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Museu Imperial: 85 anos de história

Foto: Caio Garin
Foto: Caio Garin

Maurício Vicente Ferreira Jr.

Diretor do Museu Imperial Ibram MinC

O Museu Imperial comemora os primeiros oitenta e cinco anos de existência consolidando a posição de referência nacional para o estudo do período monárquico brasileiro e da cidade de Petrópolis.  E essa dupla representatividade é fruto da sua própria gênese e da história da edificação que o abriga, pois, como costumo dizer, a ideia do palácio é anterior à da cidade. Assim, existe uma relação umbilical entre a Casa da Vilegiatura da Família Imperial brasileira e a Cidade de Petrópolis.

Alcindo de Azevedo Sodré, ex-aluno do educandário que ocupou o Palácio Imperial de Petrópolis entre 1909 e 1939, o Colégio São Vicente de Paulo, foi um político e intelectual que sonhava, desde criança, transformar a residência favorita de D. Pedro II em um museu dedicado à memória do último imperador do Brasil.   Perseverante, encontrou na estrutura do governo estado-novista do presidente Getúlio Vargas as condições necessárias para a concretização de seu projeto de vida. No entanto, o ideário de Estado do governo Vargas visava construir valores identitários para a nação e o projeto de Sodré sofreu alterações. Assim, o conceito de sede da vilegiatura imperial precisou conviver com o de museu de história do período monárquico brasileiro. E a dualidade própria à criação da instituição orientou a formação de seu acervo e, consequentemente, a organização do circuito de exposição permanente.  Desde a sua criação, portanto, o Museu Imperial é uma casa histórica e um museu de História, simultaneamente.

Ao longo de oito décadas, o museu reuniu mais de 300 mil itens documentais, bibliográficos e artísticos da história nacional, com ênfase no século XIX. Ao mesmo tempo, reforçou a relação com a cidade de Petrópolis ao incorporar inúmeras coleções relativas à história local, como o acervo do Museu Histórico de Petrópolis instalado no Palácio de Cristal, em 1938. Com o objetivo de universalizar o acesso aos bens sob sua guarda, o museu criou o Projeto de Digitalização do Acervo do Museu Imperial (Projeto DAMI), que disponibiliza as coleções da instituição no portal https://museuimperial.museus.gov.br/ , onde já é possível consultar mais 125 mil imagens.  Já o complexo formado pelo palácio, jardins e acervo histórico e artístico atrai um público superior a 300 mil pessoas/ano, elevando o Museu Imperial à condição de mais visitada unidade pertencente ao Instituto Brasileiro de Museus do Ministério da Cultura.

Faz parte, ainda, do Museu Imperial a seccional Casa de Cláudio de Souza, localizada na Praça da Liberdade, 247, área central de Petrópolis. O espaço foi doado à União por Luísa Leite de Souza, viúva do escritor Cláudio de Souza, para ser anexada ao Museu Imperial e receber atividades culturais. A seccional oferece uma exposição que recria alguns cômodos com ambientação original, uma biblioteca da coleção petropolitana do escritor, com cerca de 660 obras, e uma galeria para exposições temporárias, além de funcionar como centro cultural, promovendo eventos ligados à literatura e às artes. A casa também sedia quatro instituições: Instituto Histórico de Petrópolis, Academia Petropolitana de Letras, Academia Brasileira de Poesia e Academia Petropolitana de Educação. Outro espaço administrado pelo Museu Imperial é a subunidade Casa Geyer, localizada no bairro Cosme Velho, no Rio de Janeiro. Doada ao Museu Imperial pelo casal Maria Cecília e Paulo Fontainha Geyer, a casa reúne livros, álbuns, pinturas, gravuras, litografias, desenhos, mapas e demais objetos de arte, adquiridos durante mais de 40 anos, totalizando 4.000 itens. Atualmente, o espaço segue em obras para a instalação de um novo equipamento cultural aberto à visitação pública.

Sensível às novas demandas do mundo contemporâneo, incluindo as transformações operadas no âmbito da museologia e da reflexão e prática nos museus, o Museu Imperial desenvolveu uma série de projetos em caráter permanente, como o espetáculo Som e Luz e Um Sarau Imperial.  Enquanto o primeiro convida o público a uma verdadeira viagem ao período imperial com o emprego de alta tecnologia, o segundo proporciona a vivência de uma atividade de lazer comum no século XIX.  Ambos os projetos alcançaram grande sucesso de público, tendo o espetáculo Som e Luz provocado um impacto muito positivo na economia local, especialmente  nos setores de hotelaria, gastronomia e serviços. Com recursos captados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, o espetáculo Som e Luz será reativado ainda no presente ano para o deleite do público.

Para além das atividades consideradas básicas de preservar, estudar e comunicar os bens sob sua responsabilidade, o Museu Imperial pretende enfrentar novos desafios durante os próximos oitenta e cinco anos. Ampliar seu acervo, completando conjuntos que ainda necessitem de exemplares documentais, bibliográficos e objetuais. E ampliar o número de visitantes, seja através da fidelização de público com a oferta de eventos, serviços e novas opções para a apropriação de suas coleções, seja através da formação de novos públicos, com a expansão dos recursos de comunicação e condições de acesso. Com a ajuda da Sociedade de Amigos do Museu Imperial (SAMI), criada em 1991 para auxiliar o museu no desempenho de suas atribuições, a instituição passou a contar com o prestimoso apoio de cidadãos que, de forma graciosa, têm-se empenhado para o alcance dos objetivos institucionais. Assim, é possível afirmar que o Museu Imperial é, de fato, um patrimônio de todos os brasileiros.

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