uma política de déficit zero, aboliu as políticas de controle de preços e já cortou 35% dos gastos do governo. Isso resultou no primeiro superávit mensal do país em 12 anos e no primeiro superávit trimestral em 16 anos. Já são cinco meses consecutivos em que a Argentina registra superávit fiscal. Em 2023, o déficit havia sido de 5% do PIB argentino. No Brasil, o déficit de 2023 foi de estarrecedores 9,45% do PIB brasileiro, o que nos fornece uma ideia de para onde estamos caminhando.

Graças às medidas de contenção de gastos, Milei conseguiu cessar completamente a impressão monetária que era feita para custear a dívida de 58 bilhões de dólares contraída pelo próprio Banco Central da Argentina. Em outubro de 2023, foram impressos pesos equivalentes a quase 6 bilhões de dólares apenas para custear os juros dessa dívida. Agora, o governo não precisa mais imprimir pesos para custeá-la. Quem sabe um dia o Brasil também não tenha um presidente comprometido em privatizar empresas estatais e extinguir ministérios, secretarias, cargos e subsídios.

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