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O atentado da Rua Tonelero

Mauro Magalhães - Ex-deputado e empresário

Foto: Reprodução Wikipédia
Foto: Reprodução Wikipédia

Na última segunda-feira, dia 5 de agosto,  historiadores e personagens vivos da história brasileira relembraram dos 70 anos do atentado da Rua Tonelero (em Copacabana,  Rio de Janeiro), contra Carlos Lacerda,  que teve como consequência a morte do Major Aviador da Aeronáutica,  Rubens Florentino Vaz .

Em agosto de 1954, o Rio de Janeiro era a capital federal.

Carlos Lacerda, dono e diretor do jornal Tribuna da Imprensa,  era um dos principais opositores ao governo eleito de Getúlio Vargas( eleito em 1950, pelo PTB,  nas eleições que derrotaram o Brigadeiro Eduardo Gomes,  da UDN,  e Cristiano Machado,  do PSD).

Lacerda havia participado,  na noite de 4 de agosto,  de uma conferência no Externato São José,  na rua Barão de Mesquita,  164, Tijuca.

O encontro dos estudantes, professores e opositores a Getúlio Vargas,  com Carlos Lacerda foi organizado pela Associação dos Antigos Alunos e aconteceu no teatro do colégio.

Ali, havia quase mil lacerdistas. O encontro começou tarde. Depois das 21h.

Conferencista e orador de sucesso,  Lacerda falava muito bem  .

Criticou o governo de Getúlio Vargas,  as tensões do mundo moderno,  foi aplaudido,  demoradamente , saiu de lá bem tarde. Depois da meia-noite.

Estavam com Lacerda,  o filho dele,  Sérgio Lacerda,  de 15 anos,  o jornalista Amaral Neto , da Tribuna da Imprensa ( que,  tempos depois,  tornou-se deputado), e o major Rubens Vaz.

O grupo dirigiu-se, de volta à Zona Sul,  no carro do major Rubens Vaz.

Deixaram Amaral Neto,  na Urca,  e foram para Copacabana,  onde ficariam Lacerda e seu filho,  Sérgio,  no apartamento do prédio de número 180, na rua Tonelero.

Quando chegaram,  poucos minutos antes antes da uma da manhã,  Carlos Lacerda ficou conversando com o Major Rubens Vaz,  na porta do seu prédio,  enquanto o filho,  Sérgio, foi chamar o garagista.

Lacerda e Sérgio despediram-se do major e caminharam em direção à garagem do edifício,  que existe até hoje e tem o nome de Albervania.

Logo depois,  aconteceu o atentado. O vigilante municipal Salvio Romeiro,  que fazia a guarda na rua Tonelero,  ouviu os disparos e tentou deter um homem que saia correndo do local. E, levou um tiro na perna.

O major Rubens Vaz, que estava desarmado,  tentou se defender dos tiros dados por uma pessoa que surgiu no escuro e fez vários disparos,  depois que ele se despediu de Lacerda, na porta do prédio.

Lacerda, que estava armado,  atirou contra o agressor,  que fugiu em um táxi

O major morreu,  logo depois de ter levado o tiro.

Eu tinha 19 anos,  nessa época,  trabalhava com meus irmãos mais velhos e lembro bem de tudo o que aconteceu.

Lacerda acusou Getúlio Vargas,  como mandante do crime.

No dia 8 de agosto,  a Aeronáutica assumiu as investigações do caso. No dia 9 de agosto,  Afonso Arinos,  que era deputado federal,  fez um discurso histórico,  no Congresso Nacional, em que pedia a renúncia de Getúlio Vargas.

Gregório Fortunato foi condenado,  como mandante,  junto com o atirador,  Alcino,  e os outros envolvidos, Climerio,  e Antônio Soares,  além do motorista de táxi, Nelson Raimundo.

Getúlio Vargas suicidou-se em 24 de agosto. Mas,  essa já é uma outra história.

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