Dados do Ministério do Desenvolvimento Social apontam quase 57 mil pessoas com renda familiar mensal de R$ 218 em Petrópolis
Rômulo Barroso - especial para o Diário
O número de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza em Petrópolis voltou ao patamar de 12 anos atrás. Os dados mais recentes do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social mostram que 56.994 pessoas viviam nessa faixa de renda e estavam inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), que é porta de entrada para programas sociais do Governo Federal. Esse número é pouco abaixo do registrado em agosto de 2012 (primeiro dado disponível na série histórica), quando eram 57.913.
Ao longo desses 12 anos, esse número teve grande variação. Em agosto de 2014, eram 61.649 pessoas nessas faixas de renda. Depois, foi caindo ano após ano até agosto de 2018 (38.896), e voltou a crescer a partir de então - em agosto do ano passado, atingiu o pico de 62.330 pessoas. Agora, a curva apontou novamente para baixo (em agosto de 2024, eram 57.800 pessoas).
Nesse período, também foram alteradas o valor das faixas de extrema pobreza e de pobreza. Até 2014, quem tinha renda familiar de até R$ 70 por mês estava em extrema pobreza; já a renda familiar mensal de até R$ 140 era pobreza. Atualmente, a lei que criou o novo Bolsa Família, desde março de 2023, define apenas a faixa de pobreza, que inclui quem tem renda familiar de até R$ 218 por mês.
Faixa de "baixa renda" mais que dobrou
Por outro lado, a faixa de baixa renda, que compreende quem tem renda familiar de até meio salário mínimo, mais que dobrou. Em agosto de 2012, eram 12.605 pessoas que faziam parte de famílias que recebiam até R$ 311 por mês; em agosto deste ano, eram 25.288 (atualmente com renda familiar mensal de R$ 706). O dado mais recente, de novembro, mostra 25.199 pessoas nessa condição.
Redução no país
Em todo país, a quantidade de pessoas em condição de pobreza e de extrema pobreza diminuiu no ano passado, de acordo com o IBGE: 8,7 milhões deixaram a faixa de pobreza e 3,1 milhões a da extrema pobreza de 2022 para 2023. Esses números fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais, divulgado nessa quarta-feira (04/12).
Em 2022, eram 67,7 milhões de pessoas em pobreza, passando para 59 milhões no ano passado. Proporcionalmente, caiu 31,6% da população para 27,4% de um ano para o outro. Já na extrema pobreza, recuou de 12,6 milhões para 9,5 milhões. Isso significa que passou de 5,9% da população para 4,4%. Em ambos, são os menores valores desde 2012.
Mas é fazer uma distinção: o valor usado para definição de cada faixa de renda do IBGE é diferente daquele usado pelo Governo Federal.
O IBGE segue a métrica do Banco Mundial: a faixa de pobreza engloba que tem renda de até US$ 6,85 por pessoa por dia (o que equivale R$ 665 por mês); na extrema pobreza, a renda é de até US$ 2,15 por pessoa por dia, cerca de R$ 209 mês.
Para o IBGE, programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e a expansão do mercado de trabalho foram fundamentais para reduzir o número de pessoas em pobreza e extrema pobreza no país. Uma das conclusões do levantamento é que, entre aqueles que estão trabalhando, menos de 1% integrava a faixa de extrema pobreza; já entre os desocupados, eram 14,6%.
"Os indicadores mostram que há pobreza em parte da população ocupada, provavelmente relacionada à vulnerabilidade social de segmentos do mercado de trabalho. No entanto, a pobreza e a extrema pobreza entre trabalhadores são menos intensas do que na população desocupada", avalia um dos pesquisadores do IBGE, André Simões.
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