São 42 casos de fogo em vegetação neste ano, uma média de um registro a cada três dias
Rômulo Barroso - especial para o Diário
A época mais propensa para ocorrência de incêndios florestais ainda nem começou, mas os números de queimadas em Petrópolis já é preocupante: o total de casos de fogo em vegetação até o último dia 13 é quatro vezes maior do que o mesmo período do ano passado. Em 2024, de acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, foram 42 registros, enquanto em 2023 foram apenas 10. O quantitativo também fica bem acima de 2022, quando foram 16 casos. Isso significa que Petrópolis teve praticamente uma ocorrência a cada três dias nesses quatro meses e meio.
Esse aumento não é uma exclusividade apenas de Petrópolis. No estado todo, o número de acionamento dos Bombeiros mais que dobrou: passou de 2.073 casos entre 1º de janeiro e 10 de maio de 2023 para 4.471 no mesmo período deste ano (alta de 115,6%).
Incêndios florestais, como lembra a Defesa Civil do Rio de Janeiro, provocam danos materiais (destruição de árvores, redução da fertilidade do solo), ambientais (redução da biodiversidade, facilitação de processos erosivos, redução da proteção de nascentes) e humanos (perdas de vida e problemas de saúde, provoca desalojamentos e deixa desabrigados).
Questões ambientais contribuem para ocorrências, mas ação humana é o maior fator de risco
Fatores ambientais contribuem para ocorrência de incêndios. A falta de chuva é uma delas. Depois da tempestade do fim de março, que elevou o acumulado do mês para 441,8 mm, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), abril teve 21 mm registrado na estação do Pico do Couto, que fica no Rocio. Neste mês, são só 6 mm, segundo o Climatempo, o que representa 8% da média de maio (75 mm).
Essa falta de chuva deixa o ar mais seco. Na segunda-feira (13), a Defesa Civil chegou a emitir um alerta sobre a possibilidade da cidade registrar índices 30% de umidade relativa do ar.
E associado a isso, o calor intenso que tem feito nos últimos dias. Petrópolis teve na área da onda de calor que vigorou desde o fim de abril e nessa terça (14) o Inmet emitiu um novo alerta vermelho de grande perigo para mais uma onda.
Mas apesar disso, é a ação humana o principal fator de risco para incêndios florestais. "Hoje, 95% dos incêndios no Brasil são causados por humanos. O fogo de hoje é o deslizamento de amanhã", afirmou o porta-voz do Corpo de Bombeiros, major Fábio Contreiras, em entrevista à TV Globo. Soltura de balões e fogos de artifícios, queima de lixo ou mesmo o descarte inadequado
Poucas denúncias
Apesar do aumento de casos, ainda são poucas as denúncias feitas aos órgãos ambientais. O Linha Verde, por exemplo, teve seis registros desse delito. O serviço do Disque Denúncia, que recebe relatos de crimes ambientais, teve 10 queixas em 2022 e 21 em 2023 (em ambos, considerando o ano completo). Com 37 denúncias no total, este é apenas o nono crime mais relatado na cidade.
Para denunciar crimes ambientais ao Linha Verde, é possível usar os telefones (21) 2253-1177 e 0300 253 1177 - ambos também são contatos de WhatsApp anonimizado, técnica de processamento de dados que remove ou modifica informações que possam identificar uma pessoa. Também é possível usar o App "Disque Denúncia RJ", o site site do Disque Denúncia ( www.disquedenuncia.org.br ) ou a página do Linha Verde no Facebook ( www.facebook.com/linhaverdedd ).
Outra forma de denunciar incêndios florestais criminosos é através da Secretaria de Meio Ambiente, por telefone: (24) 2246-9241 - de forma anônima - ou então pessoalmente na sede da pasta, no no Centro Administrativo (Hipershopping Petrópolis, no Alto da Serra). Na semana passada, foi realizada uma operação da Secretaria com a Polícia Civil, a partir de denúncias de moradores, para coibir queimadas no km 4 da Estrada Philuvio Cerqueira Rodrigues (Estrada Petrópolis x Teresópolis), onde foram constatadas queima de lixo verde, bota-fora e aterro na margem do rio. O autor foi autuado pelos crimes ambientais e o caso foi registrado na Delegacia.
Veja também: