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O impacto dos filtros de beleza na saúde mental dos adolescentes

Foto: Freepik
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Bruna Nazareth - especial para o Diário

As redes sociais oferecem benefícios significativos, como servir de ferramenta para aprendizado, expressão de paixões e interesses, além de facilitar a conexão com comunidades e a comunicação com pessoas distantes.

No entanto, o uso constante dessas plataformas, o compartilhamento de vidas idealizadas  e o uso de filtros de beleza, geram um impacto negativo na saúde mental dos adolescentes. A busca por uma “perfeição” e a pressão para se inserir nos padrões dos meios de comunicação têm contribuído para o aumento de questões emocionais dessa faixa etária.

Uma pesquisa da TIC Kids Online Brasil 2024, voltada a investigar o uso da internet por crianças e adolescentes no país, revelou que 93% da população de 9 a 17 anos no Brasil utiliza a internet, sendo o celular o principal dispositivo de acesso, usado por 98% desse público. Entre jovens de 13 a 14 anos, a frequência de acesso às redes sociais é intensa, com múltiplas visitas diárias. O Instagram é a rede social mais usada nessa faixa etária, com 58%, enquanto o WhatsApp aparece com 57% e o TikTok com 44%. Já no grupo de 15 a 17 anos, o WhatsApp lidera com 78%, seguido pelo Instagram (63%) e o TikTok (47%). Outro dado preocupante é que, entre jovens de 11 a 17 anos, 24% afirmaram ter tentado reduzir o tempo na internet, mas não conseguiram.

Filtros de beleza e a saúde mental

O uso de filtros de beleza, que promovem alterações drásticas na aparência, como preenchimento dos lábios, mudança na cor dos olhos e suavização da pele, criando padrões inalcançáveis que distorcem a percepção da autoimagem, vem se tornando um problema.

Recentemente, com o objetivo de proteger a saúde mental dos jovens, o TikTok anunciou a restrição do acesso a esses filtros para menores de 18 anos, destacando sua preocupação com os impactos negativos que essas alterações podem causar nos jovens.

A psicóloga Cláudia Melo explica que esses filtros muitas vezes levam os adolescentes a comparar sua aparência real com as versões modificadas, o que pode gerar insegurança, baixa autoestima, sentimentos de inadequação e dependência de validação externa. Essa faixa etária é mais vulnerável a esses efeitos,  pois ainda estão em processo de formação de identidade e tende a ter um senso de autocrítica elevado e os torna mais suscetíveis à influência social, e a busca por validação digital, que podem causar impactos emocionais profundos.

“A pesquisa da Allergan Aesthetics (2022): Conduzida em oito capitais brasileiras com 650 pessoas, revelou que 94% dos entrevistados acreditam que os filtros podem impactar negativamente a autoestima, enquanto 58% afirmaram sentir maior cobrança estética devido ao que veem nas redes sociais. O estudo mostrou ainda que 63% conheciam pessoas que já evitaram sair de casa por não quererem ser vistas sem filtros. Estudos mostram que o uso excessivo de filtros está relacionado ao aumento de ansiedade social, depressão e dismorfia corporal. A desconexão entre a aparência real e a projetada pelos filtros pode gerar obsessão por mudanças físicas, como intervenções estéticas”, ressalta Melo.

Sinais de alerta

É fundamental estar atento a tudo o que está acontecendo com os adolescentes. Sendo assim, a especialista destacou alguns sinais que podem indicar que o uso excessivo de filtros está prejudicando a saúde mental de um jovem, como:

Autoimagem negativa: relutância em tirar fotos sem filtros ou desconforto em situações sociais.

Obsessão por validação online: verificação frequente de curtidas, comentários ou postagens.

Comportamento evitativo: evitar interações sociais por vergonha da própria aparência.

Sintomas de ansiedade ou depressão: irritabilidade, isolamento, baixa autoestima ou desinteresse em atividades.

Busca por intervenções estéticas precoces: vontade de realizar procedimentos para replicar a aparência dos filtros.

Diante disso, é essencial que pais e educadores adotem estratégias para minimizar os impactos da busca por um “ideal de beleza”.

“Ensinar adolescentes a reconhecer as distorções causadas por filtros e como as redes sociais manipulam a imagem, fomentar conversas sobre a realidade versus a aparência editada online, valorizar aspectos além da aparência física, como habilidades, conquistas e traços de personalidade e encorajar uma visão positiva e realista. Os pais e educadores devem evitar reforçar padrões irreais de beleza e mostrar aceitação em relação à própria imagem”, explica Melo.

Outro ponto crucial é promover o equilíbrio entre atividades online e offline, incentivando interações no mundo real. Identificar sinais de insatisfação ou transtornos precocemente e buscar apoio psicológico quando necessário são medidas indispensáveis para proteger os adolescentes.

“Como psicólogos, é essencial a terapia. Entrar em contato com a suas questões da infância e familiar. Reconhecer que a pressão por um padrão de beleza perfeito tem um impacto profundo na saúde mental dos adolescentes. Trabalhar na construção de uma autoimagem saudável e na valorização de aspectos além da aparência pode ser o primeiro passo para ajudá-los a navegar nesse mundo digital de forma mais equilibrada e ajustar a própria realidade”, conclui.

*Com informações TIC Kids Online Brasil

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