Governo publica regras para apostas e jogos online
Bruna Nazareth - especial para o Diário
Você já deve ter visto várias pessoas, famosas e não famosas, promovendo jogos de apostas online que fazem promessas de grandes recompensas. São crianças, jovens e adultos que têm se envolvido intensamente com essas plataformas, tornando-os uma verdadeira febre.
Sendo assim, o Ministério da Fazenda divulgou, recentemente, uma portaria estabelecendo regras para apostas e jogos online, incluindo aqueles na modalidade de cota fixa.
De acordo com as novas regras, os jogos online devem ter um caráter aleatório, como é o caso dos caça-níqueis, onde os resultados são imprevisíveis. Já na modalidade de cota fixa, é necessário esclarecer os ganhos potenciais, fornecendo detalhes sobre o fator de multiplicação, as possibilidades de ganho e a ordem dos símbolos. Além disso, cada jogo deve garantir que pelo menos 85% da arrecadação com apostas seja destinada a prêmios. As promessas de ganhos futuros, saldos negativos para apostadores e a imposição de escolha de determinados jogos estão banidos.
Portanto, a partir de 2025, será permitido o funcionamento de plataformas de apostas online sediadas no Brasil, que deverão ser certificadas para operar. Todavia, os jogos em estabelecimentos físicos continuam proibidos.
É importante lembrar que o uso excessivo de jogos, que pode causar mudanças comportamentais e problemas financeiros, pode ser um sinal de dependência, levando a sérios problemas de saúde e financeiros tanto para a pessoa afetada quanto para aqueles ao seu redor.
A dependência em jogos
Perder todas as economias em apostas, vender o carro para tentar mudar a sorte e recorrer a agiotas para quitar dívidas de jogo, e ainda assim não conseguir parar mesmo estando no fundo do poço, revela que a dependência em jogos não é uma questão banal, mas sim uma doença séria.
A portaria publicada estabelece uma série de normas para prevenir a dependência de apostas online. Uma delas prevê que as plataformas suspendam usuários que estejam em risco alto de dependência e de transtornos do jogo patológico, além de monitorar os apostadores e classificar o perfil de risco de cada um.
Dentro desse contexto, o psicanalista Artur Costa, destaca os impactos negativos do vício em jogos e apostas no comportamentos de jovens e adultos, como:
Ansiedade e Depressão: O vício em jogos eletrônicos e apostas pode aumentar os níveis de ansiedade e depressão, especialmente se os jovens usam esses comportamentos como uma forma de escapar de problemas emocionais ou sociais.
Baixa Autoestima: A dependência de validação através do sucesso nos jogos ou das apostas pode levar a uma baixa autoestima quando os resultados não são positivos.
Estresse: A pressão para vencer ou recuperar perdas pode gerar altos níveis de estresse.
Em adultos os impactos são diferentes, alguns podem incluir:
Culpa e Vergonha: Muitos adultos viciados em jogos eletrônicos ou apostas sentem culpa e vergonha por não conseguirem controlar seus impulsos, especialmente se isso afeta suas responsabilidades e relações.
Desespero: A perda financeira significativa pode levar ao desespero, e em casos extremos, até pensamentos suicidas.
Solidão: O afastamento de familiares e amigos pode causar sentimentos de solidão profunda.
Sinais de alerta
Segundo o psicanalista, é crucial que as pessoas ao redor de um usuário de jogos eletrônicos e apostas fiquem atentas a sinais de vício para permitir intervenções precoces e eficazes. Entre os sinais a serem observados estão: preocupação excessiva, como pensar constantemente em jogos ou apostas, mesmo durante outras atividades; mudanças de humor e fuga de problemas, usando jogos ou apostas como uma forma de escapar de dificuldades pessoais, sociais ou emocionais. Também é importante notar o desinteresse em atividades que antes eram prazerosas, como hobbies, esportes ou socialização.
Além desses sinais, existem os comportamentais, como:
Aumento do tempo de jogo/aposta: Gastar cada vez mais tempo jogando ou apostando, muitas vezes sacrificando o sono, trabalho ou estudo.
Negligência de responsabilidades: Deixar de cumprir obrigações familiares, profissionais ou acadêmicas devido ao tempo gasto em jogos ou apostas.
Mentiras e enganação: Mentir para amigos, familiares ou colegas sobre o tempo ou dinheiro gasto com jogos ou apostas.
Tentativas frustradas de parar: Tentativas repetidas e fracassadas de reduzir ou parar de jogar ou apostar.
Consequências
Assim como todos os atos, o vício em jogos traz consequências significativas, sendo a saúde uma das principais áreas afetadas. Para jovens e adultos, essas consequências incluem:
Comprometimento da saúde física: Horas prolongadas em frente a uma tela podem levar a problemas de saúde física, como obesidade, problemas de visão e distúrbios do sono.
Relações interpessoais comprometidas: Conflitos familiares e sociais são comuns, uma vez que o vício pode causar falta de comunicação e suporte emocional.
Impacto Profissional e Acadêmico: Tanto jovens quanto adultos podem ver seus desempenhos acadêmicos e profissionais afetados devido à falta de foco e motivação.
Como intervir e ajudar?
Se você ou alguém que conhece apresenta os sinais de alerta mencionados, é essencial buscar ajuda. Promover uma conversa aberta e sem julgamentos sobre o comportamento e suas consequências, procurar apoio de profissionais de saúde mental, como psicanalistas, psicólogos ou psiquiatras especializados em vícios, e participar de grupos de apoio, como Gamblers Anonymous ou outros voltados para jogos eletrônicos, são intervenções recomendadas pelo especialista que podem ser bastante eficazes.
Identificar e agir sobre esses sinais de alerta pode ser crucial para prevenir as graves consequências do vício e para apoiar a recuperação e o bem-estar da pessoa afetada, conclui Costa.
*Com informações da Agência Brasil
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