Fernando Peregrino - Vice-presidente do Clube de Engenharia
Presidido, atualmente, por Francis Bogossian, o Clube de Engenharia fará, em maio, uma grande homenagem ao ex-deputado federal e engenheiro Rubens Paiva, assassinado pelo regime militar que depôs o presidente João Goulart, no dia primeiro de abril de 1964.
A data certa será definida, em breve, por uma das filhas de Rubens Paiva, Vera Paiva, que conheci no movimento estudantil, na luta contra a ditadura.
Fundado em 24 de dezembro de 1880, por Conrad Jacob Niemeyer, o Clube de Engenharia agrega hoje engenheiros e outras categorias, sempre teve importância e serviu como palco de grandes discussões e decisões nacionais, como, por exemplo, a libertação dos escravos, nacionalização do petróleo, a criação da Petrobrás, em 1953, a luta contra as privatizações e contra a destruição das empresas de engenharia, pelo lavajatismo, etc.
O Clube de Engenharia também serviu de ponto de encontro para debates e manifestações históricas contra o golpe militar de 1964.
Ingressei no Clube de Engenharia, quando, no país, as estatais estavam sendo privatizadas.
A entidade também lutou contra o fim da FINEP, tentado pelo governo anterior, a principal agência de fomento à inovação do país. Assim como serviu de centro para os manifestos pelas Diretas Já, nos anos 80, e para reunir as lideranças políticas de todos os partidos que participaram do histórico comício das Diretas Já, com Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Mário Covas, Pedro Simon, Luis Carlos Prestes, Sobral Pinto, Barbosa Lima, entre outros que estiveram no célebre comício da Candelária ( que reuniu mais de um milhão de pessoas, pelas eleições diretas para presidente).
Rubens Paiva, marido de Eunice Paiva e pai de Vera, Maria Eliana, Marcelo, Maria Beatriz e Ana Lúcia Paiva, foi sequestrado pelo Doi- Codi no dia 20 de janeiro de 1971, na casa alugada, onde morava com a família, na Avenida Delfim Moreira com a Rua Almirante Pereira Guimarães, no Leblon. E, desde esse trágico dia, jamais foi encontrado.
De acordo com informações de parentes, autoridades, imprensa e de integrantes dos movimentos sociais que até hoje lutam pelo respeito à Democracia, inclusive o Clube de Engenharia, os torturadores encarregados da prisão de Rubens Paiva devem ter assassinado o heroico engenheiro e político brasileiro, entre a noite de 20 de janeiro e o dia 22 de janeiro. Além de Rubens Paiva, também foram assassinados Stuart Angel, sua mãe, Zuzu Angel, o líder da UNE, Honestino Guimarães, Fernando Santa Cruz ( pai de Felipe Santa Cruz), entre outros brasileiros.
O Clube de Engenharia já prestou inúmeras homenagem a engenheiros históricos, desde a sua fundação. Posso destacar aqui, André Rebouças, Hélio de Almeida e Leonel Brizola, entre os que já foram homenageados.
Nosso futuro homenageado, Rubens Paiva, formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Mackenzie, de São Paulo. Nascido em 1929, em Santos, ele foi eleito deputado federal em 1962, pelo antigo PTB de Getúlio Vargas e João Goulart. Vice- líder do PTB, na Câmara Federal, foi cassado pelo primeiro Ato Institucional, publicado em 9 de abril de 1964.
Exilado na Embaixada da Iugoslávia, voltou ao Brasil em 1965.
Como profissional de Engenharia, Rubens Paiva é considerado, atualmente, um engenheiro do povo. Entre os projetos de sua autoria, destacaram-se os de construção de casas populares no bairro da Pavuna, no Rio de Janeiro, onde estão um conjunto habitacional e a estação do Metrô da Pavuna, que levam o seu nome.
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