Bruna Nazareth - especial para o Diário
O Dia Mundial da Raiva, marcado em 28 de setembro, tem como objetivo conscientizar a população sobre os riscos e impactos da doença, incentivando a luta contra a raiva em todo mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a raiva está presente em todos os continentes e atinge mais de 150 países, sendo responsável por cerca de 60.000 mortes humanas por ano, com a maioria dos casos tendo os cachorros como principal fonte de infecção.
Após o período de incubação, os principais sintomas dessa enfermidade são: mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, náuseas, irritabilidade, inquietude, entorpecimento e sensação de angústia.
A infecção da raiva pode surgir manifestações mais graves e complicadas, como: ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes, febre, delírios e espasmos musculares involuntários, generalizados,e/ou convulsões.
Apesar desse cenário alarmante, muitas pessoas ainda desconhecem o que é verdade ou mentira sobre a raiva. Por isso, Felipe Filgueiras Facklam, veterinário responsável técnico pela clínica escola da Estácio, esclarece os principais mitos e verdades sobre a transmissão da doença.
Mitos
A mordida de um animal infectado é considerada a forma mais comum de contágio? Além disso, é verdade que apenas cães podem transmitir o vírus da raiva ou há possibilidade de um ser humano infectar um animal?
“A raiva é transmitida principalmente pela saliva de animais infectados, com a mordida sendo o meio mais comum de contágio. Isso ocorre porque o vírus está presente em grande quantidade na saliva do animal, sendo diretamente inoculado no organismo da vítima através da pele ou mucosas. Embora os cães sejam uma das principais fontes de transmissão, outros mamíferos, como gatos, morcegos, macacos e raposas, também podem transmitir o vírus. O ser humano, no entanto, não transmite raiva para os animais”
Se o animal parecer saudável, ele não transmite raiva?
“Mito: Animais aparentemente saudáveis podem transmitir a raiva. O vírus pode estar presente no animal antes do surgimento de sintomas visíveis. Isso significa que, mesmo que um animal pareça saudável, ele pode estar em fase de incubação da doença e ainda ser capaz de transmitir o vírus”
Uma vez que uma pessoa é mordida por um animal com raiva, não há mais nada a fazer?
“Mito: Se uma pessoa for mordida, há medidas que podem ser tomadas para prevenir o desenvolvimento da raiva. Lavar imediatamente o local da mordida com água e sabão e procurar atendimento médico para avaliar a necessidade de profilaxia pós-exposição (vacinação antirrábica e, em alguns casos, soro antirrábico) são ações fundamentais”
É verdade que todos os animais de rua representam risco de transmissão da raiva, ou apenas os que apresentam sintomas específicos?
“Mito: Nem todos os animais de rua representam risco de transmissão da raiva. O risco está relacionado ao estado de saúde do animal e se não há vacinação, e nem todos os animais sem dono são portadores do vírus. No entanto, qualquer mamífero pode estar infectado, independentemente de apresentar sintomas. É sempre importante agir com cautela em relação a animais desconhecidos”
Verdades
A vacinação regular de cães e gatos é a melhor forma de prevenção? Quais são as formas corretas de prevenção?
“Sim, a vacinação regular de cães e gatos é uma das formas mais eficazes de prevenir a raiva. Além disso, evitar contato com animais de rua ou silvestres, educar a população sobre os riscos e realizar campanhas de vacinação e conscientização em áreas de risco são estratégias essenciais de prevenção. Campanhas de controle populacional, como a castração, são importantes para o controle de zoonoses”
O isolamento e a observação do animal agressor por 10 dias podem ajudar a determinar a necessidade de profilaxia em humanos?
“Sim. O período de observação de 10 dias é fundamental para monitorar o comportamento do animal agressor. Se ele permanecer saudável ao final desse período, é improvável que estivesse transmitindo raiva no momento da mordida. Isso pode evitar a necessidade de profilaxia em humanos, desde que a observação seja rigorosamente realizada por um profissional de saúde animal”
A raiva pode ser transmitida pelo contato com a saliva de um animal infectado em objetos ou superfícies?
“Verdade parcial: A raiva pode ser transmitida pela saliva de um animal infectado, mas a transmissão por contato com objetos ou superfícies é altamente improvável. O vírus não sobrevive muito tempo fora do organismo hospedeiro, e a principal forma de transmissão é através de mordidas ou arranhões que permitem a entrada do vírus no corpo”
A vacinação de animais domésticos é tão importante na prevenção da raiva, mesmo que o animal não tenha contato com outros animais de rua?
“A vacinação de animais domésticos é essencial porque o contato com animais potencialmente infectados pode ocorrer de forma imprevista, seja com animais de rua ou silvestres. A vacinação protege tanto o animal quanto os humanos que convivem com ele, evitando a propagação do vírus em áreas urbanas”
*Com informações da Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde
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