Edição anterior (3881):
domingo, 25 de maio de 2025


Capa 3881

Mulheres ocupam menos cargos de liderança, mesmo estudando mais

Aponta levantamento realizado pela Confederação Nacional das Indústrias

Foto: Acervo Pessoal
Foto: Acervo Pessoal


Jaqueline Gomes

Mesmo sendo mais capacitadas e se especializando mais que os homens, as mulheres ainda ocupam menos cargos de lideranças em empresas no Brasil. Os dados são de um levantamento realizado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que apontam que as mulheres ocupam 39,1% dos cargos de liderança no país. O estudo foi feito com dados do ano de 2023 e representa um aumento de 4% nos últimos 10 anos. Mesmo ocupando menos cargos de chefia, as mulheres empregadas estudam em média 12 anos, enquanto que os homens dedicam 10,7 anos aos estudos, em média. Ainda segundo a pesquisa, a equidade salarial também aumentou, porém em ritmo reduzido. Caso se mantenha neste compasso, serão necessários aproximadamente 130 anos para que haja igualdade de salários entre homens e mulheres.

De acordo com Andréia Roma, especialista em liderança e CEO da Editora Leader, este fenômeno ocorre por falta de estrutura das empresas. “Infelizmente, a desigualdade estrutural ainda é muito presente nas organizações. As mulheres já provaram sua competência, estão entre as mais qualificadas academicamente, mas seguem enfrentando barreiras invisíveis como o viés inconsciente, a falta de oportunidades e a resistência cultural ao seu
protagonismo. O problema não está na falta de preparo, mas na ausência de espaço e reconhecimento”, analisa.

Para mudar este cenário é preciso uma reestruturação nas organizações e políticas inclusivas, diz a especialista. “É preciso abrir espaço real para a liderança feminina, e isso começa com vontade institucional, políticas inclusivas e o combate ativo a práticas que sustentam a desigualdade. Como mulher e CEO da Editora Leader, criei o Selo Editorial Série Mulheres, registrado no Brasil e em 182 países, justamente para valorizar a voz da mulher na literatura e criar visibilidade para trajetórias que inspiram e transformam. O mesmo precisa acontecer em todas as áreas: abrir portas e dar visibilidade”, alerta.

As mulheres são reconhecidas por sua capacidade de administrar os lares, trabalhar fora, cuidar dos filhos e ainda ter vida social. “Mais mulheres na liderança significa mais inovação, mais equilíbrio emocional e mais visão sistêmica. Estudos mostram que equipes diversas entregam melhores resultados. Mas, além dos dados, há o impacto humano: quando uma mulher assume um cargo de poder, ela representa todas as que ainda sonham com essa
possibilidade. Ela muda a cultura da empresa e inspira uma nova geração”, explica Andréia.

Mesmo com todos estes atributos, as mulheres ainda são preteridas em cargos de chefia, o que em muitos casos pode ser considerado sexismo, discriminação ou preconceito baseado no sexo ou no gênero. “Esse cenário pode ser considerado sexismo sim, e muitas vezes é. Quando a competência feminina é constantemente questionada ou ignorada, estamos diante de um sexismo estrutural. A primeira atitude é nomear o problema, depois buscar diálogo, formação e, se necessário, medidas legais e institucionais. O silêncio nunca deve ser uma opção. A mudança começa quando o preconceito deixa de ser normalizado”, orienta a especialista.

“É fundamental que a mulher conheça seus direitos, invista em sua formação e esteja cercada de outras mulheres que a fortaleçam. O que tenho visto ao longo dos anos é que quando uma mulher encontra sua voz, ela transforma não só a própria vida, mas o ambiente ao seu redor. O segredo está em ocupar os espaços com firmeza e propósito, mesmo que eles não tenham sido desenhados para nós”, afirma Andréia.

Um outro obstáculo enfrentado pelas mulheres é o preconceito quanto à idade. Quanto mais velha, menos oportunidades. A especialista em liderança aconselha: “é preciso ter coragem para romper padrões e ressignificar narrativas. O etarismo é cruel porque tenta limitar o valor da mulher ao tempo. Mas a experiência, a maturidade e a bagagem de vida são forças que nenhuma inteligência artificial poderá substituir. A mulher precisa se apropriar da própria trajetória com orgulho, e a sociedade precisa aprender a valorizá-la em todas as fases. O nosso tempo é agora com a idade que temos”, conclui Andréia Roma.

Edição anterior (3881):
domingo, 25 de maio de 2025


Capa 3881

Veja também:




• Home
• Expediente
• Contato
 (24) 99993-1390
redacao@diariodepetropolis.com.br
Rua Joaquim Moreira, 106
Centro - Petrópolis
Cep: 25600-000

 Telefones:
(24) 98864-0574 - Administração
(24) 98865-1296 - Comercial
(24) 98864-0573 - Financeiro
(24) 99993-1390 - Redação
(24) 2235-7165 - Geral