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O impacto psicológico da aposentadoria: por que os homens são mais vulneráveis?

Foto: Pixabay
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Bruna Nazareth - especial para o Diário

Com o passar dos anos, chega-se à terceira idade, marcando a transição para a condição de idoso. Para os que estão no mercado de trabalho, a aposentadoria é o sonho almejado, repleto de benefícios, como descanso, oportunidades de viagens, passar mais tempo com a família e realizar atividades que antes não eram viáveis.

Atualmente, no Brasil, as mulheres podem se aposentar aos 62 anos, desde que tenham pelo menos 15 anos de contribuição, enquanto os homens devem ter 65 anos e 20 anos de contribuição.

Embora essa fase possa ser positiva para aqueles que desejam desfrutar de um merecido repouso, a transição para a aposentadoria pode representar um desafio significativo para a saúde mental. Homens idosos frequentemente se tornam mais vulneráveis psicologicamente após a aposentadoria em comparação com as mulheres. Segundo o psicanalista Artur Costa, o público masculino tende a associar sua identidade ao trabalho de forma mais profunda do que o público feminino.

“Historicamente, o papel de provedor é uma construção social fortemente atrelada à masculinidade, o que faz com que a perda desse papel após a aposentadoria seja mais impactante para os homens. Além disso, muitos homens dedicam menos tempo ao desenvolvimento de laços sociais e hobbies fora do ambiente de trabalho, o que acaba tornando a transição para a aposentadoria mais desafiadora. Fatores como a falta de um planejamento emocional para essa fase da vida e a ausência de atividades que possam preencher o tempo e oferecer satisfação pessoal também influenciam essa diferença”, esclarece.

Para muitos homens, a carreira não é apenas uma fonte de renda, ela representa reconhecimento, status e propósito. No entanto, com o avanço da idade e a chegada da aposentadoria, essa mudança pode impactar a identidade e a autoestima, elevando o risco de depressão.

“Quando a aposentadoria chega, essa fonte de identidade e validação desaparece, o que pode resultar em uma sensação de perda de valor e autoestima. O trabalho proporciona uma estrutura diária e, sem essa estrutura, muitos homens podem sentir que perderam seu lugar no mundo, o que pode gerar um vazio emocional. Essa combinação de fatores pode criar um cenário propício para o desenvolvimento de depressão, pois a perda de propósito e a falta de objetivos claros após a aposentadoria deixam muitos homens desorientados e vulneráveis a sentimentos de inutilidade e isolamento” frisa.

De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (2024) do Ministério da Saúde , em 2021 foram contabilizados 15.507 suicídios. Estima-se que até 90% das pessoas que cometeram suicídio apresentavam algum transtorno mental antes do ato, sendo a depressão o transtorno mais comum. Essa forte ligação entre suicídio e depressão ressalta a importância de uma atenção mais cuidadosa ao diagnóstico de disturbios mentais, bem como a necessidade de estratégias eficazes para promover o bem-estar psicológico e emocional.

Conforme os dados do informativo, as taxas de suicidio variam com a idade, mostrando um aumento do risco ao longo da adolescência, estabilizando-se na vida adulta. Entretanto, existem diferenças significativas entre homens e mulheres. No sexo masculino, as taxas de suicídio aumentam progressivamente com a idade, atingindo seu pico em idosos acima de 70 anos (18,1 óbitos por 100 mil). Em contraste, no sexo feminino o risco é mais elevado entre adolescentes de 15 a 19 anos (4,5 óbitos por 100 mil), seguido de uma estabilização e declínio das taxas conforme o avanço da idade.

Estratégias para manter a saúde mental

Para manter a saúde mental após a aposentadoria, é fundamental criar uma nova rotina  que se adapte à realidade atual, preenchendo o tempo com atividades que substituam a jornada de trabalho. Participar de trabalhos voluntários, cursos ou atividades sociais pode ajudar a evitar sentimento de inutilidade e solidão, dando um novo sentido à vida.

“Manter a saúde mental após a aposentadoria envolve criar uma nova rotina que inclua atividades que proporcionem satisfação e um senso de realização. Estabelecer novos hobbies, participar de atividades sociais, ou se envolver em trabalho voluntário são estratégias que ajudam a preencher o vazio deixado pela ausência do trabalho. Além disso, continuar aprendendo e se desafiando, seja por meio de cursos, novas habilidades ou projetos pessoais, pode restaurar o senso de propósito e dar à vida um novo sentido. É essencial também fortalecer os laços sociais, pois a solidão é um dos maiores fatores de risco para a depressão nessa fase. Buscar atividades em grupo ou manter contato frequente com amigos e familiares ajuda a combater o isolamento”, aconselha o psicanalista.

*Com informações do Ministério da Saúde e  Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

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