Bruna Nazareth - especial para o Diário
Durante o período de férias, é comum que crianças e adolescentes passem mais tempo em frente aos smartphones, e outros dispositivos digitais, acessando a internet, assistindo filmes e séries na TV ou jogando, em vez de aproveitarem atividades ao ar livre e longe dos dispositivos eletrônicos. No entanto, como em tudo, o excesso pode ser prejudicial e, neste caso, tem um impacto direto na saúde ocular dos pequenos de curto a longo prazo.
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), aproximadamente 20% das crianças em idade escolar têm algum tipo de problema visual, sendo os erros de refração mais comuns: miopia, hipermetropia e astigmatismo. Um relatório recente do CBO também revelou um aumento de 70% nos casos de miopia entre pacientes de 0 a 19 anos desde 2020.
Dentro desse contexto, o oftalmologista e professor do Idomed Alagoinhas-BA, Breno Leão, explica os principais riscos para a saúde ocular das crianças e adolescentes que passam muitas horas diante das telas, não apenas durante as férias, mas também ao longo dos anos.
Hoje em dia já é confirmado que crianças com miopia do tipo axial tendem a aumentar e progredir a miopia quando expostos a telas de celulares e tablets devido ao esforço acomodativo de perto. Outra alteração muito comum decorrente da exposição de telas é a insônia e a agitação comportamental pela alteração do ritmo circadiano, além da alteração da produção de hormônios da saciedade alimentar induzindo as crianças a compulsões alimentares
Segundo o Dr. Leão, o uso em excesso de telas pode resultar em diversos sintomas visuais e físicos que os pais devem observar e que podem indicar que seus filhos estão sofrendo com problemas oculares.
Os primeiros sintomas visuais normalmente é cefaléia, coceira nos olhos e a dificuldade de enxergar para longe principalmente a queixa de dificuldade de visualizar o quadro na escola ou ler placas acima de 3m de distância. Os sintomas comportamentais são ansiedade, agitação, agressividade, isolamento social, insônia decorrente tanto da exposição da tela propriamente dito quanto principalmente do tipo de conteúdo que as crianças são expostas como conteúdo violentos, jogos e redes sociais entre outros, ressalta.
O uso da tela no escuro é outro problema que pode afetar a visão, frequentemente causando cefaléia e sintomas de fotofobia após longos períodos de exposição.
Entretanto, mesmo que os pais reduzam o uso das telas, em algum momento a criança estará em frente a uma televisão ou brincando com um dispositivo eletrônico, como os videogames. Sendo assim, o especialista compartilha a quantidade de tempo recomendada para ficar em frente às telas sem prejudicar a saúde ocular.
Existe um consenso da Sociedade de Oftalmologia Pediátrica que recomenda crianças de 0 a 2 anos uso praticamente zero de telas, de 2-5 anos não ultrapassar 1h 5-10 anos entre 1 e 2h e maios de 10 anos no máximo 3h por dia tanto pela questão da saúde ocular quanto da saúde comportamental e social das crianças e adolescentes
Portanto, algumas estratégias podem ajudar a reduzir a dependência dos pequenos em aparelhos eletrônicos durante as férias e ao longo dos anos, como estimular outras atividades criativas e ao ar livre, protegendo assim a visão de seus filhos.
Estimular atividades ao ar livre e exposição a luz solar natural , jogos coletivos , prática de atividades físicas diversas de acordo a idade da criança e em casos de pais que não estão de recesso junto com os filhos por exemplo matricular as crianças em clubes de férias que tenham atividades ao ar livre são estratégias efetivas na redução do uso de telas e estimular a visão para longe principalmente, sugere o oftalmologista.
*Com informações do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e Agência Brasil
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