Darques Júnior Especial para o Diário
Nessa terça-feira (16), em audiência realizada na 4° Vara Civil de Petrópolis, conduzida pelo Dr. Jorge Luiz Martins Alves e pela promotora titular da 2° Promotoria de Justiça e Tutela Coletiva de Petrópolis, Vanessa Katz, o Ministério Público solicitou à Enel Rio, com prazo de 24 horas, a apresentação dos indicadores de atendimento emergencial previstos na Normativa nº 345/2008 da ANEEL, ou em normas que a tenham substituído, para avaliar a efetividade do plano de contingência apresentado pela empresa. Após o envio das informações, o órgão pediu nova vista para manifestação, que ainda aguarda a decisão do juiz.
Perante o juiz, os representantes da Enel relataram a dinâmica sazonal no período de festas do fim de ano. A mobilização de mais de 91 equipes estará distribuída em 100% nas vésperas de Natal e Ano Novo, 60% nos dias de Natal e no primeiro dia de 2026, e 50% do efetivo entre os dias 27 e 28 de dezembro e 03 e 04 de janeiro do próximo ano. “A mobilização poderá ser intensificada com recrutamento de 100% do efetivo e com equipes de outras bases operacionais, prática utilizada para reforçar a estrutura operacional em situações de crise”, disse Thais Almeida Peres, responsável técnica de manutenção do Polo Operacional da Região Serrana da Enel.
Thais explica que, nos meses de agosto, a empresa inicia uma solicitação e o manejo das equipes que, até então, estavam com o foco para os atendimentos de manutenção, iniciando a migração para o processo de emergência. Thais ainda menciona que, no dia 10 de dezembro, 57 mil pessoas foram afetadas pela falta de energia na cidade por conta do evento climático, todavia, apenas 296 reclamações foram registradas no dia. “Das 138 equipes da área de concessão, 26 atuam em Petrópolis e 45 na Região Serrana, por 24h. As equipes emergenciais possuem dois componentes em viatura pesada, uma Hilux”, finalizou. Thais ainda comenta que houve 10% no aumento da equipe na Região Serrana.
Além da responsável pela manutenção da Enel, o gerente de operações da Enel na Região Serrana, Rodrigo Luiz de Almeida, disse que a concessionária está num movimento de internalização da mão de obra técnica das atividades de manutenção, emergência, poda, dentre outras atividades exercidas pela empresa. “No momento, das 138 equipes da nossa base, oito delas já são de responsabilidade da Enel e, em horário de pico, que atinge entre 07h30 às 17h, 61 equipes podem atuar nos atendimentos emergenciais em Petrópolis”, falou.
Por outro lado, o titular do Núcleo de Tutela Coletiva da Defensoria Pública de Petrópolis, Dr. Lucas Nunes, relatou o que presenciou, se deslocando até as comunidades da Fazenda Inglesa e Rocio. Após diversas denúncias de que, há mais de quatro dias estavam sem energia elétrica, por conta dos temporais que acometeram a cidade nos dias 9 e 10 de dezembro, o defensor acessou ao site da concessionária, onde havia mais de 1.600 reclamações registradas, na manhã de sábado (13). Ele então moveu uma medida no plantão judiciário e, pela tarde do mesmo dia, foi concedida a liminar.
Na manhã do dia 15 de dezembro, as reclamações se seguiram, mesmo após uma semana do ocorrido e, à tarde, acompanhado de sua equipe, Dr. Lucas realizou uma visita nas comunidades, onde, na Fazenda Inglesa, presenciou uma vila com cerca de 60 pessoas, que estavam sem luz desde terça-feira (09). “Entrei em contato com o ouvidor da Enel, Sr. Cristiano Garcia, que após contato enviou uma equipe ao local para a realização da poda das árvores sobre fiação, onde a luz retornara a noite”, disse.
Na Estrada do Rocio, o defensor se deparou com os moradores da região informando que, o retorno da energia ocorrera com a potência muito alta, havendo risco de curto circuito nos eletrodomésticos, não havendo retorno pleno da energia no local. “Percebemos que a população sente falta de uma empresa com funcionários que tenham vínculos com a cidade de Petrópolis, diversas pessoas retrataram que as equipes de operação eram oriundas de outros municípios e que faltava empatia no atendimento prestado. Por fim, importante registrar, que o aumento nas equipes de emergência não pode significar na redução das equipes de manutenção durante o período de chuva, pois a manutenção não pode ser interrompida”, finalizou.
Também foi realizada uma audiência sobre a crise do lixo na cidade, mas, não houve decisão até o fechamento desta edição.
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