Rio de Janeiro é o estado com o maior percentual de empreendedoras no país
Jaqueline Gomes
A força e a capacidade das mulheres são inegáveis. Segundo dados do Sebrae, 10,1 milhões de negócios brasileiros foram fundados e são chefiados por mulheres. De acordo com o levantamento feito pelo Sebrae/RJ, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), o Rio de Janeiro é o estado com o maior percentual de empreendedoras no país. Ao todo, as mulheres representam 39% de quem empreende, acima da média nacional que é de 34%. Em 2024, houve um crescimento de 4% de mulheres abrindo negócios no estado, em comparação ao ano anterior.
De acordo com a pesquisa Think Tank, da Fundação Getúlio Vargas, metade das mulheres são demitidas em até dois anos após a licença-maternidade. Diante de um cenário de incerteza no mercado, parte dessa força de trabalho feminina busca no empreendedorismo meios de sustentar a família.
Fernanda Machado, especialista em empreendedorismo feminino e CEO do Festival Conectadas, aponta as principais características das empreendedoras. “Empreender exige coragem, visão e, principalmente, disposição para aprender todos os dias. É preciso ter propósito, entender qual problema você resolve com o seu produto ou serviço e acreditar no seu potencial. Nem sempre você começa com todos os recursos, mas começa com vontade e comprometimento. Empreender é ter iniciativa, resiliência e saber se adaptar aos desafios sem perder o foco no objetivo”, analisa.
Além disso, as mulheres que desejam abrir um negócio próprio precisam conhecer o seu potencial e suas habilidades para entender qual o melhor serviço o produto que podem oferecer. “O primeiro passo é se conhecer: entender suas habilidades, seus valores e o estilo de vida que você quer construir. Depois, identificar uma ideia que resolva uma dor real no mercado. A partir daí, vem o planejamento: pesquisar o público, definir o modelo de negócio, estruturar os custos e pensar na divulgação. E acima de tudo: começar! Mesmo que pequeno, com estrutura simples, o importante é dar o primeiro passo e testar o mercado”, orienta Fernanda.
Como lidar com o etarismo
Ao contrário do mercado de trabalho tradicional, onde fica cada vez mais difícil encontrar uma colocação com o avanço da idade, para a especialista, empreender não tem idade tem vontade. “Já vi mulheres começando aos 20, outras aos 50, com igual potência. A maturidade, inclusive, é um diferencial: ela traz experiência, rede de contatos, sabedoria emocional. O importante é ter disposição para aprender, se adaptar às novas tecnologias e manter a mente aberta. Cada fase da vida traz oportunidades únicas para empreender”, avalia.
Fernanda Machado também recomenda fazer cursos e capacitações que ampliem o conhecimento para que o negócio se desenvolva. “Hoje existem muitas opções acessíveis, inclusive gratuitas. O Sebrae, por exemplo, oferece cursos excelentes sobre plano de negócios, gestão financeira, marketing e vendas. Plataformas como o YouTube, Hotmart e até universidades têm formações online. O mais importante é buscar conhecimento continuamente, inclusive nas trocas com outros empreendedores, como no Festival Conectadas. Aprender na prática e se manter em movimento são as maiores escolas”, sugere.
Como escolher o negócio ideal?
O negócio ideal é aquele que une três pontos: o que você ama fazer, o que você sabe fazer bem e o que o mercado precisa. Quando você encontra esse equilíbrio, o trabalho se torna mais leve e sustentável. Não adianta empreender só pelo que está na moda. É importante se perguntar: 'Eu resolveria esse problema com meu serviço? Eu compraria esse produto?' Empreender com verdade faz toda a diferença, explica a especialista.
Outra dica importante que Fernanda dá para quem quer começar a empreender é fazer uma pesquisa de mercado. “É o que evita que você empreenda no escuro. Ela pode ser feita de forma simples, perguntando a possíveis clientes o que consomem, quanto pagariam, o que sentem falta no mercado. Vale usar redes sociais, formulários online, conversar com pessoas da área e observar a concorrência. Quanto mais informação você tiver sobre seu público e seus hábitos, melhores serão suas decisões”, recomenda.
Dependendo do segmento, da estrutura inicial e da dedicação do empreendedor, em geral, o retorno financeiro começa a se firmar entre 12 a 24 meses. “Os primeiros meses costumam ser de investimento e construção de marca.
É importante ter paciência e consistência. O crescimento não é imediato, mas quando há planejamento, estratégia e propósito, os resultados vêm”, avalia.
O investimento inicial varia muito de acordo com o tipo de negócio, de acordo com Fernanda. “Hoje é possível começar com baixo investimento, especialmente em negócios digitais, serviços ou vendas pelas redes sociais. Alguns começam com R$500, outros com R$5 mil. O importante é planejar: levantar os custos fixos, materiais, divulgação e criar uma reserva mínima para os primeiros meses. E lembrar que tempo, dedicação e rede de contatos também são investimentos fundamentais”, conclui a especialista em empreendedorismo feminino.
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