Henrique Pinheiro - Economista e Produtor Executivo de Cinema
Este ano, serão lembrados, em novembro, os 30 anos da morte de Adolpho Bloch ( 1908-1995), grande jornalista e empresário da Comunicação, que nasceu na Ucrânia ( Império Russo, na época), no dia 8 de outubro de 1908, e que veio morar com a família, no Rio de Janeiro, em 1922 ( no auge do Modernismo, no Brasil).
Adolpho Bloch foi muito solidário com meu pai, o jornalista, advogado e ex-ministro de Jango, João Pinheiro Neto.
Quando meu pai teve os direitos políticos cassados, pelo AI-1, e teve seu nome publicado, ao lado de João Goulart, Juscelino Kubitschek, Darcy Ribeiro, Rubens Paiva, Leonel Brizola, José Aparecido de Oliveira, Samuel Wainer, entre outros, " Seu Adolpho "( era assim que os amigos o chamavam) foi muito solidário com todos os que precisavam.
Nos anos 40, Adolpho Bloch chegou a trabalhar na Rio Gráfica Editora, de Roberto Marinho .
Boêmio e alegre tornou-se amigo dos artistas e intelectuais que frequentavam os pontos culturais do Rio de Janeiro. E, também, as gafieiras, principalmente o Grêmio Recreativo Familiar Kananga do Japão.
Em 1952, Adolpho Bloch lançou o primeiro número da célebre Revista Manchete, que ficou sediada, até os anos 70, junto com a Bloch Editores, na Rua Frei Caneca, Centro do Rio de Janeiro.
A revista tinha como inspiração a Paris Match e utilizava o fotojornalismo como principal forma de comunicação.
A Bloch e a Revista Manchete foram transferidas, nos anos 70, para a Glória, na Zona Sul carioca. A editora publicava livros e revistas de diversos assuntos.
A importância da Revista Manchete era enorme. Foi criado o slogan, " Aconteceu, virou Manchete ".
Em seu auge, a equipe de jornalistas teve, entre seus colaboradores, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Nelson Rodrigues, Fernando Sabino, David Nasser, Paulo Mendes Campos, Manuel Bandeira.
Bloch era um visionário .
Quando meu pai saiu da Última Hora ( na fase em que Samuel Wainer e a Última Hora foram muito perseguidos pela ditadura militar), em 1971, Adolpho Bloch o convidou para trabalhar na Revista Manchete .
Durante um bom tempo, João Pinheiro Neto assinou uma coluna, na Revista Manchete.
Nos anos 50, 60, 70 e 80, a Revista Manchete tornou-se a revista mais lida do Brasil. E, ganhou fama internacional, com suas inesquecíveis capas, ilustradas por fatos de personalidades e grandes artistas .
Adolpho Bloch também foi muito solidário com o ex-presidente Juscelino Kubitschek ( com quem meu pai trabalhou no início de sua carreira).
Cassado e perseguido pelos generais de 1964, Juscelino escrevia e tinha uma sala no prédio da Revista Manchete.
Quando Juscelino morreu, em agosto de 1976, o corpo do grande presidente da República, criador de Brasília e apelidado de " presidente Bossa Nova ", foi velado no prédio da Revista Manchete, na Rua do Russel.
Além das revistas e de outras publicações, Adolpho Bloch também criou a TV Manchete e emissoras de rádio AM e FM.
A Rede Manchete foi inaugurada em 1983.
"Seu Adolpho " morreu no dia 19 de novembro de 1995, aos 87 anos, em São Paulo.
Seu corpo, igual ao do amigo, JK, também foi velado na sede da Bloch Editores, na Rua do Russel. Ele foi uma figura marcante, na história da imprensa brasileira.
No tempo do " Seu Adolpho ", a amizade e a solidariedade eram sentimentos e valores que predominavam.
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